Yamaha MT-09. Música no coração

Autor:  Paulo Ribeiro

Julho 11, 2021

Pode parecer estranho recorrer ao título de um dos maiores sucessos da história do cinema para elencar a novíssima Yamaha MT-09. No mínimo, supõe-se que obrigue o leitor a fazer o exercício de pensar no porquê desta ligação entre uma máquina cuja filosofia relega para o Dark Side of Japan e o filme que Robert…

Pode parecer estranho recorrer ao título de um dos maiores sucessos da história do cinema para elencar a novíssima Yamaha MT-09. No mínimo, supõe-se que obrigue o leitor a fazer o exercício de pensar no porquê desta ligação entre uma máquina cuja filosofia relega para o Dark Side of Japan e o filme que Robert Wise realizou em 1965. Produção que deriva do musical com o mesmo nome que, por sua vez, surgiu da adaptação de um livro de memórias de Maria von Trapp e que, finalmente, serve de título para esta apresentação. Uma ajuda nesta linha de pensamento: Imaginem um remake da película Música no Coração, com realização de Quentin Tarantino, interpretada por John Malkovich, Drew Barrymore, John Travolta e Jack Nicholson e banda sonora repartida pelos Iron Maiden, Faith no More e Black Sabbath. Estão a ver o género?

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  • Texto: Paulo Ribeiro
  • Fotos: Yamaha/Pedro Lopes

Apresentar uma moto sem um enquadramento histórico, comercial ou da filosofia inerente não faz sentido, já se sabe. E menos sentido faria, neste caso, não sublinhar que a Yamaha nasceu em 1887 como um fabricante de pianos. Nota (musical, claro está…) que, sem mais delongas, nos leva a uma das grandes atrações da terceira geração da Yamaha MT-09. Modelo que desde o lançamento, em 2013, já vendeu mais de 250 mil unidades (972 em Portugal até final de 2020). Sucesso de fácil explicação atendendo ao espírito irreverente imbuído numa mecânica musculada ou à enorme diversão conjugada com uma imagem de vistosa rebeldia. Atributos que ajudaram a forjar, em menos de uma década, um autêntico mito, capaz de pedir meças a esse ícone das naked que dá pelo nome de Ducati Monster.

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Voltemos à música

A Yamaha produz muito mais do que motos, já o sabemos. E tem, também, um leque muito mais alargado no que respeita a instrumentos musicais capaz de, nos dias que correm, equipar por completo uma orquestra. Produz ainda hardware e software para edição musical, monitores de áudio, mesas de som, estúdios de gravação. Em suma, uma enormidade de soluções tecnológicas para músicos.

Vem esta nota introdutória, longa é certo, mas culturalmente enriquecedora, a propósito da nova MT-09. E digo nova e não renovada, redesenhada ou simplesmente retocada, porque as mudanças foram enormes. A começar exatamente pelo som!

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Versão 2021 da Yamaha MT-09 emagreceu 4 kg face à antecessora, pesando agora 189 kg em ordem de marcha

Quem não arrisca…

Recordemos que foi com esta linhagem que a Yamaha deu início à filosofia Dark Side of Japan, colocando particular ênfase no aspeto emocional. Saindo mesmo da tradicional ‘zona de conforto’ dos fabricantes nipónicos. Mais do que o arrojo das linhas, juntando agressividade e minimalismo, foi o lado emotivo o mais salientado em todas as apresentações da gama desde 2013. Os responsáveis de marketing apostaram forte neste caminho e o produto dava-lhes razão, mexendo com todos os sentidos. E aqui entra, finalmente, a questão sonora. O timbre do motor foi, desde o primeiro momento, característica de enorme atração, evidenciando valores de potência que os restritivos limites do Euro5 ameaçavam calar. Afinal, os 5 decibéis a menos ditados pela nova legislação eram uma enormidade e os japoneses logo perceberam que tinham que encontrar uma solução.

Recurso que, afinal, estava ali mesmo à mão, na divisão de instrumentos musicais cujos três diapasões cruzados deram origem ao famoso símbolo da casa japonesa. O sistema de indução de ar foi removido na Yamaha MT-09, os injetores ganharam nova posição e as condutas de admissão de ar foram trabalhadas (agora são três de comprimentos diferenciados…), aproveitando a sabedoria ganha com os instrumentos de sopro ou os tubos dos órgãos para melhorar o som da entrada. Que, recorde-se, é aquele que está mais perto do condutor oferecendo uma experiência auditiva ímpar.

