QJMOTOR aponta ao Mundial de Superbike

Março 22, 2024

A QJMOTOR é a segunda marca chinesa a dar um passo na direção do Mundial de Superbike. Ou de uma das suas categorias, depois da compatriota Kove o ter feito no ano passado. A estreia aconteceu no traçado de Barcelona-Catalunha, com a SRK800 RR pilotada por Rafaele de Rosa e integrada na formação transalpina dirigida…

A QJMOTOR é a segunda marca chinesa a dar um passo na direção do Mundial de Superbike. Ou de uma das suas categorias, depois da compatriota Kove o ter feito no ano passado. A estreia aconteceu no traçado de Barcelona-Catalunha, com a SRK800 RR pilotada por Rafaele de Rosa e integrada na formação transalpina dirigida por Manuel Puccetti, a QJMOTOR Factory Racing. Assim, de sponsor na Moto2 (Gresini Racing) a QJMOTOR passa agora para o lado de dentro das pistas e promete que o Mundial de Superbike será o próximo passo.

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  • Texto e fotos: Fernando Pedrinho

Esta inscrição no Mundial de Supersport surge com alguma surpresa, já que a marca é ainda um ‘bebé’ de quatro anos de idade. Prolífica no lançamento de modelos, ano após ano, a marca gaba-se de ter sido a primeira das chinesas fabricar uma verdadeira ‘superbike’, a SRK1000 RC.

Além disso, esta presença é também uma demonstração de força da capacidade chinesa. Principalmente porque as marcas do império do meio querem agora mostrar ser capazes de ombrear com as referências japonesas e europeias. Por isso, a escolha da QJMOTOR para este desafio, quando dentro do grupo Geely existe uma referência centenária e com pergaminhos na competição: a Benelli.

Mas se o projeto correr como previsto, porque não replicar a receita com a marca de origem italiana? Afinal, um pouco à imagem do que fazem as do grupo Pierer Mobility, com a KTM a declinar os seus modelos de competição para a GasGas e Husqvarna, sem esquecer a parceira chinesa CFMOTO?

A estreia na Supersport da QJMOTOR

Falhando a ronda inicial, a QJMOTOR escolheu a estrutura Puccetti Racing como base para o seu projeto mundialista, estreando-se no Barcelona-Catalunha. No entanto, tal não implica que equipa transalpina coloque de lado o seu esforço com a Kawasaki. Nomeadamente com Can Öncü, na Supersport, e Tito Rabat, em Superbike.

A experiência necessária para desenvolver uma moto de competição a um ritmo supersónico, para garantir um mínimo de competitividade, representou ir buscar Raffaele de Rosa à equipa da família Calero, a Orelac.

Mas a moto está, como seria de esperar, ainda muito verde e De Rosa rodou nesta sexta feira sempre longe do… penúltimo. E a mais de seis segundos do homem da frente, na primeira saída para a pista. A hipótese de falar com o diretor de competição da marca, Yang Yongqi, e o diretor de desenvolvimento, Zhou Daquan, surgiu numa tarde soalheira mais própria do verão catalão do que da recém entrada primavera.

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“Vamos estar nas Superbike”

“A nossa entrada no Mundial de Supersport deve-se ao facto de acharmos ser esta a melhor forma de desenvolver uma moto de elevadas prestações”, disse Yang Yongqi. “Queremos ‘injectar’ a tecnologia de competição nos nossos futuros desenvolvimentos e o seu ADN na cultura da marca. Esta é uma boa oportunidade para divlugar a QJMOTOR em termos globais”, revelou.

Zhou Daquan adiantou que a casa chinesa pretende “desenvolver a moto e ganhar experiência de competição. Para o ano queremos ampliar a equipa com a adição de outro piloto e tentar lutar pelos lugares de pódio”.  E será em 2026 que a QJMOTOR ambiciona “abraçar o desafio de competir na categoria de Superbike. O nosso objetivo é de longo prazo.”

A experiência da Puccetti Racing

As conversas entre a marca e a Puccetti Racing tiveram início “a meio da época passada”, revelou Manuel. A opção pela categoria intermédia surgiu naturalmente, “com a nossa experiência de dez anos, dois títulos mundiais e quatro europeus”. A estrutura de Reggio Emilia irá ajudar a marca de Wenling no desenvolvimento da SRK800 Race Replica. A tetracilíndrica de 778cc que chegou a estar inscrita como GSR800 RR, designação nos flancos de cada um dos modelos expostos estaticamente, com as suas enormes aletas aerodinâmicas. O motor inspira-se no da Honda CBR650R, mas com um curso mais longo, e declara de série 101 cavalos às 10.000 rpm. “O modelo é muito recente e necessita de muito trabalho antes de poder ser competitivo. Mas aqui demos o primeiro passo num caminho que será longo”, rematou o líder da Puccetti.

QJMOTOR WSSP 3 - MotoX
Yang Yongqi, diretor de competição da QJMOTOR e o diretor de desenvolvimento, Zhou Daquan. Motivos de alegria não parecem faltar.

Os 12 trabalhos de Raffaele de Rosa

Raffaele de Rosa começou por rolar a seis segundos do mais rápido na manhã de sexta feira, Yari Montella. No entanto, ao tirar dois segundos ao seu tempo durante a ‘superpole’, reduziu a diferença para menos de quatro segundos do ‘pole seater’, Adrian Huertas. Seja como for, este facto espelha bem o trabalho que toda a equipa e marca ainda têm pela frente. “Estou contente por fazer parte deste projeto”, disse o napolitano. “Hoje é apenas o tiro de partida e precisamos de tempo. Optámos por vir correr porque achamos ser a forma mais rápida de desenvolver a moto”.

Com o intuito de aligeirar a SRK800 RR foi eliminado o catalizador, montado um escape mais leve e novos veios de excêntricos, entre outras modificações. Contudo, é difícil contrariar os 190 kg a seco declarados pelo modelo homologado, quando o limite da categoria se situa nos 161 kg.

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DORNA contente pelo sétimo fabricante

Naturalmente contente estava Gregorio Lavilla, o diretor executivo do WorldSBK, com a chegada de mais um fabricante ao mundial. Principalmente numa altura em que se fala que outras marcas poderão seguir os passos da QJMOTOR. “Devemos todos estar orgulhosos e dar as boas vindas a novos construtores. Projetos como este enchem-nos de entusiasmo”, confessou. “Foi no ano passado, precisamente aqui, em Barcelona, que a DORNA iniciou as conversações com a QJMOTOR. Além disso, ter a participação de fabricantes chineses abre a possibilidade de o campeonato visitar este país num futuro próximo”.

A QJMOTOR já nos habitou a um ritmo de desenvolvimento frenético o qual, sob uma boa orientação, pode originar modelos e evoluções mais competitivas num prazo muito mais curto do que aquilo a que estamos habituados a ver. Até onde poderá chegar a SRK800 RR no seu ano de estreia?

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