- Jorge Casais
- 11.07.2021
Tenho sido um afortunado com o tempo que tenho encontrado nesta viagem à Noruega, mesmo com aqueles dias de calor tórridos e sem ter equipamento adequado para lhe fazer frente.
Hoje de manhã não foi excepção, como o comprova esta foto capturada em Tromso quando já circulava pela E8.
Mas, a primeira atitude que tomei mal lavei as dentuças, fiz a barba e tomei banho, foi de ir imediatamente verificar se a moto ainda lá estava ou se tinha um problema sério para resolver. Estava lá e intacta. Mesmo sabendo que a ST dormia a céu aberto dormi e, pela primeira vez desde que aqui estou, foi o despertador que me acordou.
Convenhamos que o aspecto do parque deixava muito a desejar. Acredito que muitos motociclistas não tivessem coragem de deixar a mota ali mas, como costumo dizer, é pé na tábua e fé em Deus.
Como ainda era cedo para o pequeno-almoço, faltariam uns 20 minutos, dei uma volta pelas redondezas do hotel e capturei algumas imagens de casas que achei interessantes.
O Hotel Thon está bem localizado, pena não ter garagem, ficando a cerca de 500 m do Porto de mar e, pelo que percebi, onde existe mais movimento, imagino que seja no centro da cidade ou muito próximo dele.
Quanto ao pequeno-almoço foi tomado com calma… ainda estou sem fome a estas horas (18) pelo que dá para imaginar que foi muito bom.
Sabia que para estes lados era possível ver a aurora boreal (northern lights) com relativa facilidade. Não sabia era que a cidade de Tromso é conhecida precisamente também por se ver a aurora boreal com facilidade. Está na minha lista, e está no topo da mesma. Voltarei com a minha esposa, se calhar ainda este ano.
Empacotada a tralha nas caixotas da ST, toca a meter borracha no alcatrão. A jornada de hoje não era com tirada grande pois, na pesquisa de preparação da viagem que fiz, apercebi-me que iria ter alguns spots para parar. E assim foi, alguns até com algumas situações caricatas mas que quem costuma andar mais comigo sabe que me acontecem. Enfim.
Hoje esqueci-me por completo de colocar a APP My Ride da Yamaha a funcionar. Só me apercebi quando estava a atestar o depósito da ST na estação de serviço Statoil em Skibotn. Já tinham decorridos cerca de 115 km. No entanto, como tenho a panca das contingências e ando sempre com os dados ligados, consegui exportar o file da minha linha cronológica da Google e importar o mesmo no Base Camp. Yeeeeeeees! Nem tudo ficou perdido… apenas na App que não ficaram registados 150 km. Oh que chatice.
A E8 é uma boa estrada e conhecida pelas Auroras Boreais que se podem observar. É, aliás, o nome que dão a esta estrada, “Northern Lihgts Route”.
Ao longos desta estrada, como referi anteriormente, podemos capturar bons momentos dos quais deixo abaixo alguns exemplos.
Entretanto mais uma vez me distraí e não consegui registar o momento dos 175,000 km da ST…paciência. Sim, foi tirada em andamento, mas não é para dizer nada a ninguém.
Entretanto, desde que saí de casa no dia 26.06.2021, o binómio ST e Eu já tinham percorrido, naquele momento, 8441 km…agora terá mais um bocadinho. Cerca de mais 300 km.
Hoje não foi dia de fazer travessias de ferry mas ainda tive alguns túneis, sendo alguns deles com mais de 4 km de extensão dando lugar, num dos últimos pelo qual passei, a uma situação inesperada e caricata. Mas voltarei mais tarde a este túnel.
Entretanto em Skibotn avisto o que parece ser um glaciar, ou o que resta deles. E continuo a achar que o seja. Parei a moto no parque para fotografar o dito cujo.
Um casal bem simpático de Finlandeses numa autocaravana veio junto de mim para saber se o P da matrícula era de Portugal. Respondi-lhes que sim e tivemos ali os 3 cerca de meia hora na letra. Disse-lhe por onde andei e o que me falta atingir antes de virar a ST para casa, e ele disse que não poderia ir embora sem visitar Havøysund pois, segundo o casal, a estrada, a paisagem e vila são lugares imperdíveis.
A esta hora que escrevo para partilhar em www.motox.pt o resumo do dia, verifico que é coisa para cerca de 200 km daqui de Alta a Havøysund, depois uma ida pela vinda para apanhar de novo a E69 e ir para NordKapp… Huuuum. Ao todo são cerca de 405 km. Já fiz algumas vezes distâncias idênticas e até maiores sem stress. Está decidido que antes de NordKapp ainda irei a Havøysund !
Estupidez minha não fiquei com os dados do casal mas como ele tirou fotos da minha moto, várias, até pode ser que se lembre de ir ver o que quer dizer Motoclube Ferespe e chegar até mim. Era mesmo um casal bastante simpático e, quando estava pronto para arrancar, perguntaram-me se não queria registar aquele momento com o meu “Glaciar” como pano de fundo e eu ao lado da ST. Assim foi.
