Miguel Santiago Duarte tenta (Most)rar serviço na República Checa
Autor: Fernando Pedrinho
Agosto 17, 2021
Depois das vertiginosas corridas de Assen, os furiosos da ‘Supersport 300’ voltaram à contenda estreando-se na pista checa de Most. Viktor Steeman foi o homem do fim-de-semana, estreando a KTM RC390R como vencedora absoluta, enquanto na segunda corrida, Jeffrey Buis puxou dos galões de campeão do mundo e venceu com umas escassas oito milésimas de…


Depois das vertiginosas corridas de Assen, os furiosos da ‘Supersport 300’ voltaram à contenda estreando-se na pista checa de Most. Viktor Steeman foi o homem do fim-de-semana, estreando a KTM RC390R como vencedora absoluta, enquanto na segunda corrida, Jeffrey Buis puxou dos galões de campeão do mundo e venceu com umas escassas oito milésimas de vantagem sobre Tom Booth-Amos, com o quarto (Steeman) a quedar-se a apenas uma décima do vencedor. Corridas de cortar o fôlego!
- Texto: Fernando Pedrinho
- Fotos: Rodri Merino

Victor Steeman e a KTM RC390R são a dupla do momento, com o holandês a garantir mais uma ‘superpole’ e a levar a moto austríaca à vitória pela primeira vez no Mundial de ‘Supersport’, algo de notável se virmos que a aposta é pura e simplesmente garantida pela Freudenberg, equipa que já anda nas baixas e médias cilindradas do campeonato alemão desde 1996. Numa rápida conversa que tivemos com Sebastian Kuhn, da KTM Motosports, este garantiu-nos que o mérito é todo da equipa teutónica e que a casa de Mattighofen não tem, de momento, planos para alinhar com mais equipas e apoio oficial à RC390R em 2022.
O ‘nosso’ Miguel Santiago Duarte continua a aprender a rota mundialista, numa categoria que consegue ser mais competitiva que a Moto3, como vimos na segunda corrida de Most, em que os quatro primeiros ficaram separados por uma décima de segundo.

‘Santi’ começou por rodar na pista do noroeste da República Checa a mais de sete segundos do mais rápido, Steeman, mas saiu de Most baixando o seu melhor tempo de sexta feira em mais de três segundos e meio, o que mostra bem a margem de progressão existente para o jovem da Igreja Nova. Sem cumprir os 107% de diferença para o primeiro nas duas primeiras sessões de treinos, na ‘Superpole’ Duarte encurtou a diferença que o separava de Steeman para cerca de cinco segundos e meio o que já o qualificou para a corrida.
No evento de Sábado, o português da Yamaha MS Racing terminou em 37º, e penúltimo, para desistir na corrida de Domingo, quando estava a rodar mais rápido em todo o fim-de-semana, depois de ver a corrente da sua YZF-R3 saltar à terceira volta.

‘A pista de Most é muito complicada e diferente das outras que integram o campeonato’, disse-nos o jovem mafrense. ‘O asfalto é antigo e nalgumas zonas tem pouca aderência’. Além disso, é notório que os pilotos da Yamaha andam algo arredados dos lugares da frente, com os pilotos Kawasaki a somarem sete vitórias e a KTM de Victor Steeman a surgir como a ‘intrusa’ no domínio das motos da marca verde. ‘Com a Yamaha temos de andar sempre em mudanças mais baixas para suprir o défice de cilindrada para a Ninja 400 e quando não encontramos uma relação final que ‘encaixe’ bem no traçado do circuito, torna-se impossível acompanhar as Kawasaki’, revelou o companheiro de equipa de Unai Orradre e dos manos brasileiros Kawakami.

‘Testámos em Barcelona algumas soluções para conseguir maior aceleração’, nomeadamente uma nova conduta de admissão e caixa de ar, ‘algo que pode ajudar um pouco mas que ainda tem de ser homologado’. Como se pode ver em pista, ‘é muito complicado acompanhar uma Ninja 400 e a escolha da transmissão final resulta essencial. Tem de ser o suficientemente longa para permitir maior velocidade em reta quando seguimos num cone de ar, mas numa proporção que não nos obrigue a andar demasiado nas mudanças mais baixas, na saída de curva’.
A curva 9 do traçado de Most era particularmente exigente neste aspeto. ‘É muito fechada e sucedia que em segunda a faziamos muito ‘travados’, enquanto em terceira não tínhamos aceleração suficiente’.

Na sua aprendizagem de piloto de Mundial a tempo inteiro, Miguel Santiago ainda se debate com dificuldades para ‘conseguir colocar a moto a 100%. Esta é muito diferente da que utilizei no ano passado’. A equipa e o piloto decidiram ‘fechar’ um pouco mais o ângulo dos avanços, ‘o que resultou para me ajudar a virar a moto a alta velocidade, mas fica algo mais complicado para baixar o cotovelo no interior da curva. Mais fechados, os avanços tornam-se muito desconfortáveis para pilotar’, revelou o piloto luso da equipa de Ajalvir, situada ali bem perto do aeroporto madrileno de Barajas.

‘Santi’ tem trabalhado em melhorar na travagens com ‘a ajuda da telemetria e dos meus companheiros de equipa’. Confessa que ainda lhe falta ‘a experiência de andar nas ´mólhadas’. Ainda em Most lembro-me de ir num grupo, para uma volta rápida, e o Samuel di Sora passou-me de uma forma que eu ainda não sou capaz de fazer’.
O trabalho de equipa, constituída por quatro pilotos’ é feito de uma forma um pouco surpreendente e interessante. ‘Quando saímos para a pista tentamos entrar logo num grupo que nos permita fazer um ‘tempaço’. Não vamos os quatro juntos pois cada um sai com uma transmissão final diferente a fim de rapidamente percebermos qual é a melhor para a corrida’.
Pela primeira vez em Most, a equipa da MS Racing Yamaha também se debatia com total ausência de dados, ‘enquanto algumas das equipas Kawasaki já lá tinham rodado ou eram mesmo de lá’, dizia-nos Duarte.

‘Falhando’ Navarra, outra novidade do calendário, Magny Cours será a próxima paragem da ‘Supersport 300’. ‘Teoricamente deverá ser uma pista mais fácil, pois temos dados das últimas três participações’, comenta Miguel Santiago Duarte. ‘Mas ao mesmo tempo, todos na minha equipa dizem cobras e lagartos da pista francesa. O Unay, por exemplo, nunca conseguiu pontuar, pois a pista sob chuva é traiçoeira e muito escorregadia’.
A longa caminhada do jovem ‘Santi’ conhecerá assim mais uma etapa na sua evolução como piloto mundial a ‘full time’.
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