Triumph Thruxton 1200 R

Texto e fotos: Alberto Pires

A Thruxton 1200 R consegue combinar na perfeição a herança desportiva da marca com os requisitos técnicos obrigatórios para um qualquer modelo de elevada performance da atualidade.

A Triumph Thruxton R é muito mais que uma “Café Racer”, é a materialização da memória de um passado exuberante numa pista mítica, envolta num estilo genuíno e dotada de soluções tecnologicamente evoluídas. O quadro em tubo de aço combina na perfeição com o braço oscilante em alumínio, e qualidade das suspensões saltam à vista. Na traseira monta um par de amortecedores Ohlins de reservatório separado e na frente uma forquilha invertida Showa, rematando o conjunto um sistema de travagem composto por pinças Brembo monobloco, montadas radialmente.

Quanto ao motor, o bicilíndrico com 1200 cc destaca-se pela disponibilidade em baixa rotação, oferecendo em redor das 2.500 rpm mais de 100 Nm de binário. As alhetas que envolvem os cilindros estão de acordo com a estética dos anos ’60, criando a ilusão que a refrigeração é por líquido, sendo complementada esta aproximação histórica através dos escapes megafone, falsos carburadores, cinta de fixação do depósito, formato dos guarda-lamas, piscas e toda a zona frontal.

O primeiro contacto é agradável. A embraiagem é suave, o banco está a uma altura razoável, o descanso aciona-se com facilidade e a grande capacidade do motor não é evidente no seu pulsar. O arranque é fluido e a caixa de velocidades é precisa, mas obriga a decompor o movimento. A primeira nota desportiva é proveniente da travagem, mais potente do que se está à espera, mas felizmente bastante doseável.

A condução em cidade é descontraída, as suspensões absorvem bem as irregularidades próprias deste ambiente e a maneabilidade é suficiente para ir contornando os obstáculos, apesar de se sentir o seu peso. O raio de viragem é razoável, necessitando de apenas 5,4 metros para inverter a direção. O formato e a posição dos espelhos retrovisores, fruto do seu estilo, coloca algumas limitações, implicando um espaço maior ao passar pelo meio dos automóveis. Menos agradável também o calor proveniente do lado esquerdo do motor, sobretudo em dias quentes, enquanato aguardamos autorização do semáforo para arrancar.

O painel de instrumentos é uma bem concebida peça de design, aceitando-se assim os números pequenos, e disponibiliza imensa informação. A mais impressionante é a do consumo, que se ficou pelos 5,5 litros, apesar da utilização não ter tido a economia como preocupação.

Em estrada a Thruxton R ganha outra vida. Os três mapas de gestão do motor alteram apenas ligeiramente a sua personalidade, mas ter seleccionado o controlo de tração ou o ABS faz toda a diferença. O ABS é útil nas zonas de empedrado, mas o controlo de tração podia ser menos intrusivo, justificando-se apenas, por segurança, se o piso estiver molhado. O motor é generoso, a partir das 2.500 rpm aguenta rodar em sexta velocidade sem vibrações e acelera nas anteriores de forma encorpada até às 6.000 rpm, mais do que suficiente para evidenciar o seu caráter desportivo. É precisa na mudança de direção, estável em curva e viva em aceleração. Melhorou também em termos de conforto. O banco é ergonómico e todos os comandos atuam com uma docilidade inimaginável anteriormente. A iluminação é muito boa, o feixe é potente e bem espalhado, e a comutação com o indicador esquerdo é fácil.

Apesar de ser uma das mais belas motos da atualidade, a Triumph oferece aos seus clientes a possibilidade de a personalizar, sendo generosa a oferta no catálogo da marca.

O painel de instrumentos, guiadores e espelhos retrovisores são um exercício de estilo. A ergonomia dos comandos é boa e a informação nos mostradores extensa, sendo a digital reservada para seleccionar as ajudas eletrónicas ou determinar os valores de consumo e autonomia, para além de luzes avisadoras.
A Thruxton R monta na dianteira o que há de melhor ciclisticamente para uma desportiva. Porventura, para a utilização que lhe vai ser dada, não se justifica uma forquilha invertida deste nível, ou um conjunto de travagem Brembo como o que apresenta, mas o espírito que lhe está na origem assim o obriga.
Os megafones de excelente sonoridade combinam na perfeição com os Ohlins multireguláveis
O sistema de injeção está disfarçado ao melhor estilo da época !

Assista ao vídeo com a opinião do seu proprietário

Ficha Técnica

Motor

Tipo: 4T, dois cilindros paralelos, refrigeração líquida

Distribuição: SOHC, 4 válvulas p/cilindro

Cilindrada: 1200 cc

Diâmetro x curso: 97,6 x 80 mm

Potência declarada: 97 cv às 6,750 rpm

Binário declarado: 112 Nm às 4.950 rpm

Alimentação: Injecção electrónica

Arranque: Eléctrico

Embraiagem: Em banho de óleo

Caixa: Seis velocidades

Ciclística

Quadro: Berço em tubo de aço

Suspensão dianteira: Forquilha Showa invertida com 43 mm de diâmetro e com 120 mm de curso

Suspensão traseira: Dois amortecedores Ohlins com 120 mm de curso, completamente ajustáveis

Travão dianteiro: Dois discos de 310 mm, assistidos por pinças Brembo monobloco radiais de quatro pistões, com ABS

Travão traseiro: Disco de 220 mm, com pinça Nissin de dois pistões

Roda dianteira: 120/70-17’’

Roda traseira: 160/60-17’’

Peso e dimensões

Distância entre eixos: 1.415 mm

Altura do assento: 810 mm

Capacidade do depósito: 14,5 L

Peso a seco: 203 kg

Preço: 16.400 €

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