Yamaha Tracer 7 e 7 GT. Razões para uma compra inteligente

Autor:  Paulo Ribeiro

Julho 8, 2025

Com o aumento de propostas para todos os gostos e carteiras no segmento intermédio há uma pergunta que se impõe. Serão a Yamaha Tracer 7 e Yamaha Tracer 7 GT capazes de manter a liderança entre as Sport Touring? Ou, colocada a questão de outra maneira, será que as alterações efetuadas para 2025 são suficientes para manter a curva sempre ascendente do gráfico de vendas, com um total que já ultrapassou as 60 mil unidades matriculadas na Europa?

Yamaha Tracer 7
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Afinal, como em quase tudo na vida, a compra inteligente de um moto não tem obrigatoriamente de passar pelo modelo de menor preço, mas sim por aquele modelo que oferece a melhor relação entre os euros investidos e a qualidade intrínseca do veículo.

  • Texto: Paulo Ribeiro
  • Fotos: Yamaha

Um debate que, no caso da Yamaha Tracer 7 e 7 GT, é quase despiciendo, olhando ao sucesso registado desde o lançamento da primeira versão em 2015. E que, uma década depois, tem tudo para sair reforçado, com mudanças que, parecendo de pormenor, garantem um resultado final particularmente interessante. Um refinamento que promete reforçar a posição de liderança no segmento ‘sport-touring’ na Europa graças a uma estratégia de amplificação e diversificação do conceito. Por um lado, a Yamaha Tracer 7 GT ficou mais próxima do nível de equipamentos da Tracer 9 e por outro, respeitando os limites da normativa Euro5+ mas sem beliscar as performances, foram reforçados os argumentos de um dos mais desejados degraus de entrada no segmento intermédio.

Mantendo o conhecido bloco CP2 de 689 cc, do qual foram fabricadas mais de 400 mil unidades montadas também na naked MT-07, na trail Ténéré e na desportiva R7, a Yamaha Tracer 7 mantém o carácter vivo e jovial próprio da configuração da cambota que gera a ignição desfasada, a 270º, dos cilindros. Um pulsar diferente, oferecedor de uma sonoridade única e de respostas imediatas, que ficaram a ganhar com a adoção do acelerador eletrónico (YCC-T) com sensor de posição montado no punho, oferecedor de maior sensibilidade em todos os movimentos.

Dentes que garantem suavidade

O motor respeita a norma Euro5+ e apresenta os mesmos números de potência (73,4 cv às 8750 rpm) e binário máximos (68 Nm às 6500 rpm), mas as curvas estão ligeiramente diferentes, mais ‘planas’ reflexo de uma melhor entrega de potência desde as baixas rotações. No entanto, onde se nota maior diferença é na transmissão da Yamaha Tracer 7, com maior suavidade na engrenagem das relações e uma embraiagem assistida que é um primor de facilidade.

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Caixa verdadeiramente deliciosa, sobretudo numa condução mais desportiva, sendo ainda mais fácil e fluida desde o momento em que se aperta a manete e sem o risco de bloquear a roda traseira nas reduções mais brutas. Suavidade conseguida com uma embraiagem assistida (e deslizante) que exige menos 22% de força na manete e com a passagem de 5 a 6 dentes de encaixe nas 3 primeiras velocidades e da mudança de ângulo nas restantes.

E que pode ficar ainda melhor com o Quick Shifter de 3ª geração, opcional para a Yamaha Tracer 7 cuja instalação é possível graças à adoção do acelerador eletrónico. Equipamento cuja evolução comprovamos ao longo de mais de 250 quilómetros de uso intensivo, passando o teste com nota bem positiva.

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Bloco motriz de enorme versatilidade, verdadeiramente multiusos, entre a suavidade turística e a agressividade desportiva, passando pela reatividade urbana. E que, graças ao novo sistema YCC-T, ganhou prático ‘cruise-control’ e a possibilidade de mudar o carácter do motor. Dois modos pré-definidos (Sport e Street) com variação na entrega de potência e no controlo de tração, a que se junta um modo personalizável que permite mais variações. Como a entrega ainda mais suave de potência (para caso de chuva ou condições de aderência mais delicadas) até à possibilidade de desligar o controlo de tração.

