
Texto e fotos: Jorge Casais
Quando planeei o passeio que se iniciou em Vila de Frade e que terminou no Pópulo, tinha na altura planeado continuar do Pópulo até Ponte de Telhe. A ideia continuaria a ser percorrer as localidades pelo seu interior bem como as estradas municipais e camarárias que unissem estes “dois pontos”.

Como são trajectos demorados, não pela quantidade de quilómetros a percorrer mas pelas muitas paragens que se vão fazendo para registar os fantásticos momentos pelos quais vamos passando, sobre a forma de foto ou vídeo, decidi na altura dividir estes dois percursos em dois dias.
Num belo dia fui desafiado pelo Rui Lima para ir dar um giro, pelo que me lembrei logo deste percurso. O César Vieira acabaria a meio do passeio por se juntar a nós também. Lá partimos bem cedo do ponto de encontro e, já em Murça, passámos a contar o César também.

Entramos então numa jornada de muita curva, mesmo muito curva, muitas aldeias e vilas, muita paisagem de cortar a respiração. Bem troços houve que, pelo menos para mim, cada curva que acabava de efectuar era sempre melhor que a anterior pela imagem que se abria à minha frente. Entramos numa paisagem bem mais ao estilo do Douro vinhateiro, onde abundam as vinhas e onde as montanhas possuem muita “pedra à vista”.
Quando saímos de Murça estávamos a cerca de 450 m de altitude, a sucessão de curvas sempre com tendência descendente trouxe-nos até aos cerca de 50 m já na estação de comboio do Tua. Pelo caminho ficaram Noura, Candedo, Sobreira, Carlão, Franzilhal, Amieiro, Safres e São Mamede de Ribatua. A ida até à estação de caminhos de ferro de Tua foi uma excelente ideia pois o interesse era mesmo apenas visitar esta aldeia e a sua estação que, felizmente, ainda se encontra razoavelmente bem conservada.

Não faltou a peripécia em que me costumo enfiar. Tendo-me enganado ao olhar para o GPS por causa do sol que lhe batia, corto à esquerda numa ruela a subir consideravelmente com o Rui logo atrás de mim. Era mesmo um engano, pelo que passar a linha de caminho de ferro onde o fizemos transformou-se numa pequena aventura. Mas fica o momento para mais tarde recordar, como dizia o Rui quando lhe pedia desculpa pela “alhada em que me meti e que o arrastei comigo”.
De volta a Ribatua cortamos em direcção a Castedo, mais uma ida pela vinda pois era apenas para visitar este local, Granja, Favaios, Mondego, Soutelinho, Sabrosa, Paços, Roalde, Paradela de Guiães, Ordonho, Gouvinhas e Covas do Douro até chegarmos ao Pinhão.

Todo este percurso é muito bom de se fazer, mas saliento o troço entre Paradela de Guiães até quase a chegar ao Pinhão. É um sobe e desce constante, com muita curva e contra curva a acompanhar, com muitos locais a exigir uma paragem para registar o momento. As paisagens sobre o Rio Douro, absolutamente fantásticas, obrigam-nos mesmo a parar.
Bem, lá passamos a muito bonita estação dos caminhos de ferro do Pinhão com os seus magníficos azulejos com pinturas da lides da região, atravessamos o Rio Douro pela ponte rodoviária projectada por Gustave Eiffel no século XIX e seguimos em direcção a Santo Aleixo e Tabuaço. Infelizmente não prosseguimos, como tinha idealizado, por Barcos, Santo Adrião e Vila Seca para chegarmos a Armamar, porque no centro de Tabuaço, para além do GPS me indicar constantemente ruas de sentido proibido, haviam muitas obras, o que nos obrigou a improvisar e descer novamente até ao Rio Douro, indo por Adorigo, Folgosa e umas centenas de metros mais à frente cortar à esquerda por Vacalar e São Joaninho. Foi pena o engano pois a estrada que estava planeada é bastante boa em todos os sentidos. Ficará para uma próxima Rui e César, muito embora ache que o César já a conhece. Eis-nos chegados a Armamar já com cerca de 300 km percorridos. Não houve paragem, apenas passamos “ao largo” em direcção aos nossos próximos destinos, que começavam a deixar para trás a paisagem do Douro Vinhateiro para dar lugar a uma outra mais agreste mas bem mais ao meu gosto.
O Douro Vinhateiro reconheço que nos proporciona boas paisagens mas… e aqui vem o meu mas, com muita intervenção do Homem.

Rolávamos então em direcção a Travanca, Santa Cruz, Salzedas e Ucanha. Não paramos em Salzedas porque não entendi se queriam parar ou não. Mais tarde vim a perceber que o Rui até teria apreciado parar um pouco nesta Vila. De facto vale mesmo a pena e recomendo que parem a mota e passeiem um pouco pelas redondezas, com uma visita ao Mosteiro, como é óbvio. Em Ucanha uma paragem junto à ponte sobre o Rio Varosa, com a sua imponente Torre. Claro que houve tempo para as fotos da praxe. Tal como Salzedas, Ucanha é ponto de paragem que recomendo vivamente. Estava chegar ao fim o passeio mas ainda tínhamos alguns quilómetros para percorrer, cerca de 115 km, até Ponte de Telhe.

Definitivamente numa paisagem radicalmente diferente, entramos pelo Maciço da Gralheira, composto pela cadeia de montanhas das quais fazem parte as Serra da Freita, a Arada, o Arestal e São Macário…não tenho a certeza mas julgo que também a de Montemuro. É também para estes lados que atingimos o ponto mais alto do passeio, com 1150 metros, e um frio e vento de rachar entre as localidades da Gralheira e Vila de Papas.
Por estas montanhas passamos por Lalim, Lazarim, Parafita, Bigorne, Gosende, Feirão, Talhada, Panchorra, Gralheira, Vilas Boa de Baixo e de Cima, Fermentãos, Aveloso, Sobrado, Meã, Ameixiosa, Sete Fontes, Sá, Macieira, Portal do Inferno e Garra, Moldes, Telhe e finalmente Pote de Telhe. Aqui chegados é altura de mudar as configurações do GPS e rumar a casa. Mais um dia bem passado na companhia de dois bons amigos.

Percorridos -506 km Percurso seleccionado -240 km
Horas efectivas de condução -08H32m
Total de horas em passeio -13H04m
Altitude máxima – 1150 m Moto – Yamaha T700
Vídeos
1 – https://youtu.be/FHNGssy4PkY
2 – https://youtu.be/9HqbEm3EYz8
3 – https://youtu.be/rBPUk9n1Bgg
Wikilok
https://pt.wikiloc.com/trilhas-motociclismo/12-03-2021-from-murca-till-ponte-de-telhe-67673927
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