Durante anos a fio os pilotos do Mundial de Superbikes têm vivido num ambiente de competição bastante físico e viril, por oposição ao que se assiste no MotoGP. O raspar de carenagens, a troca de tinta nos plásticos ou as marcas de borracha negra nos fatos de cabedal são imagens comuns no campeonato destinado às motos de série.
Mas até que ponto há um aproveitamento das partes envolvidas para tornar o ‘frisson‘ da competição numa luta sem quartel de gladiadores, para benefício das audiências? Terão as antigas rivalidades mudado em face do despontar de Álvaro Bautista no seu regresso à Ducati e aos lugares da frente?
- Texto: Fernando Pedrinho
- Fotos: Eva Blánquez, WorldSBK e Fernando Pedrinho
Jonathan Rea, em particular, embrulhou-se com Toprak Razgatlioglu, após a primeira curva de Assen, mas foi muito criticado pela manobra que originou a queda de Álvaro Bautista, em Magny-Cours. “Baaahh, esse é o trabalho de muita gente”, disse-me Jonathan. “Podem criticar os jornalistas, mas o maior problema é ter o Álvaro ou a direção da equipa da Ducati a dizerem disparates depois da corrida.
Com o Toprak, em Assen, as coisas decorreram de uma forma mais cavalheiresca. Havia uma diferença de opinião e foi aí que entraram os adeptos, o que é normal. Mas ter o Álvaro e a sua equipa a dizerem m*** depois de Magny Cours não é respeitoso. Dizer que eu não sou um campeão e outras coisas do género revela que é um mimado, como uma criança que atira os brinquedos para fora do berço para protestar”.
Já outros me atiraram ao chão…
Palavras fortes do norte-irlandês, claramente agastado com o escalar da situação. “Eu até percebo porque já passei por uma situação idêntica: em 2008, quando estava a disputar o título mundial de Supersport, na curva cinco de Magny-Cours, o Robbin Harms bateu-me por detrás e atirou-me ao chão. Arruinou-me as chances de vencer o campeonato, mas a minha equipa [Hanspree Ten Kate Honda] fez-me ascender às Superbike no ano a seguir. Outros pilotos embateram em mim, perdi posições mas… são as corridas! Volto a dizer-te que não tive qualquer intenção de o atirar ao chão, mas acho que foi o seu mecanismo de defesa que o levou a atuar daquela maneira em frente das câmeras. Não sou esse tipo de pessoa, que atira os outros ao chão, e não retiro qualquer gozo deste tipo de situações. Sinto-me mal quando isso acontece!”.
“Como é que posso ultrapassar o Álvaro?”
Foi a pergunta que Jonathan me colocou, numa clara inversão de papéis. “Ele chega a uma reta, carrega no botão, ultrapassa toda a gente e depois fica à espera que ninguém o tente passar numa curva? Que ninguém venha lá de trás e tente uma oportunidade, porque de contrário é aborrecimento garantido. Perante isto, tens de ser muito forte emocionalmente, pois se tiveres uma mente fraca pode afetar imenso o teu cérebro, a tua atitude, ou o modo como vais para a corrida”.
Contudo, Jonathan não se recusou a cumprimentar Bautista com uma vénia, no final da segunda corrida, reconhecendo o esmagador domínio do espanhol no circuito de Barcelona. “O meu pai ensinou-me a reconhecer quando alguém fosse melhor que eu e a dizer: parabéns! Já me cruzei com muitos pilotos que bati na pista e nunca me disseram: belo trabalho! O Bautista faz isso na pista mas como pessoa… é outro assunto”.
“Não gosto dele!”
Assunto encerrado, como sucedeu de imediato com o Toprak? “Repara, com o Toprak nunca houve um problema. Falei sempre de forma normal, porque o que sucedeu foi na pista. Com o Álvaro não tenho qualquer tipo de relação. Não gosto dele! Somos de culturas diferentes e temos personalidades distintas. Não tem um caráter amistoso. Em frente das pessoas e no ‘paddock’ é muito efusivo, mas não vê as pessoas. Ou então sou eu que sou diferente. Mas quando ele chegou ao campeonato nunca tivémos muita ligação”.
Como bater a dupla Bautista / Ducati?
O silêncio durou alguns segundos… “Prefiro não comentar!” O mundo das Superbike está longe de ser perfeito como a idílica situação que se vive no MotoGP. Mas não é isso que dá o salero que nos cola, a cada fim-de-semana, a um campeonato que está cada vez mais espetacular e emocionante?
De Madrid a Portimão de BMW K1600GT
Foram 800 quilómetros redondinhos de Madrid ao AIA numa K1600GT da BMW Ibérica (‘gracias’, Carmen!). Como seria de esperar, foi uma viagem feita com muita facilidade aproveitando as características estradistas e turísticas da seis em linha da casa de Munique.
Com uma média de 128 km/h, o consumo foi de 6,6 litros por cada 100 quilómetros percorridos, com total conforto e proteção aos elementos, acompanhado do ‘cantar’ do motor fracionado desta alemã, em muito a fazer lembrar o troar dos saudosos 635 CSI das corridas de turismo e silhueta.