Transpirenaica. De Bourg D’Oueil a Andorra

Afinal já não estou tão zangado com os Pirinéus. Hoje o dia prometeu e cumpriu muito embora o primeiro Col, de Portillon, estivesse com a sua passagem interrompida. Refeitos os cálculos, a alternativa a esta passagem levou-nos a percorrer novamente a D125 , até à saída para Marignac. Aqui passamos a circular pela D44, atravessando a localidade de Saint-Béat-Lez, bem bonita por sinal.

• Texto e fotos: Jorge Casais

Nesta localidade quando paramos a mota o João apercebeu-se que as duas motas com matrícula suíça (uma T7 e uma AT) que nos tinham ultrapassado alguns minutos antes, eram da Lea Rieck e do seu amigo.

Para quem não a conhece esta motard percorre meio mundo e tem uma página no Facebook bem como um canal no Youtube, de visita extremamente recomendada.

Voltando um pouco atrás, ao início do dia, tempo para recordar a zona muito bonita onde estava situado o hotel e com uma estrada a condizer para lá chegar que quase fazia esquecer o fraquinho que era…

Depois de passado este momento de meter tudo nas motas e deixar o hotel para trás, vivemos o que já referi no início desta “crónica”. Não sei como será o Col de Portillon, mas as estradas que percorremos em alternativa eram impecáveis e o mesmo se diga da paisagem, quase sempre com o rio Garona ao nosso lado.

A seguir a Bossost, já em Espanha,  e na estrada N230 vemos a N141 sobe o nosso direita. Seria aí que viríamos dar… se tivéssemos passado o Col de Portillon.

A N230 vai ser a nossa estrada até Vielha onde mudamos para a C28. Esta cidade é a capital do Vale d’Aran que, tal como o próprio nome deixa entender, se situa num lindíssimo vale.

Fiquei bastante espantado com o movimento num domingo de manhã. Imensas lojas de desporto, com especial ênfase em tudo a que diga respeito a desporto de montanha e rios. Bem perto temos a bem conhecida Baqueira Beret que é um dos maiores ou até mesmo o maior resort de esqui em toda a Espanha. Gostei e voltarei a esta cidade como epicentro para fazer umas incursões por este Vale d’Aran.

Seguimos pela C28 em direcção ao Col de Boinagua, com os seus 2072 metros de altitude, não sem pararmos pelo caminho para fotografar o Vale de Aran e atravessar Baqueira Beret.

Incrível como mesmo no Verão se tornou impossível pararmos em Baqueira mais não fosse para tomar um café. Eram carros, motas e pessoas a caminhar. Fiquei mesmo espantado. Nunca imaginei. Mas também como nunca me senti atraído por desportos de inverno é natural que estas instâncias de esqui nunca fossem um destino de visita para mim. Seja qual for a altura do ano.

Esta estrada C28 é mesmo fantástica. Duma forma geral com bom piso, muita curva, paisagens sempre a surpreender positivamente o nosso olhar mas a ter cuidado com os ‘pica miolos’. Passam por nós, a maioria em motas de ‘pista’, que nem balas nas retas e quando chega o momento da verdade, nas curvas, é vê-los a pendurarem-se nos travões… também que nem loucos. Mesmo perigoso porque vamos calmamente a confiar que o ímpeto que eles possuem nas retas se mantêm mas depois não é bem assim.

A descida na C28 é absolutamente fenomenal, divinal, soberba…não tenho palavras para a descrever. Pelo menos eu gostei imenso. A estrada C13 foi a que se seguiu e, tal como as duas anteriores, também foi planeada para percorrer a Transpirenaica. A mesmo trouxe-nos até Sort. Aqui mudamos para a N260 que, tal como a anterior, foram estradas bem simpáticas de percorrer. Mesmo bem simpáticas em todos os aspectos.

Em Sort mudamos para a N260 e atravessamos, COM BOM TEMPO, o nosso último Col do dia. Refiro-me ao Port del Cantó com os seus 1721 metros de altitude.

Pelo meio ficaram momentos de paisagens fantásticas que deixo na foto baixo uma pequena amostra

O destino do dia era Andorra la Vella e por aqui ficar para uma curta visita e, quem sabe, umas pequenas compritas. Saímos da rota Transpirenaica mas amanhã voltaremos a retomar a mesma até ao seu final.