Ivo Lopes no Mundial de Superbike. Estreia consistente premiada com um ponto!

Estreia auspiciosa de Ivo Lopes no Mundial de Superbikes com a equipa oficial da BMW Motorrad Motorsport no Barcelona Catalunha. Não só qualificou já dentro do minuto 42 como reduziu a distância para o ‘foguete’ e autor da ‘pole’, Álvaro Bautista.

Na corrida de estreia acabou por pontuar, cortesia de Danilo Petrucci, num meio em que tudo é novo para o piloto português. O ar de satisfação da equipa deixa antever que as duas corridas de domingo poderão trazer novas boas notícias. Tudo isto num fim de semana de graduação, mestrado e doutoramento na categoria para Ivo Lopes.

• Texto: Fernando Pedrinho
• Fotos: Matteo Cavadini

Continuando a sua descoberta do que é pilotar uma moto de fábrica na categoria mais importante dedicada às motos de série, Ivo Lopes tinha muito para aprender num curto de espaço de tempo. E ser suficientemente rápido para qualificar bem e ganhar ritmo para ir junto com o grupo na corrida da tarde.

O amadorense cumpriu na perfeição o que dele se pedia, mesmo mantendo uma entendível cautela de quem não quer perder a oportunidade dada com uma infantilidade. Ivo veio até à Catalunha para mostrar uma faceta de maturidade, inteligência e ambição que nunca tínhamos visto. A sua calma e descontração com que tem lidado com a pressão que esmagaria o comum dos mortais são, no mínimo, estonteantes.

A primeira manhã de Ivo Lopes no Mundial de Superbikes

Sábado acabou por ser um grande dia para Ivo Lopes. “Sim, foi positivo na minha evolução e na da moto”, disse-me ao final da tarde sob um sol esplendoroso. O terceiro treino livre correu bem, mesmo com a impossibilidade de entender de forma correta o comportamento do pneu de qualificação traseiro Pirelli SCQ devido às bandeiras amarelas que foram mostradas. Já na qualificação tentei sair atrás dos pilotos rápidos e tinha de dar tudo nas duas primeiras voltas, como havíamos combinado com a equipa, mas deparei-me com pilotos a abrandarem ou a falharem trajetórias.

Após a paragem saí atrás do Scott [Redding] e do [Jonathan] Rea e percebi onde estava a perder, mas que estava numa volta bastante rápida, só que recebemos bandeira vermelha por uma queda do Sam [Lowes]. Saí para  a última tentativa atrás de um grupo que me permitiu ver algumas linhas de trajetória e efetuar uma volta relativamente rápida que me deixou contente [vigésimo com 1’42’’399].

À descoberta do Pirelli SCQ

Ivo conheceu pela primeira vez o pneu de qualificação traseiro da Pirelli, o SCQ. “É bastante diferente e que tens de utilizar como se tivesses apenas pneu traseiro”, revelou o piloto luso.  “Numa das vezes travei tarde e não consegui para a moto porque o pneu tem tanta aderência que te vai a empurrar a frente o tempo todo”. Bem-vindo ao Mundial de Superbike, Ivo!

“O problema é que a minha mente estava focada na preparação para a corrida e o SCQ exige uma aproximação totalmente distinta, pois ele pede que o destruam”, expressando a forma tudo ou nada que exige a borracha de qualificação. “Normalmente, no ESBK posso sair logo de gás a fundo, mas hoje reparei que o [Jonathan] Rea faz a primeira volta devagar e só acelera forte quando se prepara para entrar na volta de qualificação. O Pirelli SCQ não precisa de muita temperatura na volta de lançamento, ao contrário do Dunlop. O pneu dura pouco e por isso há que poupá-lo para a única volta [no máximo duas] em que se consegue tirar todo o rendimento”.

A primeira de todas

O Barcelona Catalunha fica no arquivo pessoal de Ivo Miguel Lopes como a estreia numa corrida do Mundial de Superbike e logo com uma moto de fábrica. “Uau! Acho que entrei com demasiada calma na fase inicial, mas o nível deste campeonato exige que entres logo a dar tudo. Há muitos pilotos a rodarem no segundo 42, nas duas primeiras voltas, depois estabilizam no 43 e terminam a rodar em 1’44”. Eu andei sempre no 44…”, disse o piloto da M1000RR com as cores da ROKiT. “Há que mudar e para domingo seria uma vitória poder rodar as primeiras sete voltas em 1’43”.

E tal como havíamos previsto, a perda de rendimento do Pirelli traseiro deveria ocorrer por altura das voltas 14 ou 15 e não nos enganámos. “Exatamente, a queda de rendimento do pneu é dramática. O que se nota é que no primeiro ponto de aceleração a moto assenta de traseira e baixa muito. E depois, há medida que se vai acelerando mais o pneu derrapa demasiado: nas curvas rápidas, feitas em terceira nesta pista, a traseira vai sempre a deslizar por falta de tração”.

Domingo de mais novidades para Ivo Lopes no Mundial

As novidades de domingo incluem a corrida Super Pole. Não vai ser fácil porque “é uma corrida de ‘sprint’ e como eu arranco muito de trás é natural que apanhe muita confusão pela frente. Por isso, gostaria mais de me concentrar na segunda corrida e tentar rolar em 1’43”.

Ainda assim, pontuar na estreia – já depois de terminada a corrida por via da desclassificação de Danilo Petrucci, que alinhou sem a proteção peitoral – é algo que não preocupa Ivo Lopes no Mundial. “Podia até terminar em segundo ou terceiro mas a rodar no segundo 44. Mas se amanhã for décimo oitavo e rolar em 43 durante várias voltas isso, para mim, acaba por ser mais importante. Andar mais lento e pontuar? Não é isso que se quer”.