A Yamaha MT-09 versão 2016 está ainda mais apetecível graças ao novo controlo de tração regulável e mapas de motor afinados para uso mais desportivo. Maior segurança sem roubar pitada de diversão (antes pelo contrário…) reforça trunfos da primeira Master of Torque da nova geração. Mudanças que proporcionaram à irreverente naked novos argumentos eletrónicos para maior diversão.
- Texto: Paulo Ribeiro
- Fotos: Alessio Brabanti e Jonathan Godin
Confirmando o acerto da fórmula desvendada em 2013, sustentado por mais de 20 mil unidades vendidas em dois anos, a casa de Iwata mexeu pouco (mas bem…) na Yamaha MT-09 para 2016. Estética intocada tal como a ciclística, sublinhando a absoluta atualidade dos traços agressivos e volumes bem equilibrados. Da mesmo forma que a incontestada eficácia do chassis que tem o motor como parte integrante. Bloco de 3 cilindros, pujante, com potência e rapidez de resposta capaz de encher as medidas ao mais experiente dos motociclistas, agora com acrescida versatilidade. Fruto da adoção de sistema de controlo de tração, regulável em 2 posições e que pode ser desligado, a que se juntam refinados mapas de motor, facilmente intermutáveis.
Carácter firme mas… moldável
Comecemos por aqui mesmo, pela possibilidade de adaptação do carácter do tricilíndrico ao estado de espírito do condutor e das condições de estrada. Maior suavidade rumo a superior confiança em todas as situações foi a aposta da Yamaha que, para isso, interveio nos modos Standard e B, tornando-os mais suaves e controláveis face à versão anterior.
Algo que foi particularmente notório nas estradas de montanha em redor de Alicante. Ambiente a fazer recordar o palco da apresentação da original Yamaha MT-09, a primeira da nova família, na região de Split, na Croácia. Semelhanças de terreno que ajudaram a melhor aferir as alterações, proporcionando maior à vontade na hora de rodar o punho direito. Particularmente no modo B, o mais ‘tranquilo’, com a certeza de que não vai sair em cavalinho ou derrapagem mais ou menos… descontrolada. Mas, na verdade, esta novidade será particularmente agradecida em cidade, ao conseguir fazer esquecer os repelões da primeira Yamaha MT-09.
Modos de grande animação
Suavidade que não dilui a animação mesmo no mais pacífico dos mapas de motor, tão pouco refreia o caudal de emoções no modo A, o mais vivo dos três. E que vivacidade! Posição que permite máxima exploração de bloco, mescla perfeita entre binário e capacidade de alongamento, com respostas imediatas à rotação do acelerador. Entre o modo mais irreverente (A) e o mais suave, particularmente adequado para situações de piso molhado, permitindo fácil controlo, o D-Mode oferece a opção pelo modo trabalho-casa-trabalho, o Standard, em deslocações onde rapidez rima com facilidade.
Eficácia gigantesca rumo a entusiasmante diversão que agora conta com sistema de controlo de tração, semelhante ao adaptado na MT-09 Tracer, uma forma de manter o espírito mais tranquilo. Independentemente do modo de motor escolhido e do estado do asfalto, intervindo, em qualquer dos modos, de forma bastante suave. Mesmo no mais intrusivo dos níveis (2) aconselhado em situações de menor aderência ou nas deslocações a dois. Porque a solo, em ‘modo diversão absoluta’, é possível optar pelo nível 1, que permite boas escorregadelas. Mas evita que a traseira vá longe de mais, aumentando o prazer de condução mas com riscos perfeitamente calculados.
Controlo sem sobressaltos
Para os mais radicais ou mesmo para utilização em pista, há a possibilidade de desligar o sistema. Contando apenas com o bom controlo proporcionado de série pela muito linear entrega de potência, graças ao desenho da cambota Crossplane. Sempre com a certeza de que as enérgicas subidas de rotação se fazem sem sobressaltos.
Garantia de tranquilidade eletrónica capaz de agradar ‘a gregos e troianos’. Que é como quem diz, aos que vêm de motos menos potentes e não ficam assim intimidados pela ficha técnica de respeito, como aos utilizadores mais desportivos que buscam sensações fortes mas com menor grau de exigência, sobretudo física. Tudo isto numa moto cuja potência surge desde muito cedo nas rotações. E que tem ponta final capaz de deixar sem fôlego o mais afoito dos motociclistas. Com eletrónica capaz de controlar os ímpetos temperamentais da MT-09, máquina de verdadeira alma latina, a elegante japonesa – que tal como a MT-07 e MT-01 está disponível na nova cor Night Fluo – conta ainda com outros atributos de segura eficácia.
A começar pela portentosa mas facilmente doseável travagem oferecida pelas pinças mono coque de fixação radial, muito bem acompanhadas pelo amortecimento multirregulável. Que, além do poder de encaixe nas travagens mais violentas, oferece estabilidade tanto nas rápidas curvas em apoio como nas mais irreverentes mudanças de direção. E isto depois de uma primeira fase do curso muito suave e progressivo, onde lima as asperezas do asfalto, na busca de algum conforto. Assim minimizando os efeitos da filosofia de um banco que revela maiores preocupações com agilidade e feedback do que com suavidade. E que por isso apresenta uma dureza conveniente para condução mais aguerrida.
Inspiração de confiança
E que, juntamente com o guiador largo, garante boa ergonomia a todos os condutores, inspirando grande confiança em curva. Moto de condução intuitiva, com trem dianteiro muito reativo, extremamente rápido nas viragens com a ajuda da generosa largura do guiador, e que, apesar da maior altura ao solo face à versão normal, não torna complicada a colocação dos pés no chão.
Sistema de controlo de tração TCS é novidade importante, reforçando a segurança e minimizando sustos mesmo em fortes acelerações. Quanto ao painel, de linhas modernas, vê a legibilidade dificultada por ter muita informação concentrada em espaço tão reduzido.
Mantendo as boas sensações em aceleração, travagem e curva, com ciclística muito sã e motor viril, a Yamaha MT-09 surge ainda mais fácil de utilizar graças aos sistemas eletrónicos. Ajudas que reforçam equilíbrio geral da street-fighter nipónica, ainda mais à vontade na luta com as muitas rivais europeias, da Ducati Monster à KTM Super Duke, da MV Agusta Brutale à Triumph Street Triple. Com a garantia de afirmação num segmento extremamente concorrencial, em boa parte apoiado na excelência do bloco CP3 de três cilindros em linha.