Diferenças debaixo das roupas novas

Até aqui, a escassa lista de diferenças poderia levar a pensar que se tratou apenas de uma ligeira remodelação da Yamaha Tracer 7 quando, na verdade, as mudanças foram muitas e bem relevantes na hora de ir para a estrada. Deixando de lado a apreciação estética, olhemos com mais atenção para o ‘interior’, para uma ciclística que ajuda a perceber a profundidade das mudanças.

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Os técnicos da Yamaha entenderam que era necessária maior rigidez e reforçaram o quadro, mudando a forma, o diâmetro e a espessura dos tubos, bem como as placas de reforço. O resultado passou pelo aumento em 13% da rigidez torsional, lateral e longitudinal com natural incidência na parte posterior, pensando nas viagens a dois e com bagagem. Mas foram mais longe e aumentaram a estabilidade de forma bastante notória sem que isso implique menor agilidade. Por partes.

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No primeiro ponto, destaque para o braço oscilante mais comprido (40 mm face à anterior versão, +100 mm do que na MT-07), com sistema progressivo revisto e um amortecedor ajustável em pré-carga e extensão. Curvas rápidas, ou mesmo muito rápidas, são agora encaradas de forma ainda mais descontraída, com garantia de elevada precisão e sem movimentos estranhos. Somado ao novo quadro, que pesa 15,3 quilos, o ampliado braço oscilante fez a distância entre eixos crescer 35 mm, até aos 1495 mm da nova Yamaha Tracer 7. O que ajuda a explicar o notório aumento de precisão e estabilidade, reforçando o prazer de condução sem a sensação de estarmos a ir longe de mais.

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Por outro lado, o aumento da distância entre eixos foi compensado com ajustes milimétricos na geometria do quadro, uma nova forquilha invertida (finalmente!) e um guiador mais largo. Detalhe que pode parecer de somenos importância – afinal são apenas 35 mm na largura total! – mas que ganha outra dimensão quando percebemos que as mãos estão agora mais afastadas (5 cm) e em posição mais alta (3 cm).

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O que quer dizer que, para lá das vantagens ergonómicas e de conforto, fica a ganhar a facilidade e rapidez nas mudanças de direção graças ao maior poder de alavancagem. Além de que, ao deixar os braços mais abertos e ombros mais para trás, esta revisão da ergonomia reforça ambições turísticas graças ao maior conforto, e aptidões urbanas, com visibilidade e capacidade de reação acrescidas.

No posto de controlo da Yamaha Tracer 7

Um posto de condução que sofreu outras modificações, desde logo pela adoção do novo depósito, de capacidade aumentada para 18 litros, mas, ainda e sempre, bem estreito ao nível da união com o assento. O que permite um bom encaixe dos joelhos ao condutor e mais fácil apoio dos pés no solo durante as paragens da Yamaha Tracer 7.

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Também o banco é novo, agora em duas peças e ajustável para o condutor, em 20 mm e sem ferramentas, variando entre os 830/850 mm na versão standard e 845/865 mm na Yamaha Tracer 7 GT. Assento oferecedor de mais espaço (40 mm) ao passageiro, que também ganhou novos poisa-pés e pegas para as mãos em importante reforço do conforto.

Mudanças desde a ciclística que implicaram outras novidades, nomeadamente com a nova forquilha desenvolvida pela KYB a mostrar maior rigidez. Mas também melhor ‘feeling‘, com boa leitura do asfalto e das tendências momentâneas do pneu dianteiro, com ajuda dos ‘risers’ do guiador integrados na mesa superior da direção. O que foi particularmente relevante na entusiasmante N304, uma das estradas mais divertidas de Portugal e por onde passou a apresentação internacional da Yamaha Tracer 7. As constantes mudanças de direção, com os mais variados ângulos, muitas vezes com travagens fortíssimas, permitiram tirar o máximo partido deste ´feedback’ para andar rápido com grande segurança.

