- Texto: Fernando Pedrinho
- Fotos: G.N.R.
Desconheço o autor da foto de abertura deste artigo, cuja origem remonta a 1937 e terá sido tirada durante uma demonstração de soldados do Exército Britânico, o qual, ao contrário de outras forças armadas como a marinha ou a força aérea, nunca recebeu a designação de real (‘Royal’).
O que mais me chamou a atenção nesta foto foi o sorriso do elemento mais distante da plataforma de salto, assim como o ar descontraído dos elementos desta esquadra, ou grupo de combate, espalhados pelo chão, mas também do ‘cascadeur’ que executa o salto. A confiança parece imperar em todos eles, seguros da perícia do executante e na certeza de que a moto irá aterrar depois do último elemento desta longa fila. Não sei qual o resultado final da acrobacia, mas acredito que esta terá sido efetuada várias vezes de forma bem-sucedida, o que justifica os semblantes de descontração e o sorriso, que não de nervosismo à espera de que uma moto nos caia em cima.
Por cá, a moda também pegou, quando nos anos quarenta a Guarda Nacional Republicana criou o Carrossel Moto. Lembro-me de os ver várias vezes e como a miudagem, e os graúdos, observavam espantados os exercícios de equilíbrio em cima das robustas Sunbeam S-7 500. Num deles colocavam perto de uma tonelada de equilibristas em cima da moto, enquanto o condutor tentava descortinar o trajeto por uma floresta de pernas, num exercício deveras impressionante de se ver.
Estes pioneiros do ‘freestyle’ costumavam treinar ali para os lados da Calçada da Ajuda, em Lisboa, mais precisamente no Regimento de Cavalaria desta força de segurança. Além dos saltos de rampa e das mais variadas combinações de piruetas, havia o sempre desejado salto por entre um arco em chamas, que contraía o coração do público feminino perante tamanha demonstração de coragem e audácia.
Hoje os tempos são outros e falamos de ‘backflip’, ‘superman’, ‘volt’ e muitos outros anglicismos, com os saltos a atingirem muitos metros de altura e comprimento. Os sorrisos, esses sim, são de real nervosismo, como o de um trapezista sem rede antes de iniciar o seu número.