- Texto e fotos: Jorge Casais
Mesmo tentando, acabamos por deixar Andorra sem ensejo de gastar uns euritos. Não que não tenha tentado, porque ainda tentei encontrar um fato de Gore-Tex. Mas como aqui parece que todos os motociclistas são gigantes, não encontrei nada… Ou serei eu demasiado baixinho? Se calhar é isso. Por isso e como tínhamos tempo para chegar a Roses deixamos Andorra ao final da manhã…
Voltamos à Transpirenaica, recuperando a estrada N-260 que deixáramos na véspera, exatamente em La Seu D’Urgell, estrada com início na localidade de Sabiñánigo e final em Portbou, ao longo de cerca de 460 km. Uma estrada altamente recomendável que termina mesmo na fronteira com França, de onde passamos para a D914. Altura para confirma a impressão francamente positiva que esta estrada tinha deixado, com imensas curvas bem desenhadas e paisagens bem marcantes, pedindo uma condução em modo relaxado. Algumas das localidades pelas quais passamos merecem também uma visita mais demorada… mas desta feita a ideia era mesmo percorrer a Transpirenaica, pelo que foi olhar e seguir viagem.
No percurso inicialmente planeado, a N-260 não iria ser cumprida em toda a sua extensão pois, para percorrer a Transpirenaica, ao passar por Belver de Cerdanya, uns quilómetros adiante, surge a N-1411, seguida da LP-4033b que nos leva até Alp. Bastou percorrer umas centenas de metros na E9 para logo a seguir tomarmos a estrada GI-404 e depois a GI-400 que nos leva por Masella, pela estância de ski de Molina e La Collada. Aqui encontramos de novo a N-260 que percorremos até Ripoll. Esta GI-400 vale mesmo apena percorrer, aqui ficando uma forte recomendação a quem por aqui passar.
- As três fotos acima foram capturadas na GI-400 na estância de esqui de La Molina (Código para colar no Google Maps – 8WQR+2J La Molina)
Se até aqui esta travessia da Transpirenaica estava a ser excelente assim continuou. Constantemente brindados com muitas curvas, alcatrão em bom estado e a puxar pelo punho direito com maior firmeza… Mas havia que controlar os desejos mais racing porque o importante mesmo era curtir o conjunto estrada-paisagem-localidades.
Imagens da N-260 (Código para colar no Google Maps – 82G9+WR Toses)
Deixo aqui uma imagem, a título de exemplo, onde procuro partilhar o que é percorrer as GI-400 e N-260. Muitas curvas com muitas subidas e descidas à mistura. Mesmo como gosto e julgo, que de uma forma geral, todos os amantes das duas rodas de motor a combustão gostam (‘over and out’ porque os eletricistas não vão gostar). Um verdadeiro carrossel e dos bons.
Chegados a La Colònia Llaudet deixamos de novo a N-260 e entramos na C-38 até atingirmos a fronteira com França. Mais uma para a coleção. Que maravilha de estrada. Já na segunda metade da C-38 paramos, pois a fome e sede já apertavam. Como no pequeno-almoço preparamos umas coisitas para petiscar lá paramos as nossas motas à sombra e perto de roulotte onde vendiam, entre outras coisas, CAFÉ EXPRESSO.
Barriga reconfortada implica borracha de novo no alcatrão. Foi o que fizemos, para, uns quilómetros mais à frente, voltarmos a entrar em França pelo Col d’Ares, com os seus 1515 metros de altitude.
Uma curiosidade, em termos de altitude, desde que saímos de Andorra até o Col d’Ares foi o facto de começarmos à cota de 1809 metros, chegamos a atingir 1804 metros e o ponto mais baixo que andamos foi de 697 metros. E, reentrando em território gaulês, mais um conjunto de estradas TOP, com a D115 a atravessar várias localidades bastante bonitas, com destaque para Prats de Molló.
A D5 atravessa a bonita localidade de Saint-Laurent-de Cerdans, que, mesmo sem paragem, viu a sua beleza registada em vídeo. Esta D5 leva-nos até à fronteira com Espanha, logo a seguir a Coustouges, e passamos a percorrer a GI-503 até Darnius. Mais uma estrada excelente a juntar a todas as outras que antecederam, independentemente do lado da fronteira.
Já começava a cheirar a Mediterrâneo, com uma alteração dos tons da paisagem, do verde mais intenso das montanhas ao verde mais pardo e seco, mais mediterrânico. Uma sensação sublinhada pela vegetação nitidamente mediterrânica que nos acompanhava desde a entrada em França, através do Col d’Ares. Seguiram-se as estradas GI-502, GI-602, GIV-6022, GIP-6031, GI-603, C-252, GI-604, GIP-6041. Todas elas uma verdadeira maravilha para rolar de moto, algo que, sublinhe-se uma vez mais, vale a pena ponderar ao andar por estas bandas.
Fizemos um “short Cut” que estava planeado, pois viemos pernoitar a Roses e amanhã voltaremos à estrada para apanharmos a GI-614 que nos levará até Cadaqués (Salvador Dali andou por aqui) e depois iremos até ao Cabo de Creu, terminado assim a nossa viagem pela rota, “on road” apenas, da Transpirenaica.
https://pt.wikiloc.com/trilhas-motociclismo/09-08-2021-andorra-a-roses-80533966
09.08.2021 – 4ª Etapa
De Andorra a Roses
Percorridos – 296 km
Horas efectivas de condução – 05h38m
Total de horas em passeio – 06h54m
Altitude máxima – 1817 m