Scooters QJ Motor. Finalmente em Portugal

Com a gama de scooters QJ Motor, a marca asiática dá importante salto na conquista de uma posição de relevo no mercado ibérico. São, para já, três modelos que deixam a família maior e, sobretudo, mais completa. E, desde logo, com argumentos importantes, que vão além de preços bastante competitivos. Imagem, qualidade e tecnologia são outros atributos a levar em linha de conta.

• Texto: Paulo Ribeiro
• Fotos: Isaac Farres e Roger Rovira

Um ano e meio depois do arranque da QJ Motor na Península Ibérica (outubro de 2022 em Espanha e no mês seguinte em Portugal) a família deu mais um importante passo rumo à afirmação. Depois das gamas Adventure, City e Road, a marca do todo-poderoso grupo Qianjiang Motorcycle assinalou o arranque da comercialização da gama de scooters QJ Motor. Passam a ser 16 os modelos disponíveis, das cruiser SRV125 e SRV300, às crossover SRT800, SRT700 e SRT550, todas em versão normal e X, passando pelas naked SRK700, SRK400, SRK125, TRX125 e SRV550.

Verdadeira reunião de uma família que chegará às duas dezenas de elementos antes do final do ano. A começar, já no final do verão, pela scooter crossover ATR125, que partilha a base técnica com a MTX125. E que, dessa forma, reforça a posição de uma marca que, em 18 meses, obliterou muitas incertezas. Nesse hiato passou de um ambicioso plano em papel a uma realidade contabilizável. Valendo 393 unidades no mercado português e 1216 em Espanha, no melhor resultado da QJ Motor na Europa. Confirmando assim a validade da aposta na marca e numa gama cada vez mais ampla, conseguindo do primeiro ano de vendas aquilo que outras marcas chinesas só conseguiram no 2.ª ou 3º exercício.

Encarar desafios sem complexos

Olhando de frente, sem complexos ditados pela origem dos produtos, a gama de scooters QJ Motor desembarca na Península com a clássica LTR125, a compacta MTX125 e a GT de média cilindrada Fort 4.0.

Começando por esta, esclarecer que a nomenclatura sublinha os atributos dinâmicos e de equipamento que a levam a competir diretamente com as referências do mercado, deixando a questão da cilindrada (350 cc) para segundo plano.

Sem esconder traços que remetem para uma das grandes referências da categoria, a maior das scooters QJ Motor destaca-se desde logo pelo nível qualitativo. O aspeto geral dos componentes é bastante agradável e detalhes como os botões retro iluminados mostram um grande sentido prático. O painel, de generosas dimensões (7 polegadas), oferece boa leitura e é pleno de informações.

Tem três modos de visualização e, além de mostrar a temperatura do óleo do motor, a pressão e até a temperatura dos pneus, tem a função de espelho (‘mirroring’) do telemóvel. E, dessa forma, através da app Carbit Rider permitir tirar partido das aplicações de navegação e outras funcionalidades do smartphone. Disponível em cinza, preto e num mais alegre bronze, a Fort 4.0 custa 5490 €. Incluindo, tal como todas as scooters QJ Motor e restantes modelos da gama, 6 anos de garantia!

Conforto e arrumação q.b.

Numa primeira análise, notas positivas para o assento confortável e boa proteção à parte superior do corpo garantida pelo ecrã ajustável eletricamente em andamento. Em contrapartida, reparos para a posição de condução, bem conseguida para condutores até 1,75 metro de altura, mas que poderá criar algum incómodo para os mais altos. Isto porque a zona central do chassis é larga e obriga o condutor a afastar as pernas, deixando-as mais expostas à pressão do vento.

Além de que a zona de apoio para os pés revela-se algo estreita. No capítulo da arrumação, nota para o espaço debaixo do banco que, permitindo arrumar um capacete integral e outro jet, não tem largura para uma mochila ou pasta com computador. Existem ainda dois espaços no avental dianteiro, mesmo à frente dos joelhos, com fecho elétrico e tomada USB.

Bem positivo é o comportamento do motor com homologação Euro5, suave mas enérgico, com boa resposta desde as mais baixas rotações. E com uma potência máxima de 33 cavalos encaixando bem dentro nos limites da carta A2. Com o contributo de uma transmissão de filosofia algo desportiva, oferece boa diversão mesmo em estradas recurvadas, com acelerações fortes. Que são bem encaixadas pela ciclística rígida, com suspensões KYB que mostraram elevada competência. Embora, talvez por não estarem bem acamadas, respondessem de forma mais abrupta em alguns ressaltos. Vá lá que os dois amortecedores traseiros possuem afinação na pré-carga da mola. E que, em caso de piso em muito mau estado ou escorregadio, existe o controle de tração…

Fort mas com peso bem disfarçado

Alguma irregularidade foi sensível também com a travagem, entregue a dois discos de 265 mm com pinças radiais de 4 pistões na roda dianteira de 15” (14” atrás) e ABS de duplo canal. Que deixaram escapar notórias vibrações, sobretudo nas travagens de média intensidade desaparecendo nas desacelerações mais fortes. Problemas nas pastilhas ou excesso de potência?…

Fácil de colocar em curva, com agilidade que faz desaparecer os 213 kg em ordem de marcha, a Fort 4.0 conta ainda com sistema ‘keyless’. Que, no entanto, não dispensa chave ou cartão eletrónico em algumas ações…Numa máquina que merecia manetes ajustáveis e travão de parque, destaque ainda para a iluminação ‘full’ LED os retrovisores são esteticamente bem conseguidos e com razoável visibilidade, mas com alguma tendência a desapertar em pisos mais irregulares.

