Moto Guzzi V85 TT. Tecnologia com carisma

Autor:  Paulo Ribeiro

Julho 29, 2024

A Moto Guzzi V85 TT espantou o mundo em 2019, protagonizando uma entrada em cena acolhida com reações bem diversas. Destinada a competir no renhido segmento das trail de média cilindrada, a italiana marcava pontos, desde logo, no capítulo da exclusividade. A imagem era tão distinta quanto única era configuração do motor. Em poucos anos,…

A Moto Guzzi V85 TT espantou o mundo em 2019, protagonizando uma entrada em cena acolhida com reações bem diversas. Destinada a competir no renhido segmento das trail de média cilindrada, a italiana marcava pontos, desde logo, no capítulo da exclusividade. A imagem era tão distinta quanto única era configuração do motor. Em poucos anos, porém, viu-se obrigada a adaptar-se aos tempos, com duas revisões que, no entanto, não beliscaram o forte carisma. Para 2024, ganhou nova eletrónica e um motor mais vivo, em prol da eficácia, do conforto e da segurança. E está cada vez melhor!

Moto Guzzi V85 TT
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A imagem genuinamente clássica não esconde o património da centenária marca italiana. É inconfundível e qualquer amante das duas rodas reconhece, de imediato, a proveniência desta Moto Guzzi V85 TT. Desde logo, claro, pelo exclusivo motor de dois cilindros em V a 90º, colocado transversalmente. Algo que nenhum outro fabricante tem no catálogo! Mas há também a famosa Aquila (águia) de Mandello, presente no generoso depósito de gasolina, como no farol duplo ou na dianteira do motor.

Aqui chegados, tempo para um rápido ‘quizz’. Conhece a origem do símbolo da Moto Guzzi? Pois bem, a escolha não ficou a dever-se apenas ao facto de esta ser uma das mais velozes aves do Mundo, capaz de ultrapassar os 300 km/h em voo picado.

A história começa na II Guerra Mundial, quando a paixão pelas motos juntou três militares do Corpo Aeronautico Militare. Carlo Guzzi, o engenheiro da força aérea italiana, Giorgio Parodi, o piloto aviador cujo pai financiou a aventura industrial, e Giovanni Ravelli. Que era já um piloto de mérito reconhecido, com participações no TT da Ilha de Man e que não assistiu ao nascimento da marca, em abril de 1921, falecido num acidente aéreo três anos antes.

Fidelidade absoluta

Para homenagear o amigo, Guzzi e Parodi tornaram a águia em voo o símbolo da marca desde sempre sedeada em Mandello del Lario. De onde continuam a sair todas as produções da marca, incluindo a mais recente Moto Guzzi V85 TT, máquina que junta uma imagem distinta a muitos outros atributos. Ao equipamento de elevado calibre soma agora um motor mais vivo e, não menos importante, uma evoluída dotação eletrónica.

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Começando pelo início, as mudanças estéticas, discretas, resultaram sobretudo de uma maior incidência nos estudos aerodinâmicos. Não apenas através dos inúmeros testes em túnel de vento como nas centenas de horas de simulação CFD. Estudo computacional da dinâmica dos fluidos que ditou um novo desenho exterior do depósito, com uma nova tampa na parte dianteira, junto ao canhão de ignição, minimizando o fluxo de ar no tronco e face do condutor, mantendo a capacidade de 23 litros e o para-brisas, ajustável em 5 posições (e 70 mm) de forma simples e apenas com uma mão, é mais protetor.

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A marca diz que o ecrã da Moto Guzzi V85 TT oferece mais 37% de capacidade de desviar o ar do condutor. Mas, ainda assim, esta percentagem deveria ser maior, para maior salvaguarda da cabeça e ombros. O melhor mesmo para os adeptos das grandes viagens é optar por um para-brisas maior ou pela versão Travel da Moto Guzzi V85TT que junta o ecrã Touring de série a outros equipamentos pensados para turismo todo o ano.

Leveza e elegância

Mudanças também na seção posterior, onde a treliça que suportava o banco traseiro e o porta-bagagens foi substituída por mais leve e elegante peça em alumínio fundido. Tal como na dianteira aconteceu com o suporte do para-brisas e do farol. Que, por seu turno, manteve as duas óticas de grande diâmetro, com assinalável capacidade de iluminação graças ao sistema Full LED. Enquadradas num desenho sublinhado pela luz diurna (DRL) cujo desenho remete para a lendária águia.

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Um estilo icónico, verdadeiramente intemporal e charmoso, que, no entanto, não deixa de revelar maiores novidades no posto de condução. Onde a boa ergonomia e um banco confortável garantem bem-estar mesmo nas viagens mais longas. O painel de instrumentos é novo, tem 5 polegadas (contra as anteriores 4,3”) e vem com o carimbo de qualidade descoberta na Moto Guzzi Stelvio. Bastante completo e facilmente legível, é controlado pelos novos comandos, conhecidos de diversos modelos do Grupo Piaggio. Perde-se em qualidade estética o que se ganha, em dobro, no capítulo prático. Muito mais fáceis de utilizar e de grande intuição, com a mudança dos modos de condução, por exemplo, a ser feita com apenas um toque.

