Sabia que o custo de produção das baterias elétricas tem vindo a baixar de forma constante? E que a capacidade de armazenamento tem vindo a aumentar? Pode não estar a ponderar adquirir uma moto elétrica nos próximos tempos, mas torna-se importante acompanhar e perceber a evolução da tecnologia. Por isso, metemos mãos à obra e analisamos os mais recentes conhecimentos sobre esta forma de mobilidade.

- Texto: Fernando Pedrinho
- Gráfico: Financial Times
As mudanças no paradigma da mobilidade levaram as marcas a trabalhar nas diversas formas de criar a energia que as motos necessitam para deslocar-se. Seja com baterias elétricas como com motores movidos a hidrogénio ou até da fusão entre o hidrogénio e a combustão interna! Para já, a transformação de energia elétrica em cinética é a mais difundida, com propostas comerciais da Kawasaki, Piaggio, Energica, Super Soco, BMW ou Horwin entre outras disponíveis no mercado nacional. Claro que esta profusão de modelos vendidos contribui para um dos grandes problemas desta forma de motorização. O que fazer às baterias elétricas em fim de vida? Uma dor de cabeça cuja solução já foi aqui abordada de forma esclarecedora e meticulosa.
Custo de energia utilizável
No entanto, para melhor perceção do momento atual no capítulo económico dos motores movidos através de baterias elétricas, analisamos a informação partilhada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos da América. Que é inequívoca ao afirmar que o custo estimado por unidade de energia utilizável (kWh) tem vindo a baixar de forma assinalável nas baterias elétricas de iões de lítio, desde há mais de década e meia.

E explica que se esse valor estava situado nos 1.000 dólares em 2008 – o que no gráfico abaixo se designa por dólares correntes – em 2023 o mesmo rondava os 100 dólares norte-americanos. Se ajustarmos essa cifra à inflação acumulada no período, então o valor a pagar representaria atualmente 1.500 dólares e é essa a razão da existência de duas linhas que convergem para o ponto mais recente temporalmente.

Uma queda superior a 90% nos últimos quinze anos não deixa de ser assinalável, mas o processo relativo às baterias elétricas segue os mesmos passos de outras indústrias com assinalável componente tecnológica. Foi assim com os telemóveis, com as televisões e até com os computadores. Cada vez com maiores níveis de rendimento e ‘inteligência’ imbuída, mas, ao mesmo tempo, acessíveis a um maior número de bolsas e agregados familiares.
As baterias elétricas de iões de lítio foram as que mais conquistaram maior franja de mercado na mobilidade elétrica. Não só foram adotadas massivamente e de forma quase unânime pela maioria dos construtores, como são as que revelam o melhor custo/benefício. E isto não obstante alternativas mais baratas de produzir ou com maior rendimento tenham despontado no horizonte desde há algum tempo.
Como em tudo o que sucede com indústrias de nível tecnológico considerável mas relativamente recentes (a passagem das vetustas e pesadas baterias de chumbo para as modernas e atuais de iões de lítio não ocorreu assim à tanto tempo, e com utilizações notavelmente distintas), há sempre algum sistema, metodologia ou padrão que se tende a impor quando combinadas as vertentes tecnológica e económica. Foi assim na luta entre o sistema VHS e Betamax, no vídeo, ou nos ecrãs táteis face aos teclados dos telemóveis. Indo mais atrás, poderíamos pensar no desaparecimento do telefax, ou a massificação da fotografia digital face aos rolos de celulóide.
Baterias elétricas mais baratas
O efeito de escala teve, como sempre sucede, um peso considerável na obtenção de baterias menos onerosas de produzir, pois quem compra tem sempre o poder negocial do volume de aquisições. Por outro lado, a experiência adquirida nas últimas duas décadas pelos fabricantes e respetivos departamentos técnicos, permitiu otimizar processos de fabricação e obter baterias que conseguem acumular cada vez mais energia. Algo que, naturalmente, se reflete em maior autonomia, à medida que os BMS, ou sistemas de gestão das mesmas, também evoluem.

É, pois, esta combinação de fatores que ajuda a explicar a brutal descida do valor de energia utilizável. Ainda assim, o motor de combustão leva mais de uma centena de anos de avanço em termos de desenvolvimento, pelo que só a vontade política tem ditado a expansão a que se assiste de veículos totalmente elétricos ou híbridos. Sobretudo de quatro rodas (essencialmente na Europa e China) e de duas rodas (claramente nas cidades chinesas).
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