O trabalho musical continuou no escape cujo formato foi trabalhado para um controlo preciso das ondas de pressão de ar, criando frequências de ressonância específicas. Isto é o que explica o press-release. Em ‘português’ a explicação é bem mais fácil! Quando aceleramos e a rotação sobe, aumenta o som produzido pela admissão, ganha força o timbre do escape. E, tudo somado, é reforçada a sensação de potência, de força, gerando um crescendo de excitação.

Música para os ouvidos

Claro que toda esta experiência auditiva da Yamaha MT-09 surge apoiada em outras fontes sonoras. No motor, por exemplo. Cresceu em capacidade (+ 42 cc de 847 para os 889 cc graças a mais 3 mm de curso dos pistões). E com isso ganhou em potência (3% para 119 cavalos às 10 000 rpm) e ganhou em binário (6% para 93 Nm às 7000 rpm). Isto é o que diz a ficha técnica! Mas o que se sente, em estrada aberta, vai muito além disso. Desde logo por um feeling mais completo, mais cheio ao longo de toda a curva de potência. Acelere-se e qualquer rotação e percebe-se que o motor está mais forte sem que isso represente, quase paradoxalmente, mais brutalidade ou violência. Antes pelo contrário.

Com ajuda do novo acelerador eletrónico (YCC-T) o controlo é fácil e com uma sensação de domínio e tato que faz lembrar os tradicionais cabos. A importância dos sentidos levada ao extremo. Afinal o cuidado enorme na afinação das molas de retorno do punho de acelerador oferecer sensação de domínio perfeito. Com um ‘toque’ que junta rapidez de resposta e a clara perceção da interação entre a rotação do pulso e a subida de rotação. Uma ligação a roçar a perfeição que ganha particular importância quando a estrada fica recurvada e a precisão é absolutamente imprescindível, fazendo esquecer o cabo (mecânico) que desapareceu deste conjunto.

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Possibilidade de ajuste do poisa-pés (14 mm para cima e 4 mm para trás) e do guiador (9 mm para a frente e 4 mm para trás) ajudam a encontrar a melhor posição de condução para cada candidato a ‘piloto’

Alma gigantesca

Claro que poderíamos continuar aqui com o enunciar de premissas técnicas (novos pistões forjados, bielas de abertura fraturada, cilindro descentrado em relação à cambota, cambota essa que oferece mais 15% de inércia, injetores revistos e por aí fora) num motor que é mais leve, mais económico (5,0 L/100 km apesar da maior cilindrada) e menos poluente (116 g de CO2 por km). Óbvio que isso importa, não só a quem quer comprar a nova Yamaha MT-09 como a todos os que gostam deste universo tecnológico. Mas, e as sensações? Na prática, aquilo que ressalta é a leveza em aceleração, um comportamento arredondado, de grande suavidade e uma entrega de potência linear, mas sempre com muita alma. Gigantesca mesmo e só superada pela quase irracional MT-10!

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Yamaha MT-09 SP: 11.250 € Yamaha MT-09: 9750 €

Para quem conheceu a primeira série da naked da Yamaha – e recordo-me bem da apresentação nas estradas de montanha na Croácia, nos arredores de Split… – decerto recordará a tendência inata para poupar o pneu dianteiro. Uma aceleração mais decidida e o azul do céu ganhava dimensão acrescida no nosso horizonte. Na segunda versão da MT-09, nas montanhosas estradas na província espanhola de Alicante, deu para perceber os bons resultados no trabalho em torno da eletrónica. Maior facilidade de controlo graças à atualização dos mapas de motor que, agora, com o full ride-by-wire, levam para o baú das memórias a reconhecida brutalidade do mapa B. A MT-09 sai sempre em força, é certo, mantém o mesmo espírito rebelde, ok, mas sem a alucinante irreverência que arruinava os antebraços em poucos quilómetros.

Emoções sob controlo

Mudanças de espírito (que nunca de diversão!) que prosseguem numa elasticidade surpreendente. A caixa, com a 1ª e 2ª mais longas, surge equipada com quick-shifter bidirecional, mas quase nos esquecemos dela quando atravessamos Setúbal rumo à Serra da Arrábida. O três em linha japonês, permite rolar em 4ª ou 5ª às 1500 rpm, sem bater e com resposta imediata quando aceleramos para uma ultrapassagem. Tem aquele toque metálico, desportivo e excitante, mas está mais suave e com precisão absoluta (dizem-nos que é por causa da adoção dos novos garfos de seleção na caixa, de tipo flutuante) e, acima das 2500 rpm, as passagens de caixa são muito rápidas sem necessidade de desacelerar.