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Mas há mais mudanças em prol do bem-estar a bordo, como as proteções de mãos, montadas de série e redesenhadas para maior eficácia. Condizentes, afinal, com a boa posição de condução, muito descontraída, a partir de um assento confortável e espaçoso, e com uma bem acessível altura ao solo de 830 mm. As pernas não ficam demasiado dobradas e as cabeças dos cilindros apenas poderão incomodar os joelhos dos condutores realmente muito altos. Que poderão também sentir o toque das botas (sobretudo de TT…) no suporte dos poisa-pés do passageiro se calçarem um tamanho 45 ou maior.

Motor mais potente

Surpreendentemente podemos recorrer a uma mudança estética, percetível aos olhos mais conhecedores, para entrar no capítulo da renovação técnica. A imagem clássica da Moto Guzzi V85 TT surge agora com um toque de modernidade nas cabeças dos cilindros. Registo de autenticidade da casa italiana que foi retocada por força da adoção do sistema de abertura variável das válvulas.

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O motor, refrigerado por ar, mantém os 853 cc e as duas válvulas por cilindro, acionadas por uma árvore de cames à cabeças, através hastes e balanceiros. Mas que, graças à nova possibilidade de determinar a abertura das válvulas de admissão (em titânio de 42,5 mm de diâmetro) em função da rotação, permite explorar ao máximo a potencialidade deste V2. Os técnicos italianos conseguiram desta forma dar a volta às limitações naturais do Euro5+, garantindo um pico de potência mais elevado e, não menos importante, uma distribuição de binário mais forte em todas as rotações.

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Assim, um mecanismo acionado por forças centrífugas colocado na árvore de cames, roda o próprio eixo a partir das 6500 rpm e as válvulas de admissão ficam abertas por mais tempo. Permitindo um enchimento mais eficaz dos cilindros nas rotações mais elevadas e contribuindo para maior potência. E que assim justifica o ganho de 4 cavalos, de 76 para os atuais 80 cv obtidos às 7750 rpm. Nota ainda para o crescimento do binário para 83 Nm (às 5100 rpm).

Economia surpreendente

Mais importante, em termos práticos, é que esse binário surge muito cedo nas rotações, logo a partir das 3000 rotações por minuto. Garantindo um bom funcionamento em baixos regimes e excelente nas rotações intermédias, afinal as mais utilizadas em estrada. Maior facilidade no controlo do acelerador e acrescida flexibilidade na condução, com acelerações prontas em todos os regimes. E que surpreende pela capacidade de alongamento, permitindo velocidades bem mais elevadas do que seria expetável olhando para o ar tão respeitável da Moto Guzzi V85 TT.

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Um motor muito equilibrado, agradável de conduzir desde os regimes mais baixos e que apenas deixa escapar algumas vibrações por volta das 6500 rpm. Um ligeiro formigueiro, apenas nos pés, que serve essencialmente para alertar do potencial perigo económico que advém do excesso de velocidade. É que, em 6.ª, já vamos, grosso modo, no limite da velocidade legal nas autoestradas em Portugal…

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Além disso, a verdade é que por esta altura acaba a faixa mais interessante de utilizar numa condução turística, que começa às 4000 rpm, e onde a caixa de velocidades é mais cooperante. Isto porque, denotando um acionamento ruidoso nas 3 primeiras relações, transforma-se por completo ao engatar a 4.ª velocidade, com os barulhos a desaparecerem por completo. Uma paz condizente com a suavidade da transmissão por cardã, única no segmento, e pela sonoridade do escape. Possante, mas discreto, mais abafado pela renovação ditada pelo Euro5+ e que obrigou à montagem de um terceiro sensor da sonda Lambda.

Eletrónica de precisão

Significativa na versão 2024 da Moto Guzzi V85 TT é a evolução eletrónica. Desse modo, as melhorias no sistema de injeção e do acelerador eletrónico (Ride-by-wire) garantem uma resposta de grande sensibilidade aos movimentos do punho direito e contribuem para uma maior economia. Com média real, medida nos reabastecimentos, de 4,69 L/100 km, ficou mesmo abaixo dos 4,9 L anunciados pela marca, permitindo autonomia bem superior aos 400 quilómetros. Claro que estes números podem subir, utilizando apenas o modo Sport de forma menos parcimoniosa…

Moto Guzzi V85 TT

Moto Guzzi V85 TT

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A Moto Guzzi V85 TT oferece 4 modos de condução, juntando ao Sport os Road, Rain e Off-Road. Este proporciona o nível mais reduzido de intervenção do controlo de tração MGCT e desliga o ABS na roda traseira, além da possibilidade de o eliminar também na roda dianteira. Um modo que faz jus à denominação TT (Tutto Terreno) e que torna o acelerador mais suave e aumenta o efeito de travão-motor. Ou seja, exatamente o oposto do que acontece no modo Sport, com uma entrega de potência muito mais viva, proporcionando uma condução bem divertida. E fazendo esquecer um peso um pouco superior aos 230 quilos, com depósito cheio (209 kg a seco).

