Stefano Manzi. Do purgatório ao céu

Janeiro 20, 2023

Stefano Manzi já tem um lugar na história do motociclismo de velocidade. O natural de Rimini, nascido em 1999, conseguiu o feito de ser o primeiro piloto a vencer uma prova do Mundial de Supersport com um modelo da nova geração, alcançado em Portimão. O piloto da academia VR46, de Valentino Rossi, colocou desta forma fim a uma sucessão de vitórias dos pilotos das Yamaha YZF-R6, modelo que irá pilotar em 2023, com as cores da bicampeã Ten Kate Racing Yamaha.

Stefano Manzi
Stefano Manzi. Do purgatório ao céu 13
  • Por: Fernando Pedrinho
  • Fotos: WorldSBK, Tem Kate Racing Yamaha

Manzi é um verdadeiro ‘pilotaço’! Daqueles que se vê de imediato ter fibra de campeão. No ano passado rubricou algumas das manobras mais espetaculares do Mundial de Supersport e foi, sem dúvida, o rei das recuperações. Tudo isto com uma moto que de origem é uma ‘naked’! A Triumph Street Triple 765RS, que a equipa de Simon Buckmaster tem vindo a desenvolver com o suporte da casa de Hickley.

Contra todas as expetativas, que apontavam para a Ducati ou a MV Agusta como as estreantes no degrau mais alto do pódio do batalhão ‘NextGen’, acabou por ser Manzi e a moto britânica da Dynavolt Triumph a fazer o gosto ao dedo.

  • Stefano Manzi
  • Stefano Manzi
  • Stefano Manzi

Da Moto2 às Supersport

Depois de uma autêntica montanha-russa, em que conheceu duas poles, uma em Moto 3 e outra em Moto2, Stefano Manzi viu o tapete fugir-lhe debaixo dos pés. E quase ficava apeado quando, em 2019, partiu os dois escafoides no Grande Prémio das Américas. A MV Agusta Forward Racing manteve-o no ano seguinte, antes do transalpino trocar pelas Kalex da Flexbox HP40 e da Yamaha VR46 Master Camp.

Sem resultados de relevo em 2021 e apenas três provas disputadas em 2022, Stefano não perdeu a oportunidade de se estrear no Mundial de Supersport com uma das YZF-R6 da GMT94. E assim aproveitou ao substituir o lesionado Andy Verdöia, alcançando o nono lugar na segunda – e única – corrida disputada em Jerez de la Frontera. Tudo porque o programa de sábado foi cancelado no seguimento do trágico acidente sofrido por Dean Berta Viñales.

Isso colocou-o debaixo do ‘radar’ de Simon Buckmaster, que em tempos liderou na pista os interesses competitivos da Parkalgar, com Miguel Praia, Eugene Laverty, Sam Lowes, Craig Jones e outros mais.

Manzi7 - MotoX
Stefano Manzi é um dos ‘diabos’ de Tavuglia, investindo muitas horas em corridas de ‘flat track’ no VR46 Training Ranch. Aqui, vemo-lo ‘ensanduichado’ por Franco Morbidelli e Valentino Rossi.

A opção Dynavolt Triumph

Isto porque Buckmaster já vinha a desenvolver a ‘naked’ da Triumph, no campeonato britânico de Supersport e necessitava de um piloto rápido na transição para o Mundial da categoria, ao lado do estónio Hannes Soomer.

Assim a escolha caiu como sopa no mel, quando Manzi interrompeu uma sucessão de 16 vitórias alcançadas pelas YZF-R6 do bi-campeão mundial, Dominique Aegerter, e do seu rival, Lorenzo Baldassarri, na primeira manga da segunda ronda nacional, disputada no AIA.

Surpreendentemente até final do campeonato, somente outro piloto colocaria o seu nome entre os vencedores com uma ‘NextGen’, quando Niki Tuuli venceu com a MV Agusta F3 800RR do ‘Reparto Corse’ da casa de Varese.

Stefano Manzi
Stefano Manzi. Do purgatório ao céu 16

A vitória de Stefano Manzi em Portimão

Alívio ou expiação dos pecados do passado? “O problema deste campeonato é que corres ao sábado e ao domingo”, disse Manzi num tom acelerado, a escorrer suor pelos vastos caracóis. “Por isso, não posso ir já comemorar porque ainda me resta mais uma corrida”. Isto ainda longe de saber que Aegerter o colocaria fora de prova, no final da reta da meta, quando ainda aspirava a uma ‘dopietta’ no dia seguinte.

“Estou contente por mim, mas também pela Triumph, que corre há tantos anos no mundial e o melhor resultado que havia alcançado era um terceiro lugar”, disparou ao ritmo de uma metralhadora, sem contar com o duplo pódio alcançado por Manzi em Most, na República Checa, e o premonitório terceiro lugar de Barcelona, que antecedeu a roda algarvia. Até ao final do campeonato, que terminou em sexto, Manzi ainda somou mais um segundo lugar, na Indonésia.

Manzi9 - MotoX
A primeira vitória de uma ‘NextGen’ no Munidal de Supersport, no AIA

O descrente aliviado

Mas o período que antecedeu a época de 2022 foi repleto de ansiedade. “Estava praticamente apeado e o lugar na Triumph era o único que estava disponível”, relembrou o piloto da PTR Racing. “Não entrei muito esperançado para este projeto, até porque me magoei nas costas e não testei no Inverno. Tanto assim que cheguei à primeira corrida em sofrimento”.

Mas a equipa ganhou compostura. “Sim, vieram os pódios e o ritmo rápido. O que me deixa ‘lixado’ foi os resultados que não alcançámos por insignificâncias que foram acontecendo e nos penalizaram em termos de classificações. Não posso deixar de agradecer ao Andrea Ballerini. Que é o meu chefe de equipa e se desfez em quatro para ajudar a erguer uma bela equipa à minha volta. Sempre acreditou em mim, mesmo quando era eu o descrente, pelo que esta vitória tem muito significado por tudo o que alcançámos”.

  • Stefano Manzi
  • Stefano Manzi

A proteção da VR46 Academy e a aposta na Ten Kate

Com Uccio Salucci, o eterno amigo de Valentino e diretor da academia VR46. A intervir na negociação com a Triumph, a possibilidade de regressar à Moto2, onde militou cinco anos a tempo inteiro, não terá sido descartada? “Não. Mas este é um ‘paddock’ onde estava já tudo muito bem delineado”. O protegido do mago de Tavuglia, acrescentou que “os lugares disponíveis não eram em equipas de qualidade. E logo rematou que quer “ficar nesta categoria” porque sente-se bem.

Stefano Manzi
Stefano Manzi. Do purgatório ao céu 17

Dada a ligação do clã Rossi à Yamaha, não foi uma surpresa monumental que Manzi tivesse sido anunciado na equipa dominadora dos dois últimos anos, a Ten Kate Racing Yamaha, que consagrou Dominique Aegerter.

Com o suíço a ascender à categoria de Superbike, pela mão da GRT Yamaha, a formação neerlandesa anunciou a contratação surpresa de Jorge Navarro. Que não foi além de décimo quarto, com a Kalex da Flexbox HP40 no Mundial de Moto2, alcançando um pódio no Algarve.

O que não se esperava era que a sedeada em Nieuwleusen e liderada por Kervin Bos, depois de anunciar Navarro, se reforçasse com Stefano Manzi. Isto apesar do negócio estar a ser preparado desde há algum tempo – no que a torna numa redobrada favorita à conquista do triplo mundial. E não se admirem se o ‘riminese’ entrar logo de início a mostrar toda a sua magia com a competitiva YZF-R6.

Partilha este artigo!

Moto Guzzi V100
Moto Guzzi V85TT
Aprilia Tuareg 650
Aprilia Tuareg 650
Moto Guzzi V100
Moto Guzzi V85TT
Moto Guzzi V85TT
Moto Guzzi V100
Aprilia Tuareg 650
Pesquisa

Não encontrado