O dia começou perfeito com uma boa temperatura, céu azul e poucas nuvens. Tudo a deixar antever que teríamos um passeio pelas montanhas Pirenaicas do melhor. Mas nem sempre as coisas correm como previsto. De tal forma que fiquei farto dos Pirinéus e dos seus ‘cols’. Afinal, quem viu um, viu todos… Mas já lá vou!
- Texto e fotos: Jorge Casais
Num dia que prometia ser longo, saímos do hotel rumo ao ponto zero da Transpirenaica, bem junto ao farol de Hondarribia, começando desde logo a atacar os Pirinéus Atlânticos, saltando entre Espanha e França. Predominam largamente as passagens por as estradas do do lado francês, verdadeiramente soberbas na fase inicial. Estreitas, com muitas curvas, quase sempre a subir e envolvidas por paisagens divinais e pequenas localidades encantadoras.
O verdadeiro carrossel teve início a partir da estrada GI-3420 seguindo-se a NA-4000. Duas estradas cuja travessia vale bem a pena. Decorridos mais uns quilómetros, sempre entre paisagens e localidades muito interessantes encontramos a estrada NA-1740, também no lado de Espanha, que é um verdadeiro mimo.
Chegados ao final desta estrada entramos na NA-138 que, qual não foi o meu espanto, decorridos meia dúzia de quilómetros nos levou ao que resta de uma fábrica de armamento. Pensei eu, no meio dos Pirinéus? O que é certo é que existiu e tem o que resta dela a poder ser visitado. A empresa era a Real Fábrica de Armas de Eugi.
Logo de seguido entramos em França e tomamos a D58. Achei curioso que a maior parte das vezes quando atravessamos uma fronteira notamos logos as diferenças na forma de construção das casas, no entanto neste caso as diferenças, se é que existem, são quase impercetíveis. Apenas nas igrejas se notam diferenças.
O primeiro col pelo qual passamos, acima dos 1000 metros, foi o de Puerto de Ibañeta com 1057 metros que se percorre pela estrada 135. E depois deste topo, descemos até Roncesvalles, uma localidade bem simpática, onde aproveitamos para fazer uma pequena pausa e tomar um café.
Decorridos cerca de 50 km, onde realço a paisagem e estrada, passamos por mais um col (Laza) com 1129 metros na estrada NA-140. Estava mesmo a correr bem em todos os sentidos. Estradas top, paisagens divinais, temperatura excelente para andar de mota.
Chegados a Isaba, passamos para a estrada NA-137 situada num vale lindíssimo e onde era possível ver duas coisas. O Col pelo qual iríamos passar a seguir e as condições meteorológicas que andavam lá para cima. Não gostei lá muito daquelas nuvens cerradas que nem se conseguia perceber se eram de nevoeiro ou de chuva… Ou as duas situações juntas.
Lá continuamos pela NA-137, iniciando subida vertiginosa montanha acima e, mais ou menos a meio, ainda conseguimos capturar com as nossas câmaras fotográficas e telemóveis aquele momento divinal.
Atravessamos a fronteira para França e aqui começou a desgraça. Ao chegar ao Col de Pierre Saint Martin, a uma altitude de 1765 metros, o que vimos foi… nada. Mas mesmo NADA! O nevoeiro era tão denso que não se via para além de 4 ou 5 metros. Pensamos nós que foi azar e que nos topos de montanha que se seguiam a situação ia melhorar.
Depois daquela nevoeirada toda a estrada que se seguiu foi a D441 que nos levou até à D442. Esta última é uma daquelas estradas que dá vontade de repetir, não sem fazer toda a descida bastante apreensivo e só rezava que não viesse um carro em sentido contrário pois o meu irmão veio de carro e sinceramente não estava a ver o que se poderia fazer. Felizmente conseguimos chegar cá em baixo sem sobressaltos e conseguimos curtir a estrada, a paisagem e os animais que se cruzavam connosco.
Quem vier para estes lados e tiver curiosidade recomendo um passeio por esta D442 já do lado dos Pirinéus Franceses.
Bedous, Sarrance, Escot, Bielle, Laruns e Gourette são algumas das localidades bem interessantes pelas quais passamos usando as estradas N134, D294, D934 e D918. Nesta última quando começamos a subir em direcção ao Col de D’Aubisque percebemos logo que o filme de terror iria ser como no col anterior. Isto é, que o nevoeiro iria ser de cortar aos gomos. Assim foi. Como este é um dos Col míticos lá saí da mota e registei o momento em foto.
Agora explico porque razão no início disse que quem viu um Col viu todos. Daqui para a frente foi sempre assim ou ainda pior como os casos dos Col de Tourmalet a 2115 metros de altitude, o Col D’Aspin a 1489 metros e o Col de Peyresourde a 1569 metros.
Como um mal nunca vem só acabamos a dormir numa zona muito bonita mas num hotel que, pelo menos para mim, estava longe das minhas expectativas. Explicando melhor eu diria que era mesmo fraquinho.
Uma coisa é certa VOLTAREI tantas vezes que forem necessárias para percorrer esta rota dos Cols até que apanhe bom tempo e acho que quer o meu irmão quer o João ficaram a pensar o mesmo.
Transpirenaica
07.08.2021 – 2ª Etapa
De Hondarribia a Bourg D’Oueil
Percorridos – 514 km
Horas efectivas de condução – 11h12m
Total de horas em passeio – 13h10m
Altitude máxima – 2120 m