Classicismo eterno na LTR

Num segmento muito peculiar, com presença eterna entre as scooters, a LTR 125 junta a sedução de linhas clássicas com a modernidade tecnológica. Com linhas compactas e uma estética vincadamente retro, a mais pequenas das scooters QJ Motor é naturalmente destinada a uma utilização urbana. Embora, graças a um moderno motor de 4 válvulas, refrigeração líquida e 14,7 cavalos de potência (a roçar o limite de 11 kW da carta A1), permita ir além dos limites citadinos.

Características pouco usuais neste segmento que são materializadas num comportamento vivo, de resposta pronta e divertida, e uma velocidade que ultrapassa os 100 km/h. Nesse sentido conta também com a ajuda do peso contido, de 118 quilos com o depósito de 6 litros cheio de gasolina.

Modelo de inspiração neoclássica que estará disponível em três cores (branco, azul e preto) e que conta com um equipamento surpreendente. Sobretudo face aos 2990 € que custa! Assim, a entrada de gama das scooters QJ Motor conta com iluminação ‘full’ LED, top-case de série com tampa à cor da carroçaria, dois espaços dianteiros, abertos e com tomada USB, painel digital LCD, sistema Start & Stop e travões de disco com ABS de dois canais.

Com potência suficiente para garantir um comportamento seguro ao modelo cujas rodas de 12 polegadas sublinham valores de agilidade e maneabilidade. Mas que limitam o espaço livre ao solo, levando os descansos central e lateral e até o escape a tocar no solo com alguma facilidade. Nada como tirar partido da possibilidade de ajustar a pré-carga da suspensão traseira.

MTX de prestações turbinadas

Mas a grande estrela da gama de scooters QJ Motor é a compacta MTX 125, com argumentos (incluindo o preço!) que a colocam como ameaça à incontestada líder de vendas. Com o fim de garantir boas prestações em cidade como nas ligações interurbanas, é utilizado um motor monocilíndrico, de 4 válvulas e refrigeração líquida. A potência está no limite da carta A1, com 14,7 cv às 8750 e tem pico de binário de 12 Nm às 8250 rpm que permite bons arranques e recuperações animadas. Bloco que, desta forma, garante consumos reduzidos e menores emissões poluentes.

Muito linear e sólido a ganhar velocidade, conta com um sistema que promete fazer ganhar muitas corridas de semáforo. O já conhecido Start & Stop foi alterado e, através de dois cliques rápidos no botão, aciona uma espécie de ‘turbo’. Sistema ‘mild hybrid’ que, graças à mudança da polaridade do alternador integrado no motor de arranque, dá uma ajuda ao motor de combustão no momento do arranque, durante 8 segundos ou até atingir as 7500 rpm.

Modo P1, indicado no painel, que gera mais força aproveitando o impulso elétrico de uma bateria de 14 ampere-hora. Ou seja, o dobro da capacidade de uma bateria ‘normal’ neste tipo de veículos. Inegavelmente um arranque mais forte durante uns bons 50 metros que, por uma questão de segurança técnica, é desligado e não funciona quando a tensão da bateria desce aos 12,1 Volt.

Painel de leituras surpreendentes

Para gerir este sistema micro híbrido existe um supercompleto painel de 5 polegadas de diagonal, oferecedor de boa leitura e com duas possibilidades de visualização. Além de mostrar todas as informações imagináveis, incluindo a pressão e temperatura dos pneus, o painel TFT pode espelhar o ecrã do telemóvel. Função ‘mirroring’ que permite aceder às aplicações de navegação (Google Maps, Waze, etc). Projetadas através da app Carbit Ride em boa parte do painel, com as informações básicas (velocidade, nível de gasolina e temperatura do motor) remetidas para a parte inferior do mesmo. No entanto, se o telemóvel bloquear, também a imagem do ecrã fica bloqueada necessitando o desbloqueio do smartphone

Nível de equipamento elevado que prossegue na chave inteligente (‘keyless’) e no top-case montado de série Shad de 33 litros com tampa à cor da carroçaria. Bem como nos comandos retro iluminados, iluminação ‘full’ LED, pré-instalação de câmara dianteira, manetes reguláveis em quatro posições e travão de parque. Disponibilizada em três cores (preto, branco e cinza mate), tem espaço sob o banco para dois capacetes, nomeadamente um integral e um jet. Além de dois espaços no avental dianteiro, sendo que no lado esquerdo está instalada uma dupla tomada USB para tipo A e tipo C.

Scooters QJ Motor com fortes argumentos

Lançada no mercado com um verdadeiro preço de combate (2990 €) face ao nível de equipamento e à garantia de seis anos, extensível a toda a gama de scooters QJ Motor, a MTX 125 tem uma ciclística condizente com as exigências de uma vida urbana ativa. Quadro de elevada rigidez e suspensão bastante confortável, cujos limites só são revelados quando o ritmo sobe para lá do normal. Altura em que as rodas de 14 e 13 polegadas garantem a estabilidade necessária, sempre bem acompanhada pela elevada segurança.

Graças ao amortecimento com forqueta de 100 mm de curso na dianteira, que garante, também, um bom nível de conforto e com dois amortecedores reguláveis em pré-carga na traseira. Bem como a um sistema de travagem muito progressivo e com potência q.b. mesmo em ritmos mais entusiasmados em estrada.

Assim, o disco recortado (tipo ‘wave’) na dianteira, com 240 mm de diâmetro, é acompanhado por outro disco de 220 mm atrás. Além disso conta, claro está, com o apoio do ABS de dois canais. E isto sem esquecer o ‘plus’ em termos de segurança que representa a existência do controlo de tração. Com efeito, um argumento surpreendente numa máquina desta categoria! E que, juntamente com outros trunfos de peso, coloca as scooters QJ Motor em posição de destaque nesta entrada em grande no mercado nacional.