Triumph Street Triple RS. Referência explosiva

De estilo inconfundível e roupagens provocantes, a Triumph Street Triple perdeu peso em 2017 e reforçou promessas de enorme prazer com personalidade ainda mais… explosiva. Descobrimos esta inglesa atrevida na Catalunha, em animado passeio pelas retorcidas estradas do maciço montanhoso de Montseny. E tirámos as medidas à nova referência explosiva do segmente ‘roadster’ em escaldante visita ao circuito de Barcelona.

  • Texto: Paulo Ribeiro
  • Fotos: A. Brabanti, M. Cavadini e F. Kirn

Com imagem geradora das mais diversas opiniões aquando do lançamento, em 2007, a Triumph Street Triple impôs-se no mercado graças a exemplar comportamento dinâmico e motor de carácter forte. Ganhou muitos adeptos, mais de 50 mil segundo a marca britânica, e depois das primeiras alterações em 2013, foi alvo, em 2017, de profunda renovação. Novidades enormes que começam com estratégico crescimento de família do mais importante modelo da Triumph em termos de vendas, e prosseguiu com refinamento estético.

Linhas mais acutilantes, adaptadas às atuais tendências de moda, mas sem abdicar do duplo farol dianteiro que, desde o nascimento, é importante imagem de marca. Fidelidade aos códigos estéticos que continua nas dimensões compactas, com jogo de volumes centrado no conjunto motor/depósito mas sempre longe da tendências manga das máquinas nipónicas. Evolução algo tímida, é certo, optando pela evolução em vez de revolução.

Seja como for, um certo conservadorismo justificado pela importância icónica do modelo, com aproximação à irmã maior, a Speed Triple. Aliás, uma comparação que faz sentido também na posição de condução. Atirada sobre a dianteira, de assumida desportividade a partir de banco e depósito com perfil que permite bom encaixe das pernas. Pouco dobradas, em acertada mescla de conforto e mobilidade em condução desportiva.

Desportiva despida… de preconceitos

E note-se que, condução desportiva, é algo que esta moto faz na perfeição. Ou não possuísse um motor derivado da supersport Daytona! Ainda assim, uma versão revista e ampliada, com mais de 80 peças novas face à antecessora, crescendo dos anteriores 675 cc para 765 cc. Com curvas de potência e binário superiores em todas as rotações, todas as versões ficaram a ganhar. Sobretudo com particular incidência na Triumph Street Triple RS, topo-de-gama que testámos a fundo na Catalunha.

Com 123 cavalos e as duas primeiras relações mais curtas, a mais desportiva das ‘roadsters’ inglesas surge com motor cujo maior elogio é dizer que tem equilíbrio e resposta constante de um quatro-em-linha e vivacidade de bloco em V, com alma enorme em toda a faixa de rotações. Basta acelerar de forma mais decidida, em qualquer velocidade, para sentir a evolução, mostrando grande nervo, mas sempre sob controlo graças às ajudas eletrónicas, permitindo tirar o máximo partido de todo o potencial, independentemente do estado da estrada ou do espírito do condutor.

A adoção do acelerador eletrónico ‘ride-by-wire’ permitiu, além da maior suavidade e controlo ao rodar o punho direito, a montagem de modos de condução (5 no caso da RS) e do controlo de tração que, tal como o ABS, pode ser desligado. E que foi de grande ajuda nas estradas húmidas em redor de Barcelona, sem beliscar a forte resposta mesmo no modo Rain. Por outro lado, esse controlo absoluto prossegue nas opções Road, Sport, Rider (com parâmetros programáveis à vontade do condutor) e Track, apenas utilizável em pista. Note-se que, em todos o valor de potência é igual, mudando apenas a forma como é entregue graças a diferentes relações do acelerador.

  • Triumph Street Triple RS

Novo motor e muita eletrónica

Bloco bem ajudado por caixa de velocidades de dureza desportiva, sensação minimizada com recurso ao ‘quick-shift’ que permite subir de velocidades de forma mais rápida. Desse modo, sem cortar gás ou embraiar, técnicos britânicos garantem que o ganho é de 2,5 vezes face ao mais experiente dos pilotos! Já o sistema eletrónico para descer caixa não foi utilizado porque o ganho não justificava o incremento de custo e complexidade do sistema. Mas que dava muito jeito, ao lado da embraiagem assistida e deslizante, sobretudo em circuito, lá isso dava…

Aliás, foi em circuito, depois de aprender o novo traçado mundialista de Montmeló, já com a chicane que evita a rápida esquerda onde faleceu Luis Salom, que comprovamos a validade do conjunto. Por um lado o motor, sempre cheio, permite sair das curvas mais lentas com rapidez. De tal forma que até a traseira pode derivar em bem controladas escorregadelas, utilizando o alongamento da 2.ª relação. Por outro lado, também a suspensão mostrou excelência, ainda que afinada segundo parâmetros de condução desportiva. Mas não para pista, devido às irregularidades do piso e à baixa temperatura do asfalto.

Muito suave em ritmos mais turísticos, absorvendo bem as irregularidades e ressaltos nas estradas de montanha no início do curso, o conjunto Showa/Öhlins mostrou-se perfeitamente preparado para as maiores exigências. Permitindo mesmo fácil bailado, com o ligeiro abanar da traseira quando o ritmo aumenta em consonância com o entusiasmo e a confiança, prontamente resolvido com o endurecimento da suspensão, inteiramente regulável.

Endiabrada a acelerar como a travar

Também a travagem fica a ganhar, permitindo, em circuito, tirar o melhor proveito das pinças monobloco Brembo M50 – as mesmas utilizadas no Mundial de Superbikes. Que, depois de toque inicial pouco convincente em estrada, parecendo ausente num primeiro momento, ganhou melhor feeling com a afinação da pressão exercida pela manete. Tarefa simples para tirar todo o partido da enorme capacidade de travagem que, mesmo sem Cornering ABS, mostrou-se à altura de exigências de corrida. E que permitiu explorar os pneus Pirelli Supercorsa SP montados de origem na Triumph Street Triple RS.

Versão comercializada em cinzento mate e preto metalizado, e que tem no painel TFT de 5 polegadas verdadeira joia da coroa. Ultracompleto, com plêiade de funções que gastariam todo este espaço para as descrever na totalidade, é muito mais fácil de utilizar do que descrever. Acima de tudo, é muito intuitivo e com boa ergonomia de aplicação.

Resumidamente, muito eficaz em estrada e surpreendente em pista, a Triumph Street Triple RS é uma das ‘naked’ mais divertidas da atualidade. Capaz de conjugar na perfeição enorme vivacidade e facilidade de condução. E sem perder pitada da reconhecida eficácia ciclística, deu importante passo, rumo a melhor dinâmica e motor mais performante.

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