NEXX X.Vilijord. A sustentável leveza do carbono

Autor:  Paulo Ribeiro

Outubro 13, 2021

Texto: Paulo RibeiroFotos: Delfina Brochado, Félix Romero Garcia, Alexandre da Silva É bonito, apresenta-se bem e o melhor que ele tem está debaixo da calota… Trauteando uma bem conhecida música romeira descobri a analogia para introduzir o NEXX X.Vilijord em carbono, aqui na versão Light Nomad, que, sem ser um modelo completamente novo, é novidade…

  • Texto: Paulo Ribeiro
  • Fotos: Delfina Brochado, Félix Romero Garcia, Alexandre da Silva
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É bonito, apresenta-se bem e o melhor que ele tem está debaixo da calota…

Trauteando uma bem conhecida música romeira descobri a analogia para introduzir o NEXX X.Vilijord em carbono, aqui na versão Light Nomad, que, sem ser um modelo completamente novo, é novidade absoluta nesta aligeirada versão. Uma evolução da configuração modular conhecida do X.Vilitur mais adaptada aos aventureiros, reforçando valores de polivalência e versatilidade sem abdicar dos princípios de conforto, qualidade e, naturalmente, segurança máxima. Esta última, felizmente, não testámos!…

A escolha de um capacete, já o sabemos, deve ser, sempre, extremamente ponderada. Além de ser o principal equipamento de segurança de um motociclista, é também aquele cuja utilização exige maior adaptação. Bastante mais que um casaco, umas botas ou umas luvas. Por isso, na hora de adquirir um novo capacete, todos os cuidados são poucos. Há-os para todos os gostos, mais ou menos adaptados a cada género de moto, para todo o tipo de utilizações e estilos. E, claro, para todos os preços.

Cabeça na aventura total

Acompanhando a moda aventureira que vem orientando o mercado das duas rodas em Portugal como na Europa, também os capacetes polivalentes são cada vez mais procurados. A funcionalidade e sentido prático são fatores primordiais numa escolha que valoriza alguns elementos-chave: viseira interior solar, pala exterior e configuração modular. Depois procura-se um bom forro, bom arejamento e a possibilidade de montar facilmente equipamentos de comunicação.

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Trunfos que são apresentados por uma das mais recentes propostas da portuguesa NEXX com o X.Vilijord que utilizámos durante uns milhares de quilómetros antes de verter em palavras as sensações vivenciadas em utilizações e motos muitos diversificadas. Em longas tiradas turísticas como nas mais curtas viagens urbanas, passando por uma utilização ligeira em off-road. Situações que confirmaram uma boa proposta que, sem ser a mais barata do mercado, está, sem sombra de dúvida, entre aquelas que apresentam a melhor relação preço-qualidade.

Máxima visibilidade em cidade

Em cidade, o prático sistema de abertura permite levantar facilmente a queixeira num semáforo ou quando se encontra alguém conhecido no trânsito, transformando-se num jet devidamente homologado. E este é um pormenor deveras importante já que, ao contrário de muitos capacetes modulares, tem homologação para circular como integral (P/fechado) ou como jet (J/em posição aberta). E cumpre, de uma assentada, as diferentes regras de homologação internacionais, da legislação europeia (ECE/22-05) à norte-americana (DOT FMVSS 218) e às normas brasileiras (NBR-7471:2001). O que, somado, é importante garantia de segurança.

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O ambiente urbano ajudou ainda a confirmar a excelente visibilidade periférica já conhecida do X.Vilitur e do fantástico X.Wed e que deixou com redobrada curiosidade sobre a nova proposta urbana, X.Viliby. Um ângulo de visão lateral maior, em filosofia que a NEXX chamou de X-Sensus Vision, permite atenção acrescida ao trânsito tal como haveria de revelar-se importante em estrada, sem obstáculos na análise de cada curva ou na apreciação da paisagem sem necessidade de voltar a cabeça a cada segundo. E no TT, ainda que ligeiro, deixa ver atempadamente aquele calhau ou o rego mesmo na trajetória da roda da frente.