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Note-se que, seguindo o espírito dualista da Yamaha Tracer 7, entre o mais desportivo ou turístico, é possível regular o amortecimento em função do estilo de condução ou da utilização pretendida. Além do ajuste da pré-carga no amortecedor traseiro – através de manípulo remoto no caso da GT – pode afinar-se a recuperação dos dois elementos.

No caso da forquilha invertida, de 41 mm de diâmetro e 130 mm de curso, em 18 posições, sendo de 21 para o mono amortecedor, com 139 mm de curso. O que será um bom exercício para os primeiros quilómetros com a moto nova, sendo possível eliminar alguma aspereza inicial sentida durante a apresentação internacional, com o ‘set-up’ de origem, em algumas das estradas irregulares na região do Douro.

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Neste capítulo, importa também referir o equipamento de travagem da Yamaha Tracer 7 com novas pinças Brembo de fixação radial, com 4 pistões, juntando maior precisão e modularidade à reconhecida potência de desaceleração proporcionada pelos dois discos de 298 mm. Impressionante desde o primeiro toque, controla-se facilmente com dois dedos desde os pequenos acertos de velocidade até à paragem absoluta.

A redução das forças de flexão durante a travagem (juntamente com a forquilha e reforço do quadro) reforça a sensibilidade e a capacidade de doseamento à entrada de curva. Ou mesmo em caso de necessidade de pequenos ajustes a meio da curva sem sustos de maior, por força de uma progressividade exemplar, ajudando o disco traseiro de 245 mm e pistão simples.

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Equipamento montado em rodas em alumínio fundido (e não forjadas) e que ajudam a tirar o melhor partido dos Michelin Pilot Road 6 GT (120/70 x 17” e 180/55 x 17”). Pneus que reforçam a facilidade de colocação em curva, com uma excelente sensação no cumprimento da trajetória sem impedir correções fáceis.

Tempo de contemplação

Parados no alto da serra de Montemuro, mesmo na divisão entre os concelhos de Castro de Aire e Cinfães, tempo para apreciar a evolução estética e as diferenças entre as duas Yamaha Tracer 7. Desde logo ressalta o facto de, apesar da maior fluidez das linhas e aspeto mais esguio e compacto, serem facilmente reconhecíveis os traços de família, desde a parte dianteira, com a iluminação LED a ganhar um efeito ‘fade-in’ nas luzes de presença ao ligar o motor, criando uma impressão tridimensional único e conferindo um toque de exclusividade à Yamaha Tracer 7.

Sinais de identidade que continuam nas tampas laterais do radiador seguindo pelo depósito e laterais, sem interrupções, numa imagem mais harmoniosa. Com as motos lado a lado, fácil se torna enunciar as diferenças entre a Yamaha Tracer 7 e a versão GT, com para-brisas diferentes, entre o mais curto e fumado da versão ‘normal’ e o mais largo, alto (90 mm) e transparente da GT. Que é também mais espesso 1 mm para garantir maior estabilidade e menores vibrações em velocidades elevadas, não distorcendo a visibilidade.

Yamaha Tracer 7 GT
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Idêntica é a possibilidade de ajuste manual (60 mm), bastante simples e com apenas uma mão, e a razoável capacidade de proteção. E que, salvaguardando as diferenças de forma e dimensão, acaba por deixar melhor impressão na versão mais baixa. Não que seja melhor no absoluto, mas porque, atendendo ao facto de ser mais pequena, revelou-se mais eficiente. Já na Yamaha Tracer 7 GT, bastante boa para condutores até 1,75 m, pode sentir-se o efeito ‘cobertor’. Que quando se puxa para tapar a cabeça, deixa os pés a descoberto! Isto é, ao subir os 60 mm possíveis para tentar maximizar a proteção ao capacete, acaba por deixar passar mais vento para o peito e ombros pela parte lateral.

Detalhes que, no entanto, não abalaram a nota positiva em termos aerodinâmicos mesmo no troço efetuado de forma bem despachada na autoestrada A24.

