Lés-a-Lés 2025. Surpresas de monumentalidade

Autor:  Alberto Pires

Março 25, 2025

A apresentação do 27.º Portugal de Lés-a-Lés 2025, na Figueira da Foz serviu para desvendar as cidades que vão acolher as partidas e chegadas de cada etapa bem como alguns dos detalhes que prometem mais uma edição plena de surpresas. Um trajeto com um desenho diferente do tradicional, com uma travessia de oeste para este na zona Centro do País, e com outras novidades em termos de percurso. Que aqui vamos tentar decifrar, em jeito de aposta MotoX, em função do mapa apresentado pela Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal.

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  • Texto: Alberto Pires
  • Fotos: FMP e Arquivo

Do Lés-a-Lés 2025 já se conhecia o local de partida, com o retomar da aventura em Penafiel, onde foi deixada no ano passado, e o sentido da maratona, rumo a sul, para terminar em terras algarvias. Mas pouco mais se sabia, com segredos bem guardados até à cerimónia levada a cabo no Hotel Malibu Figueira da Foz. Onde foram mostrados os pontos de muitos Oásis e alguns locais de destaque numa edição onde a monumentalidade é palavra de ordem.

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Claro que o percurso final da grande aventura mototurística agendada para 7 a 10 de junho ainda não foi conhecido (tão pouco está ultimado!) mas atendendo às pistas tornadas públicas, decidimos fazer um exercício de antevisão. Uma descoberta por conta e risco do que poderá ser o traçado do Lés-a-Lés 2025 que vai ligar Penafiel a Faro, com passagem por Alcobaça e Portalegre. Ora, olhando para o mapa, desde logo ressaltam algumas curiosidades. Primeiro, este é um traçado que, surpreendentemente e após 26 edições, ainda apresenta muitas novidades. Sejam estradas nunca antes percorridas, outras feitas em sentido contrário e outras ainda por onde a caravana não passa há muitos anos.

Em segundo lugar, não há uma linha reta ligando o Norte ao Sul, antes um ziguezaguear que, mesmo não começando junto à fronteira nacional mais a norte, permite uma extensão total de 1160 quilómetros. Distribuídos pelo Passeio de Abertura, no ora verdejante ora industrial concelho de Penafiel, e por três etapas, com tanto de distintas como de entusiasmantes. Tiradas de enorme variedade paisagística que começa logo na primeira etapa, com promessa de mais de 11 horas para levar a longa caravana até Alcobaça, em estreia absoluta neste Lés-a-Lés 2025.

Entre as serras e o oceano

Num dia longo, tempo para apreciar serras e rios, dunas e mar. Comecemos pelo Norte, saindo do palanque de Penafiel para curta deslocação seguindo a rota do Românico do Vale do Sousa, até Abragão. Onde a primeira paragem permitirá, além do tempo para um reforço do pequeno-almoço, visitar a Igreja de São Pedro, construída no século XVII (em 1668 por ordem do abade D. Ambrósio Vaz Goliaz, que se fez sepultar no interior da igreja). Obras ditadas “por padecer de ruína” que se sobrepuseram a um templo inicial, de arquitetura românica, do início do Séc. XII (1145).

Daí, pela estrada nacional 320 será passado o rio Tâmega, podendo a caravana do Lés-a-Lés 2025 seguir a N108, virando no lugar de Barreiro para a descida rumo à inédita travessia do rio Douro, pela barragem do Carrapatelo. A primeira das represas construídas no trecho nacional do Douro, entre 1965 e 1972, é a que tem a maior queda de água com 36 metros para uma altura total de 57 m. Depois de ali chegados por caminhos outrora bem conhecidos do famoso salteador Zé do Telhado, que ‘roubava aos ricos para dar aos pobres’ deixamos para trás o distrito do Porto, entrando em Viseu através de Cinfães.

Lés-a-Lés 2025 toca nas míticas N222 e N2

Local onde o pelotão de motos de todos as marcas e cilindradas chegará depois de pisar a famosa EN222 durante alguns quilómetros e onde estará instalado o segundo Oásis do dia. Paragem que bem será necessária antes da travessia da granítica serra de Montemuro (1381 metros de altitude) e da xistosa Arada (1053 m). Um dos pontos altos do dia será mesmo a passagem pelo Portal do Inferno e Garra, em plena estrada municipal M567 que faz a divisão entre os distritos de Viseu e Aveiro.