Uma excelente visibilidade, sobretudo lateral, que permite tirar o melhor partido da viseira muito boa, fabricada em PC Lexan, sem deformação de imagem, equipada com sistema ‘anti-fog’ (Pinlock) e extremamente resistente. Se assim não fosse não teria resistido a uma pedra projetada por um furgão, quando seguia a grande velocidade em autoestrada. Ficou uma marca na viseira, é certo, mas nada estalado ou que tenha deteriorado a visibilidade, apesar de deixar uma forte dor no pescoço.

O silêncio do ar

Mas uma das grandes surpresas foi a eficiência aerodinâmica, sempre complexa num capacete com estas características. Fechado é bastante estável e silencioso, mostrando o bom trabalho neste campo, com soluções inovadoras. Oferece um comportamento neutro, com bom escoamento de ar através da pala e um bom encaixe da parte frontal na calota. E mesmo ao rodar a cabeça para melhor apreciar a paisagem não é particularmente sensível o aumento de pressão a ponto de incomodar o pescoço.

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Uma nota para um problema verificado nos primeiros quilómetros com esta unidade, motivado pela constante queda da queixeira ao mínimo solavanco. Por vezes até um movimento mais brusco da cabeça levava a parte frontal a fechar-se, funcionamento que não é nada normal e nunca tinha acontecido, por exemplo, no X.Vilitur. Em Góis, durante o Portugal de Lés-a-Lés de 2021, aproveitei a presença de elementos da marca no Oásis NEXX e bastou apertar convenientemente o parafuso que une a queixeira à calota, para resolver o incómodo.

Aquilo que pensei ser uma fixação deficiente era afinal um problema simples, resultante desta unidade, a primeira com a nova calota com tecnologia de fibra de carbono X-Pro, ter sido montada fora da linha de produção e em modo expresso para o poder utilizar de imediato, antes da chegada em massa ao mercado. Tecnologia que surge como uma das grandes novidades da marca de Anadia para 2022, garantindo uma relação resistência/peso de nível máximo. Basta ver que, aliando a experiência aeroespacial com o tecido de carbono 3k, a nova calota é 10% mais leve face às outras calotas de carbono, garantindo ainda maior rigidez e resistência.

Sem más vibrações e com muita frescura

Curioso é que o simples aperto deste parafuso melhorou ainda outro ponto, desaparecendo por completo as poucas vibrações apresentadas pela pala, ficando apenas alguns movimentos causados pela turbulência aerodinâmica a velocidades realmente elevadas e em motos com pouca ou mesmo nenhuma proteção frontal. Note-se ainda que a pala não limita a função entrada de ar, sendo notório o fluxo de ar fresco na parte superior da cabeça rumo às duas saídas na parte alta posterior. Além de permitir a montagem de uma extensão para aumentar a proteção solar, funcionando bem sobretudo numa opção mais aventureira. Uma peça muito pequena, que pode ir na bagagem e ser montada apenas ao chegar a Marrocos, proporcionando ainda a possibilidade de fácil ajuste manual…

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Proteção aerodinâmica junto ao queixo pode ser retirada proporcionando maior circulação de ar mas, também, mais ruído

País em que, mesmo se as viagens noturnas não são muito recomendadas, pode ser extremamente prático utilizar a membrana de inverno, garantindo controlo eficaz sobre o fluxo de ar. Quando fora de uso está escondida debaixo da parte dianteira do forro, mesmo onde encosta a testa, assinalada por uma etiqueta Winter Membrane.

Quando a temperatura desce e não queremos receber o ar tão frio diretamente na cabeça, basta puxar essa pequena tira de tecido técnico e colocá-la a tapar as duas condutas de ar. O capacete continua a ser ventilado, mas a passagem de ar é limitada e mais dispersa, garantindo mais conforto. Uma solução engenhosamente simples e que funciona muito bem.

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Por outro lado, na escaldante travessia do Alentejo, com temperaturas acima dos 35 graus, foi possível manter a cabeça sempre fresca, graças à eficácia do arejamento superior mesmo com a queixeira aberta.