Antes de dar início a uma subida, que no inverno deve estar sempre fechada tal a quantidade de sinais e avisos de perigo, encosto a moto para olhar melhor para a paisagem, e sentado nela tiro algumas fotos. Achei que deveria ir um pouco mais à frente para conseguir uma visão mais limpa e sem cablagem e postes pelo meio. Ao sair da moto toquei com a bota no selector da caixa de velocidades, a moto engatou primeira e zás, lá veio a mota ao chão. Se tivesse a preocupação de desligar a mota antes de desmontar tal não me tinha acontecido.
Entretanto um casal de idade bastante avançada, numa autocaravana enoooooooooorme, parou ao meu lado mesmo no momento em que a ST tinha acabado de dar o sacão para a frente e cair. Ficaram muito preocupados porque achavam que eu não ia conseguir colocar a mota de pé sozinho. Prontamente se dirigiram para a mota. Bem, prontamente não é bem assim porque os não mais de dois metros entre a autocaravana e a mota chegaram de sobra para colocar a mota de pé sem ajuda.
Eu acho que estes momentos de bondade e ajuda são preciosos e únicos, mas seria uma maldade da minha parte que eu deixasse aquele casal de velhinhos tão simpáticos e queridos ajudar-me. Ainda lhes acontecia alguma coisa de certeza.
Passado este momento lá meti a moto a caminho subida acima, ultrapassei o casal que me acenou como se eu fosse neto deles, e chegado ao topo da subida desta montanha dou conta que deixei os óculos no rail. Toca a ir para baixo, sem stress, pois onde estavam era impossível desaparecerem, apanhar os desgraçados e vir de novo para cima.
Detesto andar de caixotes na ST mas tenho que reconhecer que permitem uma melhor arrumação e segurança, mas também tenho que reconhecer que quando a ST se lembra de desmaiar é bem mais simples de a acordar, pois a caixotaria não a deixa tombar tanto.
No cimo desta montanha, que nem é nada de especial em termos de altura, a visão que temos é magnífica e com o dia limpo que estava era a perder de vista.
Entretido a tirar umas fotos e apreciar o que estava diante de mim ouço uma moto a parar perto da ST. Quando vi o que realmente era, nem me quis acreditar. Tinha passado por ele logo na saída de Skibotn, entretanto fui parando e ele sempre no seu ritmo lá me ia passando e eu ultrapassando o diabo do caracol. Como a moto trazia tanta tralha nem consegui perceber o que era. Apenas que ele andava sempre à mesma velocidade. Devagar, devagarinho mas lá ia fazendo o seu caminho.
O meu espanto não foi só o ver a moto. Foi também o dizer-me que saiu da Dinamarca na segunda-feira passada e já tinha feito 2500 km. Ver nas fotos abaixo. Nem nunca ouvi falar de tal marca. O raio do Dinamarquês tinha a coisa bem estudada e montada.
Fiquei também a saber que ficará no mesmo hotel que eu e que amanhã também vai para o Nordkapp. O Dinamarquês deverá ter os seus 70 e poucos anos. Top. Quem me dera chegar à idade dele e ter o espírito que ele tem.
o último túnel mais comprido antes de chegar a Alta acontece o que eu não estava mesmo à espera. Todos os carros que vinham em sentido contrário davam sinais de luzes e gesticulavam com o braço fora da janela no sentido de ter cuidado e abrandar. Lá fui avançado, e já mesmo no final e a sair do mesmo dou de caras com uma manada de Renas a “invadir” a estrada. Felizmente filmei e consegui fotografar, deixando a mota à Tuga mas longe da cena…
Chegado a Alta o meu sentimento é quadripartido
1. Saudades, são dias muitos sem estar com a minha esposa e as minhas filhas. Se nos primeiros dias as chamadas em vídeo conferência até resultam, chega ali um ponto que falta qualquer coisa. Obrigado pela força que sempre me deram Filipa, Francisca, Rita e Patrícia. E no caso da mãe pelas secas que apanhou enquanto planeava esta viagem com o Youtube ligado a ver vídeos da Noruega.
2. Conquista. Bolas está feito. Mais um sonho/projecto conquistado. Ou melhor, está quase.
3. Fasquia. Será que coloquei a bitola demasiado alta, visitando logo um país tão fantástico como a Noruega? Para os meus padrões do que devem ser as paisagens, do como devem ser as estradas, de viajar a solo, etc…
4. FERESPE. Muito tempo sem estar fisicamente presente. Mesmo sabendo que a EQUIPA que lá está é uma EQUIPA A SÉRIO, pedi-lhes um esforço suplementar. OBRIGADO a Todos.
As condições meterológicas para amanhã indicam que o tempo estará incerto mas com chuviscos. Paciência, foram 16 dias até agora a rolar sempre com bom tempo. Nalguns dias até demais, com um calor abrasador.
Diário de bolsa…mas do meu casaco
- Estadia – 150.00€ (Hotel Scandic)
- Refeições – 32.00€
- Gasolina – 50.00€
Somando tudo dá 232.00€
- Percorridos – 377 km Horas efectivas de condução – 05h20m Total de horas em passeio – 06h45m
- Altitude máxima – 395 m Moto – Yamaha Super Ténéré
Vídeo
Wikilok
https://pt.wikiloc.com/trilhas-motociclismo/11-07-2021-nordkapp-tromso-to-alta-78010420