Associação Speedy Forever. Porque a História não morre
Autor: Paulo Ribeiro
Fevereiro 6, 2022
No dia em que passaram 43 anos do seu nascimento, família e amigos juntaram-se em Esposende para dar a conhecer a Associação Speedy Forever. Numa cerimónia emotiva e universal, Paulo Gonçalves foi recordado não apenas como piloto, mas, sobretudo, como Homem de coração grande. Generoso, altruísta ou solidário foram alguns dos atributos colados ao ilustre filho…


No dia em que passaram 43 anos do seu nascimento, família e amigos juntaram-se em Esposende para dar a conhecer a Associação Speedy Forever. Numa cerimónia emotiva e universal, Paulo Gonçalves foi recordado não apenas como piloto, mas, sobretudo, como Homem de coração grande. Generoso, altruísta ou solidário foram alguns dos atributos colados ao ilustre filho da freguesia esposendense de Gemeses, por muitos dos que estiveram no Fórum Municipal Rodrigues Sampaio.
- Texto e fotos: Paulo Ribeiro

Palco da apresentação pública de uma associação que tem como objetivo maior a dinamização de projetos e atividades de âmbito social, educativo, recreativo, cultural, económico e desportivo para os seus associados e restante comunidade, com foco muito especial nas crianças e jovens.

E ali mesmo, bem no centro da cidade que sempre transportou com orgulho no equipamento e no coração, multiplicaram-se os discursos sentidos. E não apenas por um passado desportivo de eleição! Antes por um futuro de solidariedade e apoio, saudado desde todo o Mundo por antigos companheiros, rivais de pistas, dirigentes e muitos atletas que reconhecem a inspiração no motociclista. Como os canoístas olímpicos João Ribeiro e Teresa Portela ou o ciclista João Benta, que exaltaram a importância de ‘Speedy’ no panorama desportivo do concelho. Já Bianchi Prata, António Maio, Fausto Mota, Hugo Santos, Sandro Marcos ou Sebastien Buhler recordaram a competitividade nas pistas e a amizade e grande sentido de humor fora dela.

Respeito mundial
De fora, dos quatro cantos do Mundo, vieram também os mais sentidos elogios para o atleta e para o ser humano. Testemunhos gravados de alguns dos muitos amigos que deixou nas corridas, de motocrosse, de enduro ou no Mundial de Rali Raids. Como Jose Ignacio ‘Nacho’ Cornejo, Joan Barreda Bort, C.S, Santosh, Kevin Benavides ou Sam Sunderland. Ruben Fernandez Garcia, o surpreendente jovem galego que vai estrear-se na categoria maior do Mundial de Motocrosse (MXGP) e filho do bem conhecido ‘Paco’ Rial que correu muitos anos em Portugal, agradeceu toda a inspiração encontrada da forma de ser de Paulo Gonçalves. E mostrou como o leva sempre consigo nas joelheiras de proteção que nunca dispensa em corridas ou treinos. Também o presidente da Federação de Motociclismo de Portugal agradeceu “em termos pessoais e institucionais” tudo o que Gonçalves deu ao motociclismo nacional.

Com energia sem limites, simpatia genuína e um sorriso sempre a bailar nos lábios, Paulo Gonçalves nunca hesitou no apoio a todos os que lho pediam. Um forte sentimento de solidariedade mais conhecido das pistas, é certo, mas que ganhava outra amplitude longe das câmaras e holofotes. Valores que o levaram a apadrinhar muitas causas solidárias e instituições de apoio social e que ajudaram a cimentar a ideia de criar uma associação que promovesse ideais de solidariedade no seu concelho. A forte ligação à AMAR 21, que visitava com regularidade apoiando crianças e jovens com trissomia 21 e outras perturbações de foro neurológico, é disso exemplo e, por isso mesmo, marcou presença nesta cerimónia para receber um apoio financeiro.
Continuar legado de solidariedade
Nascido a 5 de fevereiro de 1979, em Gemeses, Esposende, Paulo da Silva Gonçalves faleceu a 12 de janeiro de 2020, após acidente ao quilómetro 276 da 7.ª etapa do Rali Dakar, entre Riade e Wadi al-Dawasir. Aos muitos títulos nacionais de motocrosse, supercrosse e enduro, juntaram-se inúmeras conquistas internacionais. Com destaque para o 2.º lugar no Dakar em 2015, batido apenas por Marc Coma, e o título de Campeão do Mundo de Ralis Cross-Country, em 2013.

Os resultados e o facto de ser um piloto que nunca deixava ninguém para trás, valeram-lhe um estatuto único no seio da caravana do Dakar. De verdadeira lenda. O testemunho de Joaquim Rodrigues Jr., vencedor de uma etapa no Dakar deste anos, resume o sentimento geral de todos os pilotos, amigos e rivais. O cunhado, um dos primeiros a chegar ao local do acidente fatal, na Arábia Saudita, lembra que “era o piloto mais bravo em pista. Um autêntico guerreiro, mas sempre justo e correto. Nas corridas não cedia um milímetro, mas fora das pistas dava tudo. Sempre extremamente competitivo mas um coração sem igual, um amigo, um marido e um pai que deve sempre ser visto como verdadeiro exemplo para todos”.

Um exemplo que um grupo de amigo, encabeçado por Patrik Azevedo, ajudou a cumprir, apoiando a família a concretizar o sonho que Paulo Gonçalves não teve tempo para cumprir.
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