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Mas os modos de condução proporcionam, além das mudanças na resposta do acelerador, alterações na intervenção do controlo de tração e do ABS. E, neste ponto, nota para a introdução dos aplaudidos sistemas de apoio à travagem (Cornering ABS) e controlo de tração em curva (Cornering Traction Control). Paz de espírito absoluta, independentemente do ritmo e do estado do asfalto, graças à modulação perfeita das foças de travagem e da entrega de potência em função da inclinação.

Segurança e tranquilidade

Inovações possíveis pela adoção de uma unidade de medição inercial de seis eixos, que lê, analisa e responde da forma mais adequada segundo o ângulo da moto, a velocidade da moto ou a rotação de cada uma das rodas entre outros parâmetros. Na prática isto traduz-se numa palavra: tranquilidade. Estado de espírito que é garantido pela certeza que temos uma margem de manobra muito maior se entrarmos em curva demasiado depressa. Da mesma forma, também podemos acelerar quando quisermos, sem o receio de que possa existir humidade, alguns detritos ou menor aderência numa qualquer curva.

Eficácia acrescida para um sistema de travagem sem qualquer reparo, apoiada nos discos dianteiros de 320 mm e novas pinças radiais monobloco da Brembo. Com 4 pistões e tubagens reforçadas com malha de aço, são muito potentes, mas, ainda assim, bastante progressivas e fáceis de controlar. De tal forma que é possível optar entre uma condução desportiva, com travagens mais atrevidas sem qualquer susto, ou em absoluta descontração.

Se bem que, em caso de descontração excessiva ou até distração, o ABS preparado para funcionar em curva resolve o problema. Mesmo acionando com força o disco traseiro de 260 mm que, em condições normais, é excelente apoio no conforto em condução turística como na eficácia de trajetórias em ritmos mais desportivos. Como pode ver no vídeo que preparamos para si.

… sem esquecer o conforto

Mudanças de atitude permitida pela ciclística da Moto Guzzi V85 TT, assente num quadro tubular que utiliza o motor como elemento portante e com um amortecimento pensado para o conforto sem renegar a possibilidade de uma utilização mais empenhada. Isto com as afinações de origem, porque os ajustes permitidos podem alterar bastante o perfil de absorção das irregularidades na estrada. Posto que, tanto a forquilha invertida de 41 mm como o mono amortecedor colocado lateralmente, possuem ajuste em pré-carga e extensão.

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No caso do elemento traseiro, de forma muito simples graças ao comando remoto, bastando rodar o acessível botão de plástico. E oferecem a ambas as rodas um respeitável curso de 170 mm que, juntamente com uma distância livre ao solo de 210 mm, permite algumas incursões mais aventureiras no TT. Mas sem exageros porque sendo verdade que permite sair do asfalto, sem qualquer problema, não é essa a sua verdadeira vocação! Até porque os Michelin Anakee Adventure tubeless, montados nas jantes raiadas de 19 polegadas à frente (110/80) e 17” atrás 150/70 x 17”, têm naturais limitações quando o terreno fica mais bravo.

Só para conhecedores

Com motor renovado, de comportamento mais dinâmico, e eletrónica evoluída, a Moto Guzzi V85 TT sobressai, desde logo, pelo grande conforto. Que desafia para longas tiradas de contemplação, aproveitando para desfrutar das paisagens em momentos de verdadeiro mototurismo. Uma moto que está muito mais fácil de conduzir, de colocar em curva, extremamente suave a curvar e excelente a velocidades médias.

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Tudo em prol de um passeio descomprometido com grande suavidade e paz de espírito. O descanso que esta moto incute fica bem patente em alguns detalhes. Como no aviso que surge no painel quando nos esquecemos do pé sobre o travão ou da grande autonomia da reserva do depósito. Que dá para mais de 100 km até ficar completamente seco. Altura em que pode usar a tomada USB junto ao painel de instrumentos para garantir o funcionamento do GPS ou do telemóvel.

Prático é também o funcionamento do ‘cruise-control’, de utilização simples com um único comando para todas as funções. Isto numa moto disponível em cinzento Tambori (nas fotos) e vermelho Fuji e que tem um preço de 13 599 € (14 412 € chave na mão).

Existem, no entanto, outras opções, a começar pela nova mais leve versão Strada, com rodas de alumínio e vocação urbana. Afinal criada a pensar naqueles que colocam de parte a ideia de sujar os pneus em qualquer caminho de terra batida. Por outro lado, para os que sonham com as mais longas viagens, a Moto Guzzi V85 TT Travel tem tudo o que é necessário. Não só o ecrã Touring de maiores dimensões e, naturalmente, mais protetor, bem como as malas laterais e punhos e banco do condutor aquecidos. Além do cavalete central, luzes auxiliares em LED e sistema multimédia MIA. Que se podem juntar a uma extensa lista de equipamentos opcionais.

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