Momento de absoluto deslumbre face a tamanha grandiosidade paisagística a merecer uma paragem que esta estrada não é para distrações ou brincadeiras, tipo fotos em andamento. Um rápido ‘stop and go’ porque o dia é longo e o final dos 405 quilómetros daquela que é a etapa-rainha do Lés-a-Lés 2025 ainda está distante. Por estradinhas rendilhadas que baixarão as médias horárias, vai a malta passear até nova paragem em São Pedro do Sul, com provável passagem pelas CM1123 e ER326 até à capital do termalismo.

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O mais certo será a viagem acontecer pela muito divertida N16 até Vouzela e daí pela N333 para uma paragem na curiosa torre medieval de Vilharigues, construída no final do Séc. XIII na vertente noroeste da serra do Caramulo e com vista espetacular sobre o vale de Lafões. O importante património construído é motivo para a paragem seguinte, na torre de Alcofra, erguida entre os Séc. XIV e XV.

As incontornáveis serras do Centro de Portugal

Voltando às serranias, desta vez pelo Caramulo, o Lés-a-Lés 2025 segue para Penacova, via Mortágua, parando no Oásis da praia de Reconquinho depois de uma pequena passagem pela N2. Mais à frente, e saltando entre as margens do Mondego – com tempo para olhar a curiosa formação geológica da Livraria do Mondego – passa a caravana do 27.º Portugal Lés-a-Lés 2025 ao lado de Coimbra.

Mais concretamente passa pela parte sul, mas sem tocar a cidade dos estudantes, parando, isso sim, em Alcabideque. O principal motivo prende-se com a História de Portugal e com a descoberta do Castellum. Que, sem ser um castelo propriamente dito, foi antes uma torre de captação de água, construída no Séc. I – isso mesmo há quase 2000 anos! – que elevava a água até ao aqueduto que, por sua vez, a levava até à cidade romana de Conímbriga.

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Mas antes de infletir definitivamente para Sul, ruma-se ao Oásis de Soure, outra estreia na maior maratona mototurística da Europa. A partir desse momento, ganha outra dimensão a promessa da diversidade de paisagens. O oceano Atlântico será companhia dos participantes do Lés-a-Lés 2025, com passagem pelas praias de Pedrogão, Liz Norte, Vieira, Olho do Samouco ou Pedras Negras até São Pedro de Muel, sempre pelas mais panorâmicas estradas da zona costeira.

Afastando-se da costa pelas longas retas do pinhal de Leiria, o percurso do Lés-a-Lés 2025 vai até Coz, uma das antigas povoações dos Coutos de Alcobaça, rodeada de férteis campos agrícolas e de antigas florestas, onde surgiu, no século XIII uma comunidade de religiosas cistercienses. No século XVI, o Mosteiro de Santa Maria de Coz tornou-se num dos mais ricos mosteiros femininos desta ordem, em Portugal.

A mais um capítulo histórico segue-se… ainda outro, em Aljubarrota! Da vila famosa pela batalha que em 1385 opôs as tropas de D. João I de Portugal e do seu condestável, Nuno Álvares Pereira, às forças castelhanas vamos até uma surpreendente cidade bem mais recente. No interior do gigantesco espaço da Benecar – Cidade do Automóvel, vai a caravana do Lés-a-Lés 2025 passar pelo meio de milhares de carros, num percurso inédito com mais de um quilómetro de extensão. Quem estiver a pensar trocar de carro até pode aproveitar a paragem para falar com um dos vendedores enquanto bebe uma água ou um café e come um pastel.

Daí até final da longa 1.ª etapa é um pequeno saltinho, para estreia em grande no evento gizado pela Comissão de Mototurismo da FMP com chegada no largo fronteiro ao Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça, o famoso mosteiro começado a construir em 1178 pelos monges da Ordem de Cister.

