Kawasaki Z900. Regresso ao poder

Autor:  Paulo Ribeiro

Abril 14, 2025

Renovada para 2025, a Kawasaki Z900 quer reassumir a preponderância num segmento escaldante. Remodelação assente em três esteios fundamentais – Performance, Refinamento, Sugomi – que surge como resposta às mais recentes novidades na classe das naked. Mas, serão estas mudanças suficientes para lutar pela liderança da categoria? Talvez! Sobretudo se juntarmos um preço competitivo…

Kawasaki Z900
Kawasaki Z900. Regresso ao poder 33
  • Texto: Paulo Ribeiro
  • Fotos: Rui Jorge/Kawasaki

As naked voltam a estar na moda – de onde, na realidade, nunca saíram – e as muitas propostas das marcas ditas emergentes, quase todas com carimbo Made in China, obrigaram japoneses e europeus a rever os trunfos para continuarem em jogo. Sendo uma das mais reputadas propostas do segmento, a Kawasaki Z900 reagiu de forma rápida ao início da curva descendente de vendas.

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Depois de vários anos como líder de vendas da gama Z, que, em 2023, representou cerca de 50% das matrículas em Portugal, a Kawasaki Z900 começou a perder fulgor, com decréscimo em termos de registos nos dois últimos anos. Altura ideal para uma revisão cirúrgica, ouvindo e dando resposta às opiniões de clientes e concessionários, de forma a reforçar argumentos perante máquinas como a Ducati Streetfighter V2, Yamaha MT-09, Triumph Street Triple 765, MV Agusta Brutale 800, BMW F900 R, Aprilia Tuono 660 ou KTM 890 Duke.

Uma adaptação aos novos tempos num segmento que pede motos menos radicais, de condução menos física e mais consensual e que surge num bom momento da Kawasaki em Portugal, com o regresso em 2024 ao universo dos quatro dígitos de matrículas, algo que não acontecia desde 2021, num crescimento superior ao mercado, a rondar os 30%.

Música para ouvidos sensíveis

Começando pela primeira das linhas-mestras da evolução da Kawasaki Z900, nota para um motor retocado, com uma sensibilidade acrescida que se nota desde o primeiro toque de acelerador. O bloco de 948 cc, com 4 cilindros em linha, único da classe, mantém os 124 cavalos de potência máxima às 9500 rpm, bem como o binário de 97,4 Nm às 7700 rpm, mas está muito mais amigável. E, talvez de forma quase paradoxal, mais eficaz.

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Atitude da reformulada Kawasaki Z900 que é justificada por acelerações mais suaves e lineares, fazendo lembrar a Kawasaki Z650, permitindo melhor controlo em todos os regimes, com uma ligação mais direta entre o punho direito e a roda traseira. Comportamento mais previsível e mais aveludado, sem que isso represente menos eficácia ou diversão quando optamos por andamentos mais despachados.

No entanto, rodando de forma mais tranquila, a Kawasaki Z900 revelou-se mais fácil de conduzir, sem brusquidão na resposta do acelerador e sem a necessidade de estar sempre a controlar a embraiagem. Que, sendo assistida e deslizante, oferece um acionamento da manete surpreendente pela enorme leveza, tornando o para arranca numa brincadeira de crianças.

Kawasaki Z900 21 - MotoX
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Comportamento de maior suavidade e melhor tato justificado pelos novos corpos de injeção (36 mm) e válvulas do acelerador eletrónicas, pelo redesenhado perfil das árvores de cames e pela revisão dos mapas da ECU. Alterações que aportaram outras melhorias à Kawasaki Z900, nomeadamente na entrega de mais binário nas rotações baixas e médias, nas emissões de CO2 reduzidas em 11,3% (de 132 para 117 g/km) ou no menor consumo de combustível. Ganhos que a marca anuncia como sendo de quase 1 litro por cada 100 quilómetros percorridos, passando de 5,7 para 4,8 L/100 km, a que se junta maior respeito ambiental, cumprindo os limites da norma Euro5+ mas mantendo praticamente inalterados valores de potência e binário.

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Mas o motor da Kawasaki Z900 apresenta outros atributos… sonoros. O carácter divertido nota-se particularmente a partir das 6000 rpm. Altura em que a entrega suave e linear de potência dá lugar a uma vigorosa subida de rotação, acompanhada por uma sonoridade especial vinda do sistema de admissão de ar. A caixa de ar com a entrada voltada para cima e as tubagens de admissão de diferente comprimento ajudam a um concerto cuja intensidade acompanha a rotação do acelerador. Notas que acentuam a entusiasmante escalada de regime e que são acompanhadas pelo não menos excitante som do escape de série.

