Viagem a Nordkapp, de Vik a Ørnes.

  • Jorge Casais
  • 06.07.2021 – 10ª Etapa

De manhã bem cedo saí do “faroeste, e do hotel que não tinha Net, e rumei para o segundo troço Fv17. Já agora, esta estada possui 680 km de extensão.

A minha expectativa era alta porque sabia que seria a partir daqui que esta estrada iria ser a sério. E foi. Se foi. Poucos km decorridos entrava no primeiro ferry que ligou Horn a Andalsvågen Fergekai.

No ferry já é possível, tal como ontem ao final dia, vislumbrar qualquer coisa, mas longe, muito longe mesmo de imaginar o que iria ter diante dos meus olhos durante tantos km seguidos. Acabava de sair de um local ou de uma área brutalmente bonita, fazia uma curva e estava a entrar noutra tão ou mais magnífica que a anterior.

Até ao segundo ferry do dia percorre-se uma estrada bem simpática onde, aqui e acolá, despontam bem longe umas silhuetas de montanhas com formas inacreditáveis.

Este ferry dá continuidade à Fv17 ligando as localidades de Forvik a Vågsodden. É uma viagem que leva cerca de 1 hora mas que vale bem a pena. Andamos por ali a vaguear por entre ilhas e a nossa câmara fotográfica não para de fazer clic.

Se ainda no ferry é um chorrilho de Uaus, de isto não existe, ei que brutale porra isto é mesmo demais, quando o deixamos para trás e colocamos as borrachas no alcatrão então é que foi. Passamos a andar bem mais perto de todos estes Uaus, de isto não existe, ei que brutal, porra isto é mesmo demais!

Uma verdadeira montanha russa de emoções ao longo de todo o dia.

Alguns momentos que registei em fotografia e que partilho.

Chamam a esta formação montanhosa as 7 irmãs (Código para colar no Google Maps – XG82+MW Sandnessjøe )

Meia dúzia de km mais à frente e antes de percorrer uma ponte fantástica – Helgeland – paro e contemplo o que fica para trás (1ª foto), o que está para vir (2ª e 3ª fotos).

(Código para colar no Google Maps – 2PH2+X8 Sandnessjøen )

E lá estava de novo esta Noruega a surpreender-me. Se achava que já tinha visto tudo, a prova, nestes primeiros km desta minha segunda etapa da Fv17, é que já estava absolutamente rendido a esta estrada.

Vinha aí nova travessia sendo esta entre Levang e Nesna. Quando lá cheguei o barco tinha acabado de partir e teria que esperar duas horas e meia. Agarrei-me ao google maps e fui ver se haveria maneira de dar a volta. Havia sim, indo apanhar a E6 e depois sair da mesma bem lá à frente. Ainda meti caminho, tempo não me faltava, mas ainda antes de entrar na E6 disse para mim mesmo. Eu tenho que percorrer a Fv17 de fio a pavio, direitinho, pelo que lá vim para trás e ali fiquei no pontão, debaixo de um calor insuportável, à espera do ferry como um menino bem comportado.

Ai o que eu ia perder. Nem é bom pensar. Bem dita a hora que se fez luz na minha cabeça, ou então foi Odin que me ajudou a tomar a decisão acertada. Nesta altura voltei a encontrar-me com o meu salvador do dia anterior e até ao final deste percurso lá nos fomos encontrando, cada um no seu ritmo e ninguém a empatar ninguém.

Depois de Nesna a coisa é mesmo séria e são vários os spots que me levam a ir bem devagarinho ou até a parar. Em muitos nem captei em fotografei. Parei apenas para olhar e ficar siderado com o que estava diante dos meus olhos.

(Código para colar no Google Maps – 83F5+H2 Stokkvågen )
(Código para colar no Google Maps – 9254+8H Stokkvågen )

Neste conjunto de fotografias o local obriga-nos a deixar a moto cá em baixo e subir por um rochedo para melhorar o nosso campo de visão. Pois bem, lá deixo a moto com a tralha toda (isto é que é confiança), subo o rochedo, registo o momento em foto e vídeo e quando venho de vejo que a ST está “descansar”, tombada para o lado direito. Cheguei a pensar que teria colocado mal o descanso lateral ou que a terra não fosse tão firme. Nada disso. Quando chego perto da moto prontamente aparece um casal que me ajudou a levantar a ST, e mr explicou que foi uma autocaravana que parou perto da moto e que quando arrancaram, ao fazer a manobra, atiraram-na ao chão. Ainda cheguei a pensar ir atrás deles, que iam no sentido contrário ao meu, mas desisti imediatamente da ideia, mesmo depois de ter reparado que a moto ficou mais leve. A manete da embraiagem partiu na ponta.

E foi sempre assim. Sempre a ficar “babado” e abismado. Mas a cereja em cima do bolo ainda não tinha chegado. Ainda haveria de andar em mais dois ferrys até dar de caras com dois glaciares. Apenas consegui fotografar o primeiro dado que o segundo, mais pequeno, a estrada não permitia parar em segurança.

A emoção que senti quando fui com o César Vieira, integrado na “comitiva” organizada pela sua empresa “Boa Mota & Boa Mesa”, ao chegar ao deserto Saara foi quase a mesma que senti hoje quando vi um Glaciar. ABISMADO e a não caber em mim de contente por finalmente ter visto um Glaciar.

(Código para colar no Google Maps – 9254+8H Stokkvågen )

De facto este dia foi magnífico. Cada km percorrido melhorava. Já agora a estrada está duma forma geral em muito bom estado e muito bem sinalizada.

O único cuidado que temos de ter é não nos deixarmos levar pelo que estamos a ver e ir parar à outra faixa de rodagem ou quase ir valeta abaixo. O truque está em abrandar, quase parado, uma vez que não é permitido parar a moto na berma da estrada.

Uiiiiiiiiiiiiiii amanhã pelos vistos ainda é mais bonito o trajecto. Ainda me dá um treco!

  • Resumo financeiro do dia
  • Estadia – 100.00€
  • Refeições – 32.00€
  • Gasolina – 30.00
  • Somando tudo dá 162.00€
(*) Estes consumos são retirados do computador de bordo da ST que no início de cada dia faço reset ao mesmo neste parâmetro.

  • Percorridos – 380 km. Horas efectivas de condução – 07h26m Total de horas em passeio – 12h13m
  • Altitude máxima – 346 m Moto – Yamaha Super Ténéré

Vídeo

1 – https://youtu.be/QyX2D3k7-lw

2 – https://youtu.be/coAbltCOgSE

3 – https://youtu.be/ZgSZ-N5hMvg

Wikilok

https://pt.wikiloc.com/trilhas-motociclismo/06-07-2021-nordkapp-stage-11-vik-to-ornes-77596055

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