Honda CB600F Hornet (2007). Reforço da ambição desportiva

Foi a mais surpreendente novidade no catálogo da marca nipónica para 2007. A Honda CB600F Hornet, best-seller no mercado europeu, sofreu verdadeira revolução para enfrentar uma concorrência que não dá tréguas. Uma mudança radical rumo ao reforço da ambição desportiva.

Honda CB600F Hornet
  • Texto: Paulo Ribeiro
  • Fotos: Honda/F. Montero e U. Serra

Marcou, à data do lançamento, em 1998, o renascimento de uma classe quase esquecida, revitalizando o segmento das motos básicas. Máquinas despidas de carenagens e de comportamento descomplexado em termos ciclísticos e de motor. Agora, para 2007, a Honda CB 600 F Hornet surge profundamente revista para reassumir a liderança entre as ‘naked’. Uma categoria que não para de crescer, apostando forte em soluções radicalmente desportivas. Enfim, confirmando, de uma vez por todas, o caminho a seguir, voltando a ditar as tendências de moda.

Motor de todas as mudanças

As mudanças começaram pelo motor, acolhendo a novíssima e compacta unidade de injeção eletrónica que equipa a CBR 600 RR recentemente apresentada. Isto é, ao contrário do que acontecia até aqui, não se trata da anterior versão, mesmo estando limitada a 102 cavalos. A fim de oferecer comportamento mais cheio em regimes médios de rotaçãoo bloco devidamente revisto. Nesse sentido, as condutas de admissão foram colocadas em posição mais horizontal, além das mudanças nos injetores e nas próprias relações da caixa de velocidades.

Porém as novidades não se ficam por aqui e também o quadro, que basicamente manteve a estrutura anterior, surge muito mais leve. Em primeiro lugar, graças a inovadora construção em alumínio, material nobre utilizado também no braço oscilante. Em moto muito mais compacta e leve, referência ainda para o novo depósito de combustível. Não apenas com a capacidade aumentada como também com novo desenho contribuindo, juntamente com o banco ultrafino, para acrescida maneabilidade. E que a acurada centralização de peso e as jantes em liga leve favorecem grandemente.

Mudança radical

Novidades significativas são ainda a mudança radical operada no escape, com ponteira abandonando a tradicional posição alta, muito próxima do banco. Agora surge um elemento lateral, seguindo as mais recentes tendências de moda ditadas pelas superdesportivas. Alterações significativas ainda no painel de instrumentos e nos travões, com o sistema de desaceleração a ganhar discos revistos na dianteira. Além disso, não menos importante, passa a dispor de versão opcional com sistema anti bloqueio e de repartição de travagem ABS/CBS.

As mudanças rumos a maior desportividade são ainda visíveis no equipamento pneumático de origem. Assim, os estradistas Michelin Pilot Road deram lugar a mais eficazes Pilot Power, mantendo inalterado o sistema de amortecimento dianteiro. Que conta com forquilha invertida sem regulações, enquanto atrás o braço oscilante e mono amortecedor foram revistos. Aqui, contando com possibilidade de afinação apenas na pré-carga da mola.

Grandes modificações que ditam uma nova Honda CB600F Hornet, com estilo adaptado às mais recentes tendências. E com argumentos técnicos que a tornam capaz de ombrear com as últimas produções de uma concorrência muito aguerrida. Afinal, profundamente renovada e com filosofia mais desportiva que nunca, a Hornet apresenta argumentos para reforçar a posição de naked mais vendida em Portugal nos últimos anos.

  • Honda CB600F Hornet
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Ocupante assídua dos lugares mais altos da tabela de vendas nacional e um dos modelos mais procurados em toda a Europa, surge, ao nono ano de vida, mais radical. As mudanças são tantas que esta Honda CB600F Hornet é apresentada como moto completamente nova. E com o condão de recuperar o espírito original, marcado pela irreverência, agressividade e eficácia. Mais potente e com resposta mais linear, mais ágil e com maior estabilidade, mais desportiva e com maior eficácia em todas as situações. Está, manifestamente, melhor que nunca! Excitante!

Mais desportiva para reforçar liderança

De uma forma mais pormenorizada, as novidades começam por fora numa moto que nem a ausência de carenagens belisca uma imagem forte. E onde, apesar da profunda revisão, só os traços do depósito traem as suas origens. Curvas que identificam assumida herança genética em notável evolução da espécie. De resto… a diferença! Do pouco consensual grupo ótico dianteiro ao banco e secção traseira, passando pelo escape em posição baixa – adotando as mais recentes tendências MotoGP em detrimento da tradicional colocação em posição lateral alta – tudo mudou em modelo criado por designers italianos. Escolha ditada pela importância de uma imagem forte, condizente com as alterações da parte mecânica e ciclística.

Honda CB600F Hornet

Mas a essa parte já lá vamos. Antes, dizer que os retoques na ergonomia não roubaram razoável nível de conforto à Honda CB600F Hornet, beneficiado pelo novo painel de instrumentos, oferecedor de alguma proteção aerodinâmica, mas penalizado por um banco mais duro. Mais desportivo, pois claro.

  • Honda CB600F Hornet
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A agressividade estética é desde logo sublinhada ao rodar a chave (com sistema H.I.S.S.) e premir o botão de arranque. A sonoridade do escape é entusiasmante, deixando adivinhar comportamento irrequieto sem comprometer o respeito pelos reduzidos níveis legais de ruído. Engata-se a primeira das seis velocidades de uma caixa super precisa e bem escalonada e o comportamento surpreende por tamanha… docilidade. Fácil, muito fácil, a baixas velocidades, o motor permite rodar na sexta relação a regimes extremamente baixos sem queixumes ou desagradáveis batidelas internas. E tem resposta sempre pronta.

Tendências de moda

Juntamente com a boa posição de condução, sem exagerada atitude ‘racing’ e com altura reduzida ao solo, permite utilização fácil em perímetro urbano. Meio ambiente onde sobressai ainda o bom acerto das suspensões e a travagem progressiva, com bom tato. E, opcionalmente, existe ainda o sistema anti bloqueio ABS em conjunto com repartidor de travagem CBS. Que, ao toque no pedal responde com ação também no travão dianteiro, aumentando a eficácia de desaceleração, notória sobretudo para condutores menos experientes. Mas a sofisticação do conjunto levou à criação de válvula que gera um ‘delay’ temporal, autorizando assim aos mais desportivos e experientes condutores, a utilização do travão traseiro para acerto de trajetórias em curvas sem efeito imediato no trem dianteiro.

  • Honda CB600F Hornet

Mas é em estrada aberta, de preferência com muitas curvas, que o potencial da Hornet pode ser explorado. O motor – desenvolvido conjuntamente com o da CBR600RR de 2007 e não do ano anterior como era usual – revela interminável elasticidade. E disponibiliza a potência de forma sempre linear, com particular vivacidade quando a agulha entra na segunda metade do conta rotações. A resposta viva parece desmentir os números da ficha técnica, contrariando valor de binário aparentemente pouco alterado com acelerações muito prontas. E contando com a vantagem do acréscimo de potência (cerca de cinco cavalos) para explorar vertente mais desportiva do conjunto.

Um motor que, refira-se, deu uma grande ajuda… à ciclística! É que o peso reduzido em cerca de cinco quilos e, sobretudo, as menores dimensões, permitiram