Remy Gardner: “Sinto-me feliz nas Superbike”

É inquestionável que Remy Gardner deixou o MotoGP com um amargo de boca. O australiano, tal como sucedeu com Iker Lecuona, sente que não teve tempo suficiente para mostrar o seu valor na categoria máxima de protótipos, acabando por reforçar a grelha do mundial dedicado às motos de série. Mas como se sente o filho do crocodilo no Mundial de Superbike?

  • Texto: Fernando Pedrinho
  • Fotos: Victor Barros, WorldSBK, Fernando Pedrinho

Remy Gardner rubricou um bom desempenho na sexta feira, apesar não estar contente com o seu ritmo de corrida. “Temos de melhorar as afinações da moto”, disse. “Uma volta com o SC0 pareceu boa, mas ainda nos faltam duas décimas para o ritmo que queremos alcançar. O fim de semana dever um pouco mais fresco, pelo que almejamos roda no segundo 40 baixo. Mas tenho de me sentir mais confortável em cima da moto”.

Fazendo um balanço da sua época como ‘rookie ‘ no Mundial, Remy revelou ter tido “um problema na moto que persistiu até à corrida de Donington”, embora sem revelar a origem do mesmo. “Foi praticamente como arrancar da casa de partida a partir da ronda inglesa, porque todo o trabalho feito até então na afinação da moto revelou-se totalmente inútil. Não tirei total partido desta melhoria nas provas em que andei bem. Afinal de contas é uma situação normal, pois é tudo novo para mim, desde a moto à categoria, passando pelos pneus. Temos aprendido passo a passo e já tivémos alguns fins-de-semanas bastante bons desde Most. Mesmo em Imola, onde estive doente, também me tem faltado alguma sorte.”

Dificuldades de adaptação ao novo calçado

Para o natural de Sydney, mas que fala um castelhano perfeito, a adaptação aos Pirelli tem sido um obstáculo na sua progressão. “É um processo em curso, um pouco mais demorado do que estava a contar no início da temporada.”

Remy Gardner não hesitou um segundo em afirmar que o seu futuro passa pelo paddock das Superbike. “Cem por cento garantido!” ripostou. “Estou muito contente neste campeonato. Gosto de pilotar estas motos porque te fazem sentir um piloto normal, e não um autómato como nas MotoGP em que tens de andar sobre carris constantemente. Além disso são menos fins-de-semana por temporada, o que dá para passar mais algum tempo em casa. Tenho aproveitado para praticar outros tipos de pilotagem, como o enduro ou o trial. Honestamente, vejo um futuro brilhante. Se olhares para a minha carreira, vê que me tomou sempre dois anos para entender e expressar resultados numa nova categoria. No Moto2, por exemplo, no primeiro ano andei a descobrir como era, mas é sempre assim quando dás o primeiro passo”.

Revelação em 2024? “Sim, espero que o próximo ano seja muito bom. Acho que podemos ter uma época muito forte e estamos já a trabalhar nesse sentido, com a definição base do que vamos necessitar durante a época de testes, para melhorar o nosso ritmo e, sobretudo, para as qualificações, que é uma área onde ainda sinto dificuldades”.

Yamaha versus Ducati, ou a ‘receita’ Toprak?

Iniciar uma época como ‘rookie’ numa Yamaha é mais complicado do que numa Ducati, mesmo que de uma equipa satélite? “São motos incomparáveis, mas no fim de contas a Yamaha é capaz de conseguir bons resultados. Só que de uma forma diferente, muito mais no limite, algo que ainda estou a aprender. De momento, só o Toprak [Razgatioglu] parece ser capaz de o fazer de forma consistente, mas ele tem um estilo especial e entende muito bem a R1. Não acho que vá pela ‘via’ Toprak, mas há outras formas de pilotar uma moto e só tenho de descobrir como e adaptar a moto ao meu estilo o que, obviamente, leva tempo. Como te disse, Donington foi como começar de novo e a progressão tem sido evidente”.

Ainda assim, a esfuziante forma de pilotagem do piloto turco parece ser a única formar de levar a R1 aos lugares de pódio reconhece Remy Gardner “O Toprak é um piloto extremamente talentoso e consegue extrair tudo o que a moto pode dar. Entende muito bem a R1 e já a pilota há alguns anos neste campeonato. Tem experiência com a moto e os pneus o que ajuda muito. Mas continuo a achar que não é a única maneira para andar rápido com a Yamaha. Olha para a o ‘Loca’ [Andrea Locatelli] que consegue, por vezes, ser bastante rápido. E também depende da pista, pois em Phillip Island, por exemplo, acho que andei melhor que eles”.

Comparar o incomparável

E para um ‘rookie’, como Gardner, ter Toprak Razgatioglu na mesma moto é um exemplo a seguir, ou antes um obstáculo na aprendizagem? “Comparando a telemetria não encontramos nada de estranho. É na afinação, que é bastante diferente, que residem os pontos de discordância. Ele próprio o afirma! Mas o que funciona para ele não resulta comigo, e com os restantes pilotos. O ponto positivo é eu também temos dados das motos do ‘Domi’ [Dominique Aegerter] e do Andrea [Locatelli]. São quatro pilotos que podem compartilhar informação e tirar conclusões. Há sempre um de nós que é mais rápido num dos setores, pelo que podes compor a volta ideal para uma R1. Só há que enfrentar os desafios de forma racional e passo a passo”.

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