‘Vive la Moto’: o reencontro do público com as motos

Foram praticamente dois anos de impossibilidade de assistir a eventos desportivos ou comerciais a ‘fatura’ passada pelas sucessivas vagas daquela que é considerada, para já, a doença do século.

Mas com as nuvens negras a dissiparem-se no horizonte, o desejo ávido por todas as manifestações que envolvam motos e tudo a ela associados ressurgiu em força. O ‘Vive la Moto’, que terminou no passado Domingo em Madrid, marcou finalmente o reencontro entre as duas rodas e o público ao fim de um período que mais se assemelhava à eternidade.

  • Texto e fotos: Fernando Pedrinho

As marcas e todos os atores da indústria motociclista também responderam em força a esta chamada da IFEMA, a Feira Internacional de Madrid, pois os dois pavilhões inteiramente dedicados ao certame madrileno estavam repletos de expositores, que foram inundados de público e visitantes profissionais durante os quatro dias que durou o evento.

Com as principais marcas em natural destaque, muitas outras também disseram presente, sendo as ausências mais notórias as das marcas do grupos KTM e Piaggio, assim como da Suzuki, o único construtor nipónico a marcar falta de comparência.

Em complemento ao chamariz do ‘Vive la Moto’, as tão desejadas novidades das duas rodas, foram vários os expositores de fabricantes de acessórios e equipamento, bem como de empresas dedicadas ao mototurismo (e eram muitas), motoclubes, preparadores e até as forças da ordem se fizeram representar, a par de nomes de áreas tão diversas como as dos lubrificantes e combustíveis, seguros, financiamento ou comunicação social.

As palestras sobre segurança e área técnica foram uma constante, juntamente com a muito concorrida área dinâmica para experimentar alguns dos modelos num parque reservado para o efeito.

Otimismo geral, o problema são as entregas

Das várias conversas que entabulámos no dia de apresentação do ‘Vive la Moto’, foi fácil concluir que o otimismo é a palavra transversal a todas as marcas, que confirmam a vivacidade e retoma do mercado, com muita gente a desejar trocar a sua montada ou, simplesmente, comprar uma pela primeira vez. Na verdade, o mercado de segunda mão valorizou-se mais de 20% aqui por Espanha, e não é preciso esperar ou regatear muito para vender uma moto.

Com alguns dos modelos apresentados capazes de criar um desejo desmedido, por via de uma apresentação estética e técnica muito apelativas, o problema atual dos importadores e concessionários não é vender, mas sim ter motos para entrega. Algumas das marcas estão mesmo a prescindir de significativas campanhas de apresentação e familiarização com os seus modelos, por não terem unidades suficientes para entregar. A ideia passa por não criar uma ‘fome’ desmesurada na clientela que depois não terão capacidade de saciar.

A impressão geral com que fiquei é que alguns do construtores já se deram conta que os valores previstos de vendas deverão ficar ‘curtos’ em cerca de 20%, no final do ano. Este é um problema que afeta, sobretudo, as marcas dos segmentos ‘premium’, onde a falta dos mais variados componentes – sobretudo eletrónicos – nas linhas de produção, tem gerado uma entrega a ‘conta-gotas’ de modelos bem significativos e importante para os resultados de várias marcas.

Ainda assim, há quem afirme ter ‘stock’ disponível e sem temer quaisquer limitações de vendas, por falta de entrega, o que poderá gerar situações de vendas oportunistas e até ganhos, mais ou menos significativos, de quota de mercado. Entre estas contam-se marcas viradas para os segmentos de menor cilindrada e/ou produção na Ásia, onde as limitações da cadeia de fornecimento parecem ter sido resolvidas mais rapidamente.

A mobilidade elétrica está para ficar

A quantidade de marcas com gamas totalmente eletrificadas presentes no ‘Vive la Moto’ era a expressão, se alguém ainda tinha dúvidas, de que o futuro da mobilidade individual passará, em boa parte se não mesmo na totalidade, por veículos com motor elétrico, alimentados por bateria ou pilha de combustível. Não era habitual, num passado recente, ver marcas com expositores individuais, com áreas e quantidades de modelos nunca antes vistas. Há mesmo muitas marcas novas, em boa parte desconhecidas do grande público, mas que apostam cedo em mostrar-se e dar-se a conhecer, procurando um lugar ao sol quando as restrições sobre os motores térmicos individuais apertarem ainda mais.

Por outro lado, as nomes mais conhecidos despertaram para esta (futura) realidade e acordaram num protocolo de entendimento para partilha de baterias, que poderão ser trocadas em pontos de dispensa, como a Goggoro já faz desde há alguns anos na Formosa (Taiwan) e de que o protótipo apresentado em primeira mão pela Yamaha é disso um bom exemplo do que já está a ser feito. Aliás, e a jogar em casa, a própria Acciona (uma construtora espanhola que se tem expandido enormemente na área da mobilidade elétrica) apresentou mesmo um conceito idêntico de dispensa e troca de baterias, o ‘Battery Station’, em conjunto com a Silence 0,  para as ‘scooter’ e microcarros do fabricante catalão, que constituem a base das frotas de ‘car’ e ‘bike sharing’ Silence da Acciona nas principais cidades espanholas.

A ‘Battery Station’ é um conceito de postos de troca de baterias, com a particularidade de partilha entre as ‘scooters’ e microcarros da frota Silence da Acciona.

Portugueses marcam presença

Foram várias as caras que vimos no certame da capital espanhola. O destaque vai inteirinho para o vasto expositor da Multimoto, onde apresentava pela primeira vez ao público a mais recente marca representada na Península Ibérica, a Segway Powersports. O diretor geral, Adriano Duarte, era um homem feliz pela expansão alcançada nos dois mercados pelo grupo de Oliveira de Azeméis, tendo ao seu lado o responsável pelo mercado espanhol das restantes marcas, que incluem ainda a UM e a Linhai, Paulo Sérgio Anjos.

Adriano Duarte, à direita, com Paulo Sérgio Anjos no vasto espaço da Multimoto, onde surgiam as gamas
da Segway Powersports, Linhai e UM.

Mesmo ao lado, no também vasto expositor da Honda, fomos encontrar o diretor ibérico para a área moto, José Correia Luís, que se fazia acompanhar do diretor de comunicação da marca, Carlos Cerqueira, aproveitando o evento para realizar uma reunião dos concessionários nacionais na capital espanhola.

Muitos outros passaram por Madrid, nos três dias seguintes à inauguração do ‘Vive La Moto’, um certame desde há muito desejado e que os portugueses terão oportunidade de emular já no próximo mês, com a Expomoto a decorrer de 5 a 8 de Maio, no Exposalão da cidade do Porto.

José Correia Luís, o diretor da área moto da Honda Ibéria, viajou de Barcelona até Madrid para a inauguração do ‘Vive la Moto’.

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