Yamaha MT-09 2021

Yamaha MT-09 2021

Yamaha MT-09 2021

A reduzir – obrigatório cortar gás! – funciona na perfeição e o sistema de deslizamento da revista embraiagem permite aqueles abusos que… vocês sabem! Sobretudo quando se utiliza o mais agressivo dos 4 mapas de motor, o 1, de resposta verdadeiramente brutal. E que aconselha o recurso a toda a eletrónica embarcada! Desde o controlo de tração (com parâmetros de funcionamento específico em curva) ao anti cavalinho, passando pelo controlo de derrapagem ou ABS em curva. Tudo controlado pela unidade de medição inercial (IMU) de 6 eixos que é mais leve e compacta do que a usada na superbike R1.

Para evitar tanto trabalho da unidade Bosch 9.1 MP, melhor mesmo é optar pelo modo 2, muito pronto na resposta mas de controlo mais humanizado. Já o 3 está lá para uma viagem mais contemplativa. Como que a que permitiu apreciar a península de Tróia, separando as águas do Atlântico e do estuário do Sado. Quanto ao 4, com limitações de potência e uma entrega mais pachorrenta, pode ter utilidade naqueles dias… de excessiva paz de espírito. Ou quando chove. Ou quando, simplesmente, não queremos chatices com os radares!

Exército em peso

O motor espantou-me, é certo, não pela potência (ainda assim mais do que suficiente!) mas pela forma como se comporta perante um sem número de situações. Continuo a defender que uma potência na ordem dos 100/120 cv é mais que satisfatória para uma utilização em estrada e que há outros parâmetros de maior importância na análise e eventual escolha de uma moto. Mais importante que o peso da Cavalaria é a eficácia dos regimentos de Engenharia, Infantaria, Artilharia e até Transmissões.

Armas do exército facilmente identificáveis nesta bomba (ainda se lembram que começamos com a alusão ao pacífico filme de domingo à tarde para toda a família, Música no Coração?…) a começar por um chassis surpreendente. É estreito, permite excelente encaixe das pernas ao nível dos joelhos, está mais leve (2,3 kg) e garante eficácia em todas as situações graças a uma maior rigidez lateral. A marca anuncia cerca de 50% de incremento, o que até acreditamos, mas só depois de andar em estrada e forçar alguns limites a curvar. É que, ao olhar para a estrutura de alumínio e confirmar que as paredes laterais chegam a ter uma espessura mínima de 1,7 mm (!!!) é no mínimo de ficar a pensar duas vezes. Vão a um concessionário Yamaha e metam o dedo num pequeno buraco que existe na curva do quadro, junto ao ponto de ancoragem do sub chassis.

O peso das dúvidas

E se continuarem com dúvidas, peçam um paquímetro e confirmem! Um quadro completamente refeito, com diferentes espessuras do alumínio em função das necessidades de cada segmento. Nem um milímetro a mais numa peça onde todas as gramas contam. O mesmo aconteceu no sub quadro (-1,5 kg) e no braço oscilante (-250 g). Mas também nas rodas com as jantes de 10 raios forjadas (-700 g) através de uma inovadora e exclusiva tecnologia por rotação. A Yamaha sublinha que estas são as jantes de alumínio produzidas em série mais leves de sempre, com uma espessura que baixou de 3,5 mm para 2 mm!

Resultado: Importante redução de peso não suspenso, surgindo como mais um contributo importante quando se fala em sensações. Agilidade acrescida e um feeling de precisão que permite ‘falar’ diretamente com os Bridgestone S22 montados de origem. A nova MT-09 é fácil de colocar em curva, permite correções de trajetória mesmo quando perto dos limites. E, quando se abusa um pouco mais, tem o cuidado de avisar o ‘condutor-armado-em-piloto’ com mensagens facilmente percetíveis e dando tempo para acertos de última hora.

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Naturalmente existem outros pontos a levar em linha de conta quando se fala na base da estrutura ciclística desta Yamaha MT-09. E não podemos esquecer as mudanças ao nível da coluna direção (30 mm mais baixa), na fixação do motor, em posição ligeiramente mais vertical, gerando uma centralização de massas revista. O que quer isto dizer? Simplesmente que temos mais ‘peso’ no pneu dianteiro, aumentando a confiança e a facilidade de colocação em curva. Além de uma leitura melhorada do que se passa debaixo da roda frontal.

