Mundial de Superbike no AIA, montanha russa de emoções

  • Texto: Fernando Pedrinho
  • Fotos: WorldSBK, Vitor ‘Schwantz’ Barros, Fernando Pedrinho

Os líderes caíram em todas as corridas! Jonathan Rea no sábado e no domingo de manhã, enquanto Toprak Razgatlioglu foi traído pela sua Yamaha, quando o guarda-lamas dianteiro da YZF R1 soltou-se e mandou pelo asfalto fora, quando seguia de perto do norte-irlandês.

Perante este cenário caótico, acabou por ser Scott Redding a somar mais pontos e a encurtar a distância para o duo da frente, enquanto Loris Baz subiu ao pódio nas três corridas disputadas, criando um problema sério à Ducati, que poderá muito bem decidir trazer o francês de volta ao Mundial de Superbike, para substituir o ‘reformado’ Chaz Davies na Panigale V4R da GoEleven.

Finalmente, Michael van der Mark colocou fim ao jejum de vitórias da BMW – que durava desde 2013, quando Chaz Davies venceu em Nürburgring.

 A seis corridas do fim, caso se venham mesmo a realizar, ainda tudo pode acontecer!

Rea do inferno ao céu

Queda no Sábado! Queda no Domingo durante a ‘Superpole Race’! O inferno de Jonathan Rea no AIA só terminou com a vitória concludente de Domingo. E sai para a Argentina – se a prova se realizar! – com uma distância para o líder do campeonato que não se agravou tanto como se temia depois do desfecho de sábado. “Fiz o meu melhor arranque este ano”, disse o norte-irlandês. “A moto estava muito ágil e conseguia metê-la onde queria. O vento foi o meu maior inimigo, como no sábado, sobretudo na reta. Ontem o Toprak esteve focado em destruir o meu ritmo, pelo que mudei de estratégia para Domingo. Eu tinha de conseguir rapidamente uma volta limpa para ganhar alguma margem que me pusesse a salvo na reta da meta”. Rea conseguiu e venceu sem margem para dúvidas, assim que Toprak se autoeliminou da corrida.

“Aprendi muito este fim de semana, sobretudo dos erros que cometi por ser impaciente. Tenho de acreditar que tenho um ritmo elevado e posso bater-me com esta malta até ao fim da corrida.”

Jonathan reconheceu que as duas quedas foram causadas por erros de pilotagem. “O vento, no sábado, estava muito mais forte que na sexta-feira. Mas entrei muito ‘quente’ na curva, porque queria ganhar margem para a reta. Não entrei muito rápido mas travei um pouco em demasia, em função do vento que soprava e tudo aconteceu muito depressa. Já no Domingo de manhã estava frio, era a primeira vez que andava à chuva neste asfalto e não tinha nada a perder. Estou a andar no limite e não posso ter uma aproximação conservativa, basta ver como estes dois [Toprak e Redding] estão a andar. Estou a passar por dificuldades nalgumas áreas e não há qualquer margem para descontrair. É sempre a 100% em cada curva!”. A prova de tudo isto: uma equipa inteira a chorar de emoção pela vitória do norte-irlandês.

“Em todas as corridas a minha equipa coloca uma mensagem no ecrã da instrumentação da minha moto. Seja uma piada ou uma palavra de motivação. Hoje, quando me perguntaram por isso, respondi para colocarem apenas um sorriso. O mecânico respondeu-me: diverte-te! É o que vou escrever. E quando estava na grelha, olhei para mensagem, sorri e fiz isso mesmo: divertir-me, porque pior não podia ser”.

O KO técnico de Toprak

Na mesma curva em que Jonathan e Bautista haviam caído. Toprak segue em perseguição de Jonathan e, inexplicavelmente, perde a frente da YZF R1. A repetição deixa ver que a razão da queda se deve a uma falha mecânica na Yamaha do piloto turco. “O guarda-lamas dianteiro soltou-se e não tive qualquer hipótese”, disse o líder do mundial, resignado.

“Tem sido assim! Ampliamos a margem e acontece alguma coisa. É mesmo azar porque o normal é o guarda-lamas poder ceder em plena reta, onde atingimos 310 km/h, e nunca em curva. Também o sistema anti-cavalinho não funcionou como devia e tinha de cortar muito acelerador antes das descidas. Não sei se isso causou o problema do guarda-lamas, pelo que teremos de ver”.

Confrontado com as queixas de Rea e Scott sobre a sua pilotagem mais agressiva, Toprak arregalou os olhos de surpresa. “O Jonathan também se queixou? Isso é bom! Quando ele me bateu em Navarra, eu não me queixei. Mas isso é bom, porque significa que ele está com garra para vencer o campeonato. Eu não me queixo, o meu estilo é este, corrida após corrida. Não tenho medo, mas talvez eles estejam assustados. Os toques em corrida são normais”.

Alonso, Dinis e Santiago, portugueses terminam todos na na segunda corrida

Do contingente lusitano a alinhar na ronda algarvia do das Supersport 300, Tomás Alonso (Quaresma Racing) voltou a ser o melhor e a mostrar que merece uma oportunidade para integrar a caravana mundialista. Terminou em 27º, no Domingo, mas a menos de um segundo do 20º e com o feito, para contar aos amigos, que terminou na frente do campeão mundial (ainda) em título, Jeffrey Buys. Dinis Borges (Team Speed Master) desta vez teve mais sorte e concluiu em 31º, enquanto Santiago Duarte (MS Racing Yamaha) voltou a fechar a classificação, em 36º, a seis segundos do piloto que o precedeu na tabela.

Com título no bolso garantido na corrida de sábado, o madrileno Adrian Huertas voltou a repetir a dose, confirmando a superioridade que demonstrou ao longo do campeonato, sendo claramente o mais consistente em termos de resultados dos pilotos da frente.

O ralhete de António Lima

Presente como Comissário da FIM em algumas das rondas do Mundial de Superbike, António Lima protagonizou um episódio raro mas muito didático com os miúdos da Supersport 300. A sessão de treinos da manhã de sábado mal tinha começado e já as bandeiras vermelhas eram agitadas pondo fim à mesma. Não se tratava de um acidente, mas antes da necessidade de agrupar todos os pilotos no ‘pit lane’. Mas porquê?

Repetindo-se a situação de Jerez de la Frontera no AIA, com mais de doze pilotos no percurso da volta longa – que no AIA surge no prolongamento da curva 5, como fazem os Fórmula 1 – à procura de uma ‘roda’ para fazer o tempo, e estando ainda presente o acidente que vitimou Dean Berta Viñales na ronda anterior, António Lima bateu com o punho na mesa e dirigiu-se, em pleno ‘pit lane’ aos pilotos. “Depois do que aconteceu em Jerez, o vosso comportamento na pista está a ser uma vergonha. Se não respeitam as regras em vigor, só demonstram não ter capacidade para estarem num campeonato do mundo. Se isto voltar a acontecer, paramos o treino e este é dado como concluído. Voltem à pista e façam aquilo que sabem fazer que é competir”. Remédio santo! A rapaziada – e a rapariga – das trezentos voltou à pista e portou-se exemplarmente, acabando as passagens pelo percurso da volta rápida ou os abrandamentos descarados à espera de uma boleia.

Supersport com novo regulamento técnico. Mas qual?

O anúncio da Aruba.it Ducati da contratação de Niccolò Bulega para o Mundial de Supersport do próximo ano, veio apenas confirmar aquilo que já todos sabíamos e o Presidente da FIM, Jorge Viegas, ou o responsável da Dorna para as Superbike, Gregório Lavilla, já nos haviam dito faz tempo.

As 600cc japonesas e as MV Agusta tricilíndricas passarão a ter a companhia de uma série de novos modelos e marcas, como é o caso da Ducati Panigale V2, da Aruba.it. Mas qual é o regulamento técnico, os modelos admitidos e a fórmula de equalização entre os diversos de tipos de motores capacidades? Poucos sabem! Em conversa com Dominique Ägerter, que já renovou com a Ten Kate Yamaha para o ano, independentemente de se sagrar campeão, como tudo parece apontar, este confessou que a equipa ainda nada sabe sobre o tema. “Não tenho a mínima ideia do será o futuro regulamento da categoria”, disse o suíço. “Andam para apresentar a nova fórmula desde há três anos, mas não conseguem dizer o que é, para que toda a gente possa trabalhar sobre o que for apresentado. Há uma semana atrás deram-nos uma ideia do que se pretende fazer, mas é apenas isso”. Na verdade, em conversa com um elemento da Dorna, a Ducati marcará presença com a Panigale V2, mas espera-se também a adesão da Triumph, com a Street Triple 765 RS, a que se deverá juntar a Kawasaki ZX-6R, a MV Agusta, com a Superveloce 800 e a KTM, se decidir fazer uma versão homologável da RC8R, algo que temos algumas dúvidas, dada a concentração de esforços por parte da marca austríaca nas categorias de MotoGP. Tudo isto contra a resistência da Yamaha, naturalmente, por ter sido o construtor que mais apostou na corrente fórmula e manteve o desenvolvimento da YZF R6, a ponto de fazer dela a moto a bater da categoria desde há algum tempo.  O provável futuro campeão de Supersport tem, naturalmente, alguns receios. “Como vou poder lutar de igual para igual com uma moto que tem mais 300 centímetros cúbicos que a Yamaha?”.

Segundo o mesmo elemento da Dorna com quem falámos, o novo regulamento técnico e os modelos admitidos deverão ser anunciados durante esta, ou na próxima, semana.

De Benelli TRK 502 em Portimão

Viajámos até Portimão numa Benelli TRK 502, equipada com o conjunto de malas Shad Terra, que nos permitiu trazer muita bagagem desde Vila Nova de Gaia até à solarenga província algarvia. Obrigado ao Hugo Santos e à Multimoto por aceitarem o desafio!

Com um cruzeiro interessante e boa ergonomia, a TRK 502 cumpriu quase 1.500 quilómetros em quatro dias. Com um consumo médio de 5,5 l/km, a autonomia atinge confortavelmente os 250 quilómetros com um depósito, mas já conseguimos superar a marca dos 300, com a italiana fabricada na China, a concitar olhares de curiosidade por onde passa e justificam o sucesso de vendas que tem alcançado em Portugal, dado a sua estética apelativa alicerçada num competitivo preço de comercialização.

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