O único fabricante português de motos esteve na EICMA 2025 e surpreendeu o mundo com a Fulgora, proposta elétrica que se destaca por autonomia digna de registo. Desta e doutras máquinas da AJP falamos no certame milanês com António Pinto, cujo espírito criativo promete não ficar por aqui. Será que ouvi falar de um novo e revolucionário motor feito em Portugal?…
- Por: Paulo Ribeiro
- Fotos: Paulo Ribeiro
- Montagem e realização: Alberto Pires
Sem novidades de monta – pelo menos para os portugueses!… – a AJP esteve na EICMA 2025 a reforçar o papel de importante ‘player’ internacional no segmento das motos de aventura mas também com uma aposta interessante no capítulo da mobilidade urbana elétrica. Falamos com António Pinto, o criador e ‘alma mater’ da AJP, entre duas reuniões com parceiros de pontos bem diferentes do planeta, confirmando a vocação global das suas motos.
Começando pela gama 2026, destaque para a decoração em cinzento que muitos olhares atraiu na Eicma 2025, reforçando a imagem de modernidade de modelos que são verdadeiro sucesso de vendas em vários países europeus. Nomeadamente a PR7, cujo êxito já atravessou mares e chegou a outros continentes, apesar dos problemas causados na Europa face às dificuldades e custos de homologação para cumprir a norma Euro5+. Desta forma, o futuro poderá ditar uma crescente especialização no campo das motos de aventura e, nesse sentido, a AJP PR7 poderá evoluir e, quem sabe, ver a chegada nos próximos tempos de uma sucessora.

Que, como António Pinto confirmou na EICMA 2025, até poderá ganhar um motor novo, criado e desenvolvido em casa. Isto apesar de, como comentou, “a receita PR7 ser uma receita vencedora, sendo que todos os anos há um incremento nas vendas, mau-grado de toda a concorrência asiática e considerando o preço da PR7, que não é uma moto barata, mas é, isso sim, uma mota diferenciada e claramente direcionada”.
Um contexto de crescente competitividade global, bem patente nos pavilhões da EICMA 2025, que “obriga a AJP a manter-se atenta e preparar o futuro a médio prazo”, com algo que só deverá chegar ao mercado dentro de dois ou três anos. E nesse campo, o sonho passa por uma moto de aventura que seja referencial e com um motor próprio, um bloco com um formato diferente e menos usual, eventualmente um V2, que seria uma aposta segura devido às próprias característica do bloco com esta configuração.

Mas a EICMA 2025 assistiu também à apresentação internacional da AJP Fulgora, vista pela primeira vez na edição de 2022 da ExpoMoto, no Porto. Uma proposta para o cada vez mais relevante segmento da mobilidade urbana elétrica, que foi um desafio de monta para a AJP, obrigando a sair da zona de conforto para criar uma máquina completamente diferente das conhecidas motos de enduro e aventura.
Caminhos para uma aventura bem diferente
Um projeto que despertou muita curiosidade na EICMA 2025 e que nasceu com a ideia de um aluno que estava a fazer um trabalho de mestrado na AJP e que lançou um desafio fora da caixa ao criar um desenho que parecia imaterializável. No entanto, como na fábrica de Penafiel nada é visto à partido como uma má ideia, o básico desenho em 2D foi transformado em 3D, seguindo-se todo o programa de engenharia que levou até à máquina presenta na EICMA 2025 e que está pronta para ser lançada no mercado.
A cumprir um extenso e completo programde testes, a AJP Fulgora deverá estar à venda em março ou abril de 2026, com um preço que deverá rondar os 8000/8500 euros. Uma moto que, para lá da imagem e cuidados acabamentos que se viram na EICMA 2025, terá dois lugares homologados, sistema ABS, e um trunfo muito importante que passa por uma autonomia elevada. Em testes, e no modo normal, o intermédio dos três disponibilizados, a Fulgora já ultrapassou os 250 quilómetros de autonomia em condições reais.
O que vai fazer a AJP depois da EICMA 2025
Esta foi, aliás, uma das principais premissas na criação da AJP Fulgora já que António Pinto sempre disse que “no dia que fizesse uma moto elétrica, ou esta ultrapassava os 200 km de autonomia ou então, simplesmente não seria produzida”. Uma tomada de posição que resulta do desejo de transparência porque a AJP não quer anunciar valores de consumos/autonomias irrealistas, que servem apenas fins publicitários ou comerciais, mas quer, isso sim, garantir que as suas motos cumprem realmente essas metas.

Por isso, depois do regresso da EICMA 2025, continuam os testes que levam a que, todos os dias, diversos colaboradores da AJP façam percursos regulares utilizando os diversos modos de condução (Eco, Normal e Sport) e enfrentando as mais variadas situações de circulação. Nesse capítulo, o próprio António Pinto já se deslocou por diversas vezes entre Penafiel e o Porto para tratar de vários assuntos em locais diferentes, regressando tranquilamente a casa e com bateria para repetir a viagem no dia seguinte.
Algo que vai continuar a fazer, complementando com testes práticos a afinação da própria moto, nomeadamente a nível eletrónico, para otimizar ainda mais a questão da autonomia que é, para a AJP, o principal trunfo nas motos elétricas.
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