Lés-a-Lés 2025 com paisagens para todos os gostos

Dia bem diferente será o da 2.ª etapa do Lés-a-Lés 2025 que, partindo de Alcobaça, levará a caravana até Portalegre, bordejando o rio Tejo durante uns bons quilómetros e entrando de forma tranquila no Alentejo, com tempo para paragens em meia dúzia de oásis e dois museus. Mototurismo mais relaxado, que começará com a madrugadora despedida ao mais famoso casal de amantes, D. Pedro e Inês de Castro, sepultados ali mesmo no Mosteiro de Alcobaça.

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Sem fazer muito barulho, partirá a caravana deste Lés-a-Lés 2025 pelas ruas do Castelo e de Alcobaça em direção à aldeia de Cela e daí para uma despedida ao oceano em S. Martinho do Porto. A caminho de Rio Maior, para a visita às únicas salinas portuguesas que estão longe do mar, oferecendo o intenso sal-gema, passagem pela terra do grande ciclista António Morgado (Salir do Porto) enquanto se vêm as placas para outro às do pedal, João Almeida, natural de A-dos-Francos (Caldas da Rainha).

Com amizade da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Sal de Rio Maior, a associação dos salineiros local, vamos ter nova paragem ‘técnica’ antes de rápida e ligeira abordagem ao Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros. Pela Rua Principal, que limita a PNSAC vão os aventureiros do Lés-a-Lés 2025 até Alcobertas, onde podem descobrir uma das maiores anta-capela da Península Ibérica, monumento funerário do período Neolítico.

Sempre envolvidos pela verdura do PNSAC tempo para momentos de descontração no baloiço mais motociclístico de Portugal, obra do Club Motard Montanelas, e no amplo miradouro de Chão das Pias, antes da descida ao Tejo via Alcanena e Entroncamento. Deixando para trás os mármores da Serra dos Candeeiros, as grutas de Alvados e Santo António e regressando ao distrito de Santarém depois de breve passagem pelo de Leiria, encaminha-se agora a trupe para a estreante Vila Nova da Barquinha, com direito a paragem no Oásis.

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Seguindo sempre pela N3, e ainda antes da chegada ao Sardoal, oportunidade para os participantes do Lés-a-Lés 2025 apreciarem, pela primeira vez nos 27 anos do evento, o castelo de Almourol desde a margem norte do Tejo. À passagem por Constância, oportunidade para ‘dar um abraço’ a Camões, dando outra cor à festa dos 500 anos do seu nascimento. Isto antes de infletir para norte, no cruzamento da N3 e N2 já depois de passar Rio de Moinhos, para ‘subir’ até ao Sardoal, com direito a novo Oásis. O regresso e paragem a uma vila onde a grande aventura já passou há 4 anos, quando a N2 foi linha condutora do desafio anualmente renovado desde 1999.

Sempre de forma serena, condizente com a extensão da mais curta etapa (270 km), segue o Lés-a-Lés 2025 pela N358 e mais um pouco da N3, atravessando a aldeia de Penhascoso rumo a Mação. Terra de madeireiros, de bom presunto e do Museu de Arte Rupestre e do Sagrado, com portas simpaticamente franqueadas pela autarquia, a pedir uma paragem no Oásis antes da descida atá Gavião.

Pela simpática N244 tempo ainda para apreciar Belver e o seu castelo construído pelos Templários no final do Séc. XII e início do Séc. XIII. Fortificação importante na defesa aos ataques muçulmanos do califa Almançor e cuja relevância militar haveria de perdurar por vários séculos, ficando definitivamente votado ao abandono após os danos causados pelo terramoto de 1755.

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Entrando definitivamente no Alentejo, vai o Lés-a-Lés 2025 pelas N118 e N364 até Nisa, rumando daí para sudeste até ao Parque Natural da Serra de São Mamede. Estradinhas estreitas, mas de enorme beleza e sempre ladeadas por inúmeras antas e menires, conduzem até Castelo de Vide que promete, uma vez mais, receber os motociclistas de braços abertos. Primeiro com um lanchinho servido nos Paços do Concelho ficando as motos bem perfiladas no elegante passeio da Carreira de Baixo. E depois com a visita à Casa da Inquisição, curioso espaço museológico cujo acervo de impressionante realismo humano é desaconselhado às almas mais sensíveis.