Outras diferenças para lá do assento – que já agora, sublinhe-se, agradou mais na versão normal, com melhor ‘feeling’ de condução, enquanto, por força do formato e enchimento da Yamaha Tracer 7 GT apresenta alguma tendência de levar o traseiro a escorregar para diante – residem nas malas laterais de série. Com 30 litros de capacidade e a possibilidade de albergar um capacete integral, apresentam uma forma aerodinâmica que, juntamente com o inovador sistema de fixação flutuante que absorve melhor os movimentos oscilatórios não os transmitindo à ciclística de forma tão sensível e limitam as implicações com a condução.

Yamaha Tracer 7 GT 13 - MotoX
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Por outro lado, a maior largura face ao guiador obriga a maior cuidado e contas bem feitas para não entrar em conflito com automóveis nem com os seus espelhos retrovisores no meio do trânsito.

Diferenças entre irmãs predestinadas

Igual em ambas as propostas são os redesenhados protetores dos punhos, mais elegantes e mais protetivos, ou a prática tomada USB-C junto ao também novo painel de instrumentos. Um ecrã TFT de 5 polegadas em posição mais elevada e vertical para melhor visualização, com três opções de visualização, variando a imagem de fundo entre o mais simples e desportivo, e as informações supercompletas para uso turístico.

Yamaha Tracer 7

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Painel gerido através de novo conjunto de comandos que inclui um joystick 5 eixos que torna bastante fácil todas as operações. E onde os interruptores dos piscas obrigam a alguma habituação, juntando a função ‘mudança de faixa’, com toque simples a gerar três flashs, à função ‘normal’, feita com uma pressão mais prolongada. Desligam com novo toque para o mesmo lado ou de forma automática ao fim de 15 segundos ou 150 metros. Os piscas, redesenhados, assinalam ainda a travagem de emergência, piscando em caso de forte desaceleração para avisar os outros utilizadores da estrada.

Novidade é também o  ‘cruise-control’, de montagem possibilitada pela adoção do acelerador eletrónica na Yamaha Tracer 7 e que funciona entre as 3.ª e 6.ª velocidades e dos 40 aos 180 km/h. De fácil acionamento e boa precisão, pode ser ajustado em incrementos de 1 km/h, com um toque no próprio botão, ou de 10 km/h mantendo a pressão. Ajuda sobremaneira nas ligações mais longas, minimizando o esforço do pulso direito, além de contribuir para um melhor controlo dos consumos – que a marca anuncia de 4,1/100 km em condições ideais –  e pode ser desligado através do botão, apertando a embraiagem, acionando um dos travões ou rodando o acelerador em sentido inverso.

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Igual nas duas versões é também o amortecimento. Igual por dentro, incluindo os ajustes em recuperação, mas revelando diferenças de estatuto por fora. A forquilha invertida surge anodizada em dourado e o amortecedor traseiro ganha manípulo de ajuste remoto no caso da GT. Já agora, explicar também que a Yamaha Tracer 7 GT, mais pesada 9 kg, de 203 para 212 kg em ordem de marcha, apresenta um comportamento de maior estabilidade em reta e curvas largas, com o acréscimo de peso a não ser particularmente penalizador em termos de estabilidade, graças a uma geometria original que privilegia a agilidade.

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Claro que existem outras diferenças. Desde logo nas decorações disponíveis, com a Yamaha Tracer 7 em vermelho Redline ou preto Midnight, e a Yamaha Tracer 7 GT nos mais exclusivos arranjos gráficos Icon Performance ou Tech Black. E, claro, o preço! Os 1590 euros de distância, entre os 9950 € da versão ‘normal’ e os 11.540 € da GT são justificados pelo nível de equipamento superior. Que vai dos punhos aquecidos ao descanso central (redesenhado para maior facilidade de acionamento e não tocar no asfalto em curvas mais empenhadas) montados de série na GT, passando pelo banco com cobertura e enchimento diferente. Que integra a ampla lista de acessórios para a versão normal.

Ou seja, variantes da Yamaha Tracer 7 que chegam ao mercado nacional em agosto e cobrem diversas necessidades e desejos, ampliando os trunfos daquela que é uma das melhores opções no segmento de entrada da Sport Touring, onde existe uma concorrência cada vez mais feroz.

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