- Texto: Fernando Pedrinho
- Fotos: World SBK
A Kawasaki WorldSBK entrou com o pé direito no circuito da província de Nafarroa, como se chama Navarra em euskera, a língua falada pelos bascos e navarros, com Jonathan Rea a ser o mais rápido na sexta-feira. “Foram duas sessões muito diferentes em que confirmámos as soluções que testámos no teste da semana anterior em Barcelona”, revelou o norte-irlandês. “A manhã foi uma adaptação à pista e aos ressaltos, com uma temperatura que estava muito boa. À tarde, com a temperatura a subir, a pista mudou perdendo aderência e os tempos baixaram como consequência, e voltámos a alguns componentes que já vínhamos a utilizar anteriormente. Basicamente confirmámos que estamos no bom caminho com o material ensaiado em Montmeló e no sábado voltaremos a trabalhar nesse plano”.
O esforço da equipa Provec e dos seus pilotos incide em “parar a moto, com especial atenção à parte final da travagem. Com a subida da temperatura tenho boa aderência no pneu traseiro mas isso acaba por colocar em crise a frente da moto, por isso necessito de uma ajudinha do chassis para ajudar a parar a moto, por forma a ser mais fácil manter o tempo por volta”.
Rea não poupou críticas à irregularidade do asfalto. “Os ressaltos são terriveis, a pista é muito má nesse aspeto. O circuito fez um bom trabalho com os corretores, mas sei que seria complicado para eles reasfaltar a pista em apenas dois meses. Os pontos críticos são as curvas quatro, cinco, seis e o último setor. Não são nada simpáticos para uma moto de estrada, mas mais ao estilo da minha KX450 (risos). Mas o nível de aderência é muito consistente em toda a pista. Não é o nível que podemos esperar de uma pista do Mundial, especialmente vindo de Most, que também tem de melhorar muito os aspetos de segurança, tal como aqui em Navarra”. Em termos da dimensão do traçado e rapidez, Jonathan não considera-a uma pista agradável, mas não para corridas de ‘Superbike’. “É muito difícil ultrapassar… nota, eu não quero dizer mais m*** sobre a pista, porque tu podes ver bem de fora como ela é. Se notas as bossas na televisão, imagina o que é passar a alta velocidade sobre elas e com a mota inclinada. A pista é o que é e eu não quero estar aqui armado em queixinhas. Mas os dois últimos setores são mais próprios de um traçado de ‘supermoto’, ou para mini motos.
Nelas deve ser muito divertido. Nem para uma 300… Passo o tempo em primeira velocidade até à última curva e só meto segunda uma vez. O compromisso exigido à caixa de velocidades é enorme: baixos regimes nos dois últimos setores e depois a primeira curva que fazes de sexta a fundo com o motor no limitador”.
A qualificação, ou ‘superpole’ assume nesta pista, como esperado, uma importância capital. “Sim”, confirma o seis vezes campeão mundial, “porque a primeira curva é feita de acelerador totalmente aberto e é muito complicado tentar uma ultrapassagem nos dois primeiros setores, pois há apenas uma trajetória ideal. Vai ser um osso duro de roer”.
Obviamente a mudança de Scott Redding da Ducati para a BMW não podia ficar de lado. “Não acho que a minha opinião conte para as contas do totobola”, disse Jonny. “É um desafio entusiasmante para ele. De tudo o que ouvi e li o que vocês escreveram, parece que o Scott não se sentia em casa. Tenho a sensação que ele ia num sentido e a Ducati num outro diferente. A BMW está muito empenhada no campeonato e tenho a certeza que ele vai ter um carro muito giro (risos). A M1000RR está cada vez melhor. Sim, é uma surpresa, mas não acho que esta transferência seja algo de especial”.