Saindo pelas ruas e ruelas da judiaria castelo-vidense e seguindo sempre pela serra de S. Mamede vamos até Portalegre, onde a caravana já parou em 2006 e 2018, não sem antes dar um saltinho a Marvão e ao seu altaneiro castelo, pelas N246-1 e N359. Ponto final de uma etapa tranquila, mas muito mototurística, com travessia de dois parques naturais, visita a dois museus e o olhar sobre um enorme património arqueológico.

A rolar para sul, com o mar no horizonte

Na terceira etapa do Lés-a-Lés 2025, ligação entre Portalegre e Faro, 410 km de estradas mais rolantes, com as típicas retas alentejanas alternadas com serranias, mas maioritariamente bem pavimentadas através de Arronches (eventualmente seguindo pela bonita M517 em vez da rápida N246, passando por Alegrete, Terena e Mourão). Rumo a Campo Maior, vai o Lés-a-Lés 2025 passar por Degolados, seguindo pela N371, e depois pela N373 para um desvio até à praça-forte fronteiriça de Ouguela.

Sempre por estradas despachadas (ER373), passagem por Elvas e pela praça-forte de Juromenha, onde o Guadiana começa a alargar por força da barragem do Alqueva, até ao Alandroal. Virando ao azimute a sul, a N255 levará o Lés-a-Lés 2025 até à paragem em Terena, novidade com Oásis montado junto á igreja fortificada de Nossa Senhora da Boa Nova.

Continuando pela EN255 durante alguns quilómetros, altura para novo desvio da caravana do Lés-a-Lés 2025 pelos CM1114 e 1125 e pela M515 para chegar ao cromeleque de Xerez, bem perto de Monsaraz e antecipando paragem maior na praia fluvial de Mourão, nas margens do lago do Alqueva. Onde o mais jovem presidente de Câmara em Portugal, João Fortes, de 33 anos, fez questão de agraciar os motociclistas com mais um Oásis.

Com tempo para explorar um pouco das margens do maior lago artificial da Europa, com mais de 1100 quilómetros de extensão, ou seja, bem mais do que toda a costa de Portugal Continental, passará a colorida e heterogénea caravana pela Aldeia da Luz, entrando no distrito de Beja pela M517. E por aí seguindo até Póvoa de S. Miguel onde entroncará na N386 e depois na N255 até Moura. Onde, imagine-se, estará montado mais um Oásis, antes de seguir viagem pela N386 para Brinches e daí pela N265 até Serpa. Seguindo sempre a mesma estrada e bordejando o Parque Natural do Vale do Guadiana pelo lado este, uma visita já costumeira à Mina de S. Domingos, em Mértola.

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O rumo do Lés-a-Lés 2025, já se sabe, é a capital algarvia, mas antes de sentir o grande entusiamo que os farenses sempre entregam na receção aos motociclistas, há que chegar a Almodôvar, pela N267, e daí atravessar a Serra do Caldeirão. O que pode ser feito por um dos mais divertidos troços da estrada-património N2, tal como em 2021, ou, inventando um pouco, por estradinhas interiores em direção a Salir. Uma coisa é certa: a esta hora a festa já estará montada no Jardim Manuel Bívar onde termina o 27.º Portugal de Lés-a-Lés 2025.

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Com as primeiras inscrições – de valores iguais aos de 2024 – já efetuadas no dia da Apresentação Oficial na Figueira da Foz, continua agora o registo no site do Portugal de Lés-a-Lés, para uma edição que contará com outras novidades no capítulo organizativo. Desde o inovador check-in digital, no dia 7 de junho em Penafiel, até à obrigação no respeito pelos horários nas partidas e nos diversos controlos ao longo do percurso.

Motivos não faltam para marcar presença no Portugal de Lés-a-Lés 2025 porque, mesmo ao fim de 26 anos, ainda é capaz de gerar enormes surpresas! Afinal ainda há muito para descobrir nesta cantinho à beira-mar plantado.

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