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Guiador mais elevado, corpo ligeiramente puxado atrás e tronco inclinado para diante em ergonomia que acompanha a evolução da MT-09

Versão para dias de festa

As mudanças de direção ganham em facilidade sem perder em eficácia, criando um objeto cujo nível de diversão é diretamente proporcional ao número de curvas da estrada. É bom não esquecer aqui o trabalho do amortecimento, entregue a unidades KYB. Inteiramente reguláveis, mas, com os settings de origem, mais vocacionadas para a eficácia do que para o conforto. Duras e a causar algumas pancadas sobretudo ao curvar sobre asfalto irregular ou quando surge um buraco mesmo na linha de trajetória ideal. Faltou tempo para jogar com os ajustes permitidos pela KYB invertida que, apesar de ser mais curta 39 mm face à anterior, possui o mesmo curso, com a escolha da pré-carga mais adequada no topo das jarras enquanto outro parafuso permite ajustar a compressão do lado esquerdo e a extensão (rebound) do lado direito.

Oferta de autonomia mecânica que faz todo o sentido numa moto deste calibre. E que é complementada com a possibilidade de afinar a pré-carga e o rebound no mono amortecedor KYB montado na traseira. Mas, por mais 1500 euros, poderá ter acesso à versão SP da MT-09 que junta uma suspensão de luxo a outras mais-valias. Como o cruise-control (que funciona entre os 20 e os 180 km/h), decoração premium inspirada na R1-M ou o braço oscilante em alumínio escovado. Além do banco com revestimento em dois materiais e costuras duplas, e a utilização do negro anodizado em vários componentes. Como o guiador, manetes e cremalheira.

A forqueta mantém as mesmas dimensões mas tem uma configuração interna específica e revestimento DLC (Diamond-like Carbon). Aquele tratamento em negro que além do requinte estético oferece menor atrito, é, naturalmente, completamente ajustável. Enquanto atrás surge um Ohlins com afinação de pré-carga remota, de grande facilidade de utilização, além de absoluta possibilidade de ajuste em compressão e extensão.

Eletrónica de referência

Na prática, aquilo que parece muito pouco é, na realidade todo um universo de diferenças. Mesmo com o setting original é percetível, desde o primeiro momento, uma capacidade de absorver os pequenos impactos, aumentando o conforto. Por outro lado, quando se abordam outros ritmos, o aumento de eficácia é exponencial. E, aí sim, começa a ser possível tirar partido de toda a eletrónica com maior confiança, com acelerações brutais a meio da curva. Sendo fácil sair de roda no ar em absoluta segurança. Claro que depois, além das multas, há a capacidade física, já que se a proteção aerodinâmica dá para os gastos até aos 100/120 km/h. A partir daí é mesmo para esquecer…

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Versão SP da MT-09 disponível na decoração Icon Performance, que distingue os modelos Premium Sport da Yamaha

Vale-nos a travagem para refrear os ânimos! De uma potência que pode ser bombástica quando apertamos a fundo a manete direita (que pena a estética daquele depósito do fluído dos travões ☹) mas que prima por um tato que permite aquele ‘aconchego’ quando se entra em curva ligeiramente depressa demais. E como tem o cornering ABS, mais seguro se torna extrair todo o potencial desta progressividade das novas pinças radiais de 4 pistões e do duplo disco de 298 mm, permitindo uma diversão verdadeiramente insana. Uma vez mais a eletrónica a marcar pontos, levando os limites da controlo para outro patamar.

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Painel de boa leitura e fácil controlo a partir do conjunto de botões ao alcance do polegar esquerdo

Consumos moderados. Entusiasmo exacerbado

Mas lá chegará o momento em que temos de parar. Porque apesar de consumos na casa dos 5,5 a 5,8 L/100 km (o ritmo não foi propriamente meigo…) apresentados no novo painel TFT a cores, de 3,5 polegadas e muito boa legibilidade, o depósito de 14 litros é suficiente para ‘apenas’ pouco mais de 200 quilómetros de pura diversão. Momento de paragem que pode ser aproveitado para a contemplação de uma estética amadurecida, evolução do conhecido minimalismo da família MT. Que faz ressaltar valores de torque e agilidade, onde está apenas o estritamente necessário. Silhueta onde forma e função estão perfeitamente ajustadas, revelando ‘músculo’ e deixando contemplar uma mecânica de eleição.

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Formato inovador do farol garante o desvio do fluxo aerodinâmico e alguma proteção ao condutor

Estética onde sobressai iluminação integralmente em LED, com destaque para o arrojado farol dianteiro. Principalmente pelas luzes de presença oblíquas que deixam adivinhar um Y e novo farol bi-LED, com médios e máximos integrados no mesmo bolbo. Algo que carece, como em todos os parâmetros subjetivos, de uma interpretação pessoal. Mas lá que é inconfundível, isso é. Afinal esta Yamaha MT-09 é mesmo uma máquina ímpar, capaz de tocar mesmo nos corações mais empedernidos…

Yamaha MT-09 2021

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