Vencer e perder na hora da despedida

A última do campeonato foi novamente uma corrida de loucos com mais de uma vintena de ultrapassagens entre Álvaro Bautista e Toprak Razgatlioglu.

O turco venceu na pista, mas ao passar para lá da pista na última curva viu a vitória ser-lhe retirada a favor do piloto espanhol, bicampeão mundial desde ontem.

Corrida onde os pilotos que vão mudar de equipa vieram inspirados para dar um último presente às suas atuais equipas.

O Mundial de Superbike não podia oferecer maior espetáculo no fechar de cena.

  • Texto: Fernando Pedrinho
  • Fotos: WorldSBK e Fernando Pedrinho

Jonathan Rea quis vencer na derradeira para a Kawasaki. Liderou desde início e seguia na frente quando perdeu a frente na curva 2 e disse adeus a um potencial triunfo. Ainda cortou a linha de chegada em décimo sétimo e no fim verteu lágrimas quando foi brindado com um ‘Thanks Johnny’ e abraçado por todos os elementos da equipa dos irmãos Roda. “Disse na grelha que esta corrida era para nós. O Pere [Riba] mudou a afinação por completo, para o que tínhamos ensaiado no teste de Maio. Logo na primeira passagem fiz 1’40’’ e sentia-me muito bem porque a moto estava radicalmente diferente, para melhor.

Mas na curva 2, a moto fugiu um pouco e em vez de aliviar o travão tentei fazer a curva e perdi a frente. Não era o que eu e a equipa merecíamos na última corrida. Mas o avanço direito estava tão dobrado para a frente e o poisa pés sem cinco centímetros que não dava para mais. Ainda assim, quando quando vi que estava a rolar no segundo 41’’ fiquei pasmado porque estava mais rápido que na corrida de sábado”.

Rinaldi sem força

Michael Ruben Rinaldi ainda recuperou até terceiro na corrida da tarde, mas acabou em quinto. “Foi um fim de semana complicado para fazer parar a moto”, começou por dizer. “Tinha muita vontade de vencer ou fazer um bom resultado e a quatro voltas do fim estava em terceiro colado ao duo da frente. Mas na curva 11, a frente escorregou e num milésimo consegui reagir e usei toda a minha energia muscular para guinar os avanços.

Ao fazê-lo senti uma dor no ombro direito e na travagem para a última curva quase caí da moto porque fiquei sem força para reagir. Perdi um segundo por volta e foi por isso que acabei por perder dois lugares. Acho que tenho um estiramento e tenho de ir ver com o fisioterapeuta”, disse o italiano que se despediu da equipa oficial da Aruba.it Ducati. Amanhã anunciará a sua futura equipa, que se espera seja a MotoCorsa.

Bautista (sem culpa) vence por erro alheio

Álvaro Bautista acabou por somar as três vitórias do fim-de-semana. De volta às cores amarelas, o seu número um surgiu multicolorido. “São as cores do campeão mundial de ciclismo”, explicou. Quanto à vitória na secretaria… “As regras sobre os limites de pista são claras e temos de as respeitar. Eu entrei muito por dentro e o Toprak ainda mais. É claro que gostava de ganhar sem a penalização de um adversário, mas no fim sabemos as regras do jogo”.  Para Bautista esta foi uma das melhores corridas de sempre do Mundial de Superbike.

No pódio, com o presidente da FIM, Jorge Viegas

“Mesmo melhor que Portimão”, disse, “porque no Algarve as ultrapassagens eram quase sempre na mesma curva. Aqui foi em qualquer lugar da pista”. Álvaro confessou ter ‘desligado a ficha’ para esta corrida. “Normalmente jogo com alguma margem de segurança, mas hoje não tinha esse problema e corri sem limitações. Ataquei onde queria e defendi onde tinha de o fazer, sem me preocupar em fazer erros. Hoje desliguei o botão da inteligência e entreguei-me à batalha”.

Toprak vendo pela primeira a imagem da sua infração

“Fui eu que ganhei!”

O protagonista de domingo acabou por ser Toprak Razgatlioglu, de malas aviadas para a BMW Motorrad. Uma vitória, na pista, que é um enorme cumprimento e agradecimento à Yamaha, mas simultaneamente uma chapada de luva branca, por a marca dos três diapasões não o libertar antes de Dezembro e, desta forma, alinhar já nos primeiros testes que vão ter lugar no circuito jerezano já esta semana. “Fui eu que ganhei”, disse com ar sério na conversa com os elementos da comunicação. “Fui o primeiro a passar a meta com na bandeira de xadrez! Eu ganhei!”. Toprak revelou estar à espera do ataque de Bautista na última curva. “Entrei a meio da penúltima e estava à espera que ele viesse por dentro. Meti-me por dentro da última curva mas não li bem a saída de curva, a traseira escorregou no corretor e o pneu deve ter tocado na zona verde”.

Foi a altura mostrar a foto do sucedido a que se sucedeu um longo silêncio. “Mas isto é apenas um pneu, não os dois. Se não fosse este corretor [chamados de Misano, pela sua forma e onde foram estreados pela primeira vez] eu não teria ido fora do limite da pista. Há que rever estas regras e ver se o piloto ganha alguma vantagem por exceder o limite da pista. Tive azar nas duas últimas corridas”. O piloto volta agora à sua Turquia natal e estará de volta às pistas em Dezembro, no AIA Portimão, para os testes de pré-temporada com a nova equipa da BMW.

Dominique Aegerter colado ao duo da frente, Toprak Razgatlioglu e Álvaro Bautista

A melhor de Aegerter nas Superbike

Dominique Aegerter, que estoirou literalmente o motor de uma das suas YZF-R1 na ‘Superpole Race’ fez a melhor corrida desde que chegou a esta categoria. Alcançou o pódio na ‘sprint’ matinal e voltou a fazê-lo à tarde, rechaçando os ataques de Andrea Locatelli e Michael Ruben Rinaldi, para terminar a três décimas do primeiro ao mostrar da bandeira axadrezada. “Acho que já passei por altos e baixos mais pronunciados na minha carreira”, disse com uma gargalhada. “Hoje passei por tudo. Depois do incidente da Superpole Race estava danado e meia hora depois felicíssimo por estar no pódio”, resumiu desta forma o domingo de manhã. Na corrida esteve sempre colado aos da frente, algo que nunca havia feito na sua época de ‘rookie’.

“É o meu melhor resultado de sempre em ‘Superbike’ por isso estou muito contente”. Dominique confessou ter pensado em atacar Álvaro Bautista, após as primeiras cinco voltas, “mas ele depois apertou o ritmo e foi a batalha que se viu na frente. Teria de arriscar muito. Ele fez alguns erros ao alargar algumas trajetórias, mas a forma como recolava ao Toprak era impressionante. O Toprak fez um trabalho notável. Para nós, que vínhamos atrás, era um pouco acima das nossas possibilidades”.

A imagem que resume o fim de semana de Axel Bassani, não obstante ter-se sagrado campeão dos pilotos independentes

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