Máxima precisão e segurança em curva

Um motor sempre suave e mais facilmente controlável que conta, naturalmente, com várias ajudas eletrónicas. De eficácia aumentada para 2025 graças à adoção de uma unidade de medição inercial (IMU) de seis eixos, exatamente igual à utilizada na Superbike Ninja ZX-10 RR. Que, entre outras vantagens, permitiu a montagem de série na Kawasaki Z900 do ‘quickshifter’ (opcional na Z900 de 70 kW) que funciona nos dois sentidos a partir das 1500 rpm.

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Podemos trocar muito facilmente de caixa, mesmo a ritmos muito lentos, bastando apenas o cuidado de não tentar subir de relação com o acelerador completamente fechado ou reduzir com o punho rodado. Claro que, como seria de esperar, o comportamento deste sistema de engrenagem rápida funciona melhor em ritmos desportivos, onde mostrou enorme eficácia, com elevada rapidez e precisão.

Outra das vantagens trazida pela nova eletrónica foi o ‘cruise-control’, item que muitos poderão considerar de interesse relativo numa moto deste género, mas que é cada vez mais procurado pelos clientes de todos os segmentos. Tal como outras dotações eletrónicas, so controlo de tração aos modos de utilizador. Que, na Kawasaki Z900, dão pelo nome de KTRC no caso do primeiro que é ajustável em três níveis de intervenção, e são em número de quatro, no caso do segundo.

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Modos de motor que podem ser escolhidos em andamento e vão do Rain, com apenas 75% da potência máxima disponível (cerca de 94 cv) e uma entrega muito suave, até ao brutal Sport passando pelo facilitador modo Road. Além destes existe ainda possibilidade de personalizar todos os parâmetros da Kawasaki Z900 no modo Rider. As mudanças na forma como a potência é entregue e a diferença na intervenção do controlo de tração transformam por completo a Z900, de uma simpática turística em endiabrada desportiva.

No capítulo da eletrónica da Kawasaki Z900, uma atenção especial deve ser por isso dispensada ao Kawasaki Cornering Management Function (KCMF) que faz a gestão do controlo de tração KTRC e do ABS, para uma máxima precisão e confiança em curva. Mas, note-se, que apesar de toda a parafernália de sensores e circuitos integrados, a Kawasaki Z900, como cada vez mais naked, não é uma supersport desprovida de carenagens, antes uma moto que nasceu assim mesmo. E que, por isso, tem um comportamento diferenciado, onde a diversão pode rimar com conforto e a eficácia não é obstáculo à facilidade de condução.

Maior rigidez sem prejuízo do bem-estar

Novidades maiores na Kawasaki Z900 surgem no capítulo da ciclística. Desde logo com um quadro em treliça de tubos de aço de alta resistência e que foi reforçado junto à coluna de direção na busca de uma maior rigidez. Algo que é percetível na melhor manobrabilidade e no feeling mais apurado da roda dianteira, contando com o contributo de uma forquilha com maior firmeza.

Elemento com jarras de 41 mm de diâmetro e 120 mm de curso, ajustável em pré-carga, e com um comportamento abrangente, capaz de um nível de conforto que surpreende numa ‘street fighter’ e de uma eficácia desportiva pouco esperada… numa citadina. Desportividade que é reflexo da boa maneabilidade, apoiada na suspensão traseira com um amortecedor (140 mm de curso, ajuste em pré-carga e extensão) capaz de filtrar de forma exemplar as irregularidades do piso, mesmo sob acelerações fortes. Mas que, por outro lado, transmite de forma rápida e fidedigna as sensações da roda traseira.

Kawasaki Z900 SE
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Elemento que, tal como a roda dianteira da Kawasaki Z900 está equipado com o novo Dunlop Sportmax Q5A (nas medidas 120/70 e 180/55), com composto reformulado oferecedor de boa aderência e, não menos importante, um bom feedback. Borrachas oferecedoras de um tato arredondado, facilitando as transições em curva e bom apoio mesmo nas inclinações mais elevadas, diluindo um peso total que chega aos 213 quilos com o depósito de 17 litros cheio de gasolina.

Um peso facilmente controlado pelo novo sistema de travagem que conta agora com pinças de 4 pistões de montagem radial (ao invés da axial da anterior versão) que pressionam os discos de 300 mm. Conjunto de boa progressividade, com a elevada potência de travagem a surgir de forma facilmente controlável. Mesmo em curva, onde só uma ação para lá dos limites faz sentir o recém-chegado Cornering ABS da Bosch.

Atrás, o disco de 250 mm é mordido por uma pinça de pistão simples com pastilhas de novo material e tubagens reforçadas (mas não com malha de aço!) para reduzir as perdas de pressões rumo a uma travagem mais homogénea. Que a Kawasaki Z900 confirma na estrada, com elevada sensibilidade no momento de recuperar a compostura a meio de uma curva abordada de forma excessivamente confiante. Facilmente modulável permite a correção de trajetórias sem problemas de maior, garantindo ainda um melhor equilíbrio nas travagens a direito.

Kawasaki Z900 Special Edition

Já que falamos de amortecimento e travagem, tempo para abordar a versão Special Edition da Kawasaki Z900 nos componentes que fazem a diferença. A forquilha, com exterior dourado, é inteiramente ajustável e mostrou acrescida sensibilidade e melhoria sobretudo na recuperação. Uma maior confiança no trem dianteiro em curva a que se soma o comportamento mais homogéneo do amortecedor traseiro Öhlins S46, transmitindo uma sensação de maior estabilidade, deixando a traseira mais colada ao asfalto.

Kawasaki Z900 SE 60 - MotoX
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Outra das diferenças entre a proposta standard e a Kawasaki Z900 SE reside no sistema de travagem dianteiro, com pinças monobloco Brembo M4.32 (igual à usada na Kawasaki Z H2), bomba radial Nissin e tubagens reforçadas com malha de aço. Escolha ditada em prol de maior precisão e menor esforço, mas que resulta num feeling bem diferente da versão normal. O acréscimo de potência de desaceleração é bastante notório nas travagens realmente fortes, altura em que é fácil controlar a força necessária para ajustar a velocidade de paragem.

Kawasaki Z900 SE
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No entanto, esta capacidade brutal de travagem apenas surge depois de uma fase inicial de movimento de manete em que… nada acontece. Um início de curso vazio que obriga a alguma habituação e está vocacionado para os condutores mais experientes. Incluindo pilotos que venham a optar pela participação com a Kawasaki Z900 em ‘track-days’ ou mesmo no Campeonato Nacional de Naked-Bikes. Que, curiosamente, teve na sua origem o troféu monomarca ZCUP PT, com a Z800 em 2016, e com a Kawasaki Z900 a partir de 2017.

Kawasaki Z900 SE

Kawasaki Z900 SE

Kawasaki Z900 SE

Kawasaki Z900 SE 12 - MotoX

Kawasaki Z900 SE

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Kawasaki Z900 SE 18 - MotoX

Algo a que os pilotos poderão não dar grande importância é o banco desta versão SE, com material e acabamentos diferenciados, reforçando a imagem premium com uma cobertura em dois tons de cinzento e pesponto em branco. Um assento que, apesar da mesma altura ao solo (830 mm) tem um perfil ligeiramente mais largo na parte dianteira, deixando os pés mais longe do solo. Além de um enchimento que oferece um feeling mais rijo, melhor numa condução desportiva permitindo maior controlo e sensibilidade do comportamento da Kawasaaki Z900 SE.

O novo perfil da Kawasaki Z900

O assento surge aqui como um bom ponto de partida para analisar o refinamento da Kawasaki Z900, com uma ergonomia revista para oferecer uma melhor posição de condução. Desde o primeiro momento, antes mesmo de arrancar, surge uma sensação estranha. É que a anunciada altura do banco ao solo é maior em 10 mm (de 820 para 830 mm) mas fica a ideia de que o banco está mais baixo.

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Na verdade, existe uma justificação ao comparar os quadros das duas versões contando agora com uma menor inclinação dos tubos da secção traseira. Ora com o banco menos inclinado para diante, com a parte traseira mais plana e a área de ligação ao depósito mais estreita, reduz-se de forma notória o arco interior das pernas e o condutor ganha mais espaço.

Menos inclinado para diante e com os braços mais abertos também por força de um novo guiador tipo ‘fat bar’, o piloto da Kawasaki Z900 tem um encaixe mais natural, com menos pressão sobre os pulsos, o que muito se agradece particularmente nas travagens mais fortes. Além de que, graças à largura do guiador, a nova posição dos braços está mais para cima, como que abraçando o depósito e não suportando o tronco. Nota ainda para o facto de, dado o aumento da altura do banco sem mexer nos poisa-pés, os joelhos ficarem menos dobrados, minimizando o esforço ao longo dos quilómetros.

Bem-estar a bordo que é complementado e reforçado com as alterações no posto de comando. A começar pelo novo painel de 5 polegadas, maior e mais legível do que anterior, com uma imagem bem mais moderna e tecnológica. As cerca de 30 funcionalidades do completo menu são acessíveis, de forma mais intuitiva, através dos comutadores que deixaram as proximidades do painel e estão agora totalmente localizados nos punhos.

Evita-se assim tirar as mãos do guiador para qualquer ação, nomeadamente para alterar os modos de motor ou colocar o ‘trip’ a zero. Um painel com ajuste de cor do fundo e iluminação e que oferece duas possibilidades de visualização, sendo que apenas no modo de design mais moderno é possível aferir a inclinação instantânea, o angulo máximo de inclinação ou as forças de aceleração/desaceleração.

‘Rideology the app’

Além disso, é possível, através do bem legível painel TFT, controlar a renovada aplicação que permite a conetividade com o smartphone. Mantendo o nome, ‘Rideology the app’, surge com novas funcionalidades e um trabalho de desenvolvimento inteiramente feito dentro de portas. O que, desde logo garante a exclusividade de funções oferecidas aos utilizadores já que não serão tão facilmente replicadas para outras marcas.

Com um novo layout, diferenciado e já visível nas novas Versys 1000 e ZH2 além desta Kawasaki Z900, a App Rideology tem como grande novidade a navegação ‘turn-by-turn’, sem o mapa no painel, mas apenas com indicações gráficas e de texto. Além disso, o comando por voz permite dar instruções à moto para procurar moradas ou para pedidos mais específicos. Como o local mais próximo para tomar um café ou reabastecer de gasolina, permitindo ajustar o percurso ou solicitar um novo ponto de paragem.

Kawasaki Z900 12 - MotoX
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Por outro lado, permite intervenções a nível mecânico como a mudança de modos ou do controlo de tração. Sendo que se a função interferir com a segurança, a App, disponível para iOS e Android e com 5 línguas (incluindo o Português), pede a confirmação dessa ação.

Com uma ligação simplificada através de Bluetooth e sem necessidade de ir a um concessionário, estará disponível em Portugal após estar concluído o processo de validação legal. A aplicação não tem qualquer valor de subscrição na compra da moto e o utilizador terá sempre acesso às funcionalidades entregues de série com a moto.

Pronta para os novos desafios

Uma estética que faz apelo à agressividade de um animal predador e assenta na filosofia que emana da palavra japonesa ‘sugomi’, a terceira pedra basilar do desenvolvimento e que expressa uma energia e intensidade impressionantes. Algo que a Kawasaki Z900 assume como “uma aura intensa emitida com grande poder e sentida por todos o que a rodeiam” e que começa no farol mais compacto e com triplo LED. Um par de luzes de cruzamento (médios) na parte superior e uma luz de estrada (máximos) na parte inferior num desenho que remete para a máscara do vilão de Star Wars, Darth Vader.

Os painéis laterais que cobrem os topos do radiador, em alumínio escovado, conferem um toque de classe a um design ousado, centrado no depósito de gasolina que mantém a silhueta desde a 1.ª geração da Kawasaki Z900, de 2017. No final de um corpo que parece mais longo e baixo face ao anterior modelo – ilusão de ótica causa pelo parte traseira menos inclinada e mais horizontal – está o novo farol traseiro com aspeto 3D e visível a maior distância.

Já disponível nos concessionários nacionais, a Kawasaki Z900 é comercializada totalmente em negro na versão base ao preço de 10.890 euros, o mesmo valor do modelo 2024, o que revela o esforço da marca e do importador para manter o preço competitivo apesar do upgrade feito. Quanto à versão Sport (10.990 €) a escolha poderá ser feita entre as decorações em verde ou vermelho, patentes no quadro, pormenores no depósito, secção posterior e farol, bem como as listas nas jantes, sempre com base preta.

Já na Special Edition (12.690 €) da Kawasaki Z900 a cor única será o cinzento, com quadro e jantes em verde, enquanto a versão limitada a 70 kW e apta a ser transformada em modelo para carta A2 (10.590 €) será vendida na combinação preto/verde. E com uma gama de acessórios que ampliam a versatilidade e performance, desde a bolsa para o depósito às proteções para o motor, quadro, radiador e eixos das rodas entre muitas outras que podem ser vistas no site da Kawasaki Portugal.

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