Suavidade da mais pura seda

Aproveitamos para apreciar o forro, bastante agradável ao toque e sem causar irritação na barba, mesmo se, por uma questão da minha configuração facial, aperta um pouco as bochechas. Tanto melhor que garante que, mesmo aberto, não se mexe na cabeça. O tecido revelou ainda uma interessante característica, absorvendo bem o suor e secando com rapidez, sem nunca empapar mesmo nos dias mais quentes. Claro que todas as peças do forro são amovíveis e laváveis, incluindo os elementos que aconchegam o pescoço, funcionando ainda como antirruído.

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Correia algo fina e o sistema de aperto com ajuste micrométrico são pontos passíveis de ser melhorados

Voltamos aqui a realçar a boa insonorização do X.Vilijord, justificada por vários detalhes que apreciamos ao tirar o capacete da cabeça. Para lá do cuidado estudo aerodinâmico são notórias as borrachas de duplo perfil para melhor acomodação da viseira e da queixeira contra a calota. Viseira que possui um pequeno pino na parte central inferior que serve como fecho de segurança ou para manter uma pequena abertura para permitir algum fluxo de ar no interior da viseira.

Elemento que, já o dissemos, é extremamente resistente, tem tratamento anti risco e está preparada para receber o sistema Pinlock, com uma lente anti embaciamento oferecida na compra do capacete. Tem ainda viseira solar interna, de fácil remoção para limpeza que, talvez por distração ou um encaixe mais forçado, partiu um dos pinos que fixa o óculo.

Com a calota fabricada em fibra de carbono este capacete garante um peso bem aceitável, bastante competitivo tendo em conta todos os componentes e acessórios. No tamanho L (59/60) verificamos o peso real de 1744 grama, dentro dos limites do anunciado (1700 gr +- 50 gr) e muito próximo do referencial Shoei Neotec II (em fibras compósitas, mas sem pala). Note-se que está disponível uma versão multifibra com seis camadas diferenciadas que, sendo ligeiramente mais pesado é, também, mais barato.

Curiosamente o sistema de fecho da queixeira parece funcionar melhor nesta proposta que, tal como a calota em carbono, é proposta em três tamanhos (XXS-S, M-L e XL-XXXL) para melhor adaptação a cada cabeça. A justificação assenta nas características de cada material, com o carbono a mostrar uma maior flexibilidade, algo que apenas é sensível quando tentamos fechar o capacete fora da cabeça.

Câmaras, som, ação…

Claro que, nos dias que correm, pensar em comprar um novo capacete exige uma análise cuidada às mais-valias oferecidas em termos de novas tecnologias. Seja no capítulo da comunicação, seja no que diz respeito à gravação dos passeis e aventuras a solo ou com os amigos. Para quem gosta de conversar e não quer esperar pela próxima paragem para trocar opiniões sobre a paisagem, o X.Vilijord chega preparado para albergar o sistema de intercomunicação fabricado pela especialista norte-americana Sena para a marca lusitana, o Bluetooth X-Com 2. Feito à medida para encaixar na perfeição no espaço existente, fácil de conectar e de carregar a bateria. Não experimentámos, é certo, mas a NEXX garante uma autonomia de até 10 horas de comunicação.

Aquilo que testámos, isso sim, foram as possibilidades de utilização de câmaras de ação (Go-Pro) de facílima instalação graças aos dois suportes que acompanham o capacete e que podem ser colocados lateralmente ou no topo, a gosto do motociclista- operador-de-câmara-e-candidato-a-realizador.

Para o fim deixamos aquele que é, em grande parte dos casos, o fator determinante na escolha de um capacete: o preço.

A versão Carbon do NEXX X.Vilitur custa 660 €, enquanto a proposta em X-Matrix 2, que pesa mais cerca de 150 gr, é comercializada por 470 € (liso) ou 550 € (decorado). Quanto à crescente concorrência, destaque para o grande rival Schubert E1 (1802 gr/560 €) numa lista que conta ainda com o Nolan N70-2 X Classic N-Com (1749 gr/330 €), Scorpion ADX-1 Solid (1702 gr/250 €), LS2 F324 Metro Evo (1786 gr/ 213 €) ou o Caberg Tourmax (1783 gr/250 €).

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