Kawasaki Z900RS. O regresso do ‘rock & roll’
Autor: Paulo Ribeiro
Março 8, 2021
Com imagem que reflete de forma fidedigna o espirito rebelde da década de 1970, a Kawasaki Z900RS exibe grande enorme modernidade debaixo de autêntica capa de nostalgia. Novos acordes, bem afinados e ao gosto atual, para uma música intemporal Texto: Paulo RibeiroFotos: Kawasaki/Rui Jorge A inspiração foi encontrada na Z1, ícone lançado em 1972 e…

Com imagem que reflete de forma fidedigna o espirito rebelde da década de 1970, a Kawasaki Z900RS exibe grande enorme modernidade debaixo de autêntica capa de nostalgia. Novos acordes, bem afinados e ao gosto atual, para uma música intemporal

- Texto: Paulo Ribeiro
- Fotos: Kawasaki/Rui Jorge
A inspiração foi encontrada na Z1, ícone lançado em 1972 e que é verdadeira moto de culto, com legião de seguidores em todo o Mundo, capazes de largar mais de 15 mil euros por uma ‘Super Four’ em bom estado. Febre apenas comparada à procura dos originais discos de vinil dos The Doors, Led Zeppelin, The Who, ZZ Top, Rolling Stones, Kiss, AC/DC, Motorhead ou The Clash entre muitos outros.
Agora, a caminho do cinquentenário da primeira grande superbike da história (com recordista potência de 82 cavalos extraída do quatro-em-linha de 903 cc), novo ato de rebeldia com a Z900RS, com coração moderno debaixo das roupagens clássicas. Traços ‘neo-retro’ em máquina que não se limita a mero discurso estilístico, divergindo de forma descomplexada da agressiva ‘street-fighter’ Z900, para ganhar atitude muito própria.
Como um cocktail do melhor Vintage
Imagine-se então, e aproveitando a inspiração dos vinhedos durienses que serviram de palco à bem delineada apresentação nacional do modelo, o mais moderno cocktail feito a partir de centenário Vinho do Porto. As notas de um classicismo encorpado, com imagem que apresenta reflexos de Ruby após longo estágio em casco de carvalho, estão presentes ao longo de toda a moto, do farol com aro metalizado e manómetros redondos até à elegante secção traseira, passando pelo amplo banco, pelo guiador largo ou, joia da coroa!, pelo generoso depósito de combustível.
Para fugir à vulgaridade de quem bebe por beber, o farol dianteiro (tal como a luz traseira) é em LED e o painel junta dois mostradores analógicos a completa e prática janela digital. Já o motor, um quatro-em-linha como se impõe, possui a mais moderna tecnologia, da obrigatória injeção eletrónica ao controlo de tração regulável KTRC sem esquecer a embraiagem assistida e deslizante.
Dualidade entre o clássico e o moderno
Filosofia que prossegue na ciclística, com quadro em aço, simples no desenho como nos materiais, acompanhado de suspensão invertida e completamente regulável, ou as jantes, com desenho evocativo das rodas raiadas, a acolherem moderníssimos travões com pinças radiais. Questões estéticas que encaminham para posto de condução à moda antiga, com posição bastante direita e confortável graças ao guiador largo em posição elevada e puxado para o condutor. Garantia de bem-estar a bordo e longas horas de prazer antes que o cansaço imponha limites em passeios que a grande autonomia (mais de 350 km) parece não colocar intervalo.

Passeata prazenteira, independentemente do ritmo imposto, entre a tranquilidade contemplativa e a diversão desportiva. Que a Z900RS presta-se, e bem!, a esta dualidade de utilização. O motor, oriundo da nervosa ‘naked’ Z900, foi profundamente revisto na busca de maior eficácia e facilidade nos regimes intermédios. E, mesmo sacrificando alguma potência (14 cavalos segundo os técnicos), ganhou na capacidade de aceleração e recuperações em baixas e médias rotações, reforçando traços de um carácter muito próprio. Simpático, é certo, mas nem sempre fácil, como alguém que gosta pouco de ser picado.

Mantenha-se um ritmo elevado, com cortes de gás e acelerações fortes e percebe-se a bipolaridade deste motor, de estilo ‘on-off’ à medida dos mais experientes apreciadores. Vá lá que existe controlo de tração, regulável em 2 posições e com possibilidade de ser desconectado, para manter a serenidade quando surge a tentação de espremer um motor de resposta sempre na ponta da língua. E sempre bem acompanhado por ciclística que tem na agilidade nota dominante. Enorme fluidez na condução em ritmos moderados, aproveitando toda a elasticidade do motor, que dá lugar a maiores exigências quando aumentam as exigências ao acelerador. O trem dianteiro mostra grande leveza e alguma tendência a ligeiro alargar trajetórias, mais devido à posição de condução do que à configuração da ciclística. Mas, pelo sim pelo não, aconselha-se pulso firme para recuperar a confiança perdida, pressionando o Dunlop SportMax GPR-300 da dianteira contra o asfalto.

Potência ou binário?
Estilo ‘vintage’, bem na linha das mais recentes tendências de moda motociclística, que, longe de renunciar ao fator desportivo da marca, promete condução prazenteira e divertida, sem as exigências físicas da brutal Z900 que oferece o motor. Revisto a pensar noutras exigências, menos potente mas com maior binário e muito mais interessante numa utilização normal, da cidade aos mais revirados caminhos. Garantia de elevada adrenalina com forte personalidade, de conforto acima da média apesar da imagem clássica.
Tudo num modelo que junta pouco usual banco plano para condutor e passageiro a trem dianteiro com forqueta invertida inteiramente ajustável e pinças de travão radiais. E que lhe adiciona muita potência mas, acima de tudo, sensibilidade e controlo a roçar a perfeição. Dualidade percetível desde o primeiro momento, com classicismo da sonoridade em contraste com a suavidade do acionamento da embraiagem assistida ou com a precisão da caixa de velocidades. Feeling que continua em estrada, onde a eficácia e conforto da moderna forqueta invertida ajudam a desfrutar de posição de condução à antiga.
Com argumentos para desafiar concorrência feroz, da Scrambler Ducati à Yamaha XSR 900, passando pela BMW R nineT, Triumph Truxton ou Honda CB1100, a Kawasaki Z900RS é verdadeiro lobo com pele de cordeiro, mostrando comportamento capaz de envergonhar muitas nakeds mais modernas… na imagem! E, assim, conciliar, de forma perfeita, estética clássica, conforto de condução e grande eficácia dinâmica, com possibilidade de opção entre a Edição Especial das fotos, a decoração integral em negro (12 795 €) ou a versão 900, em verde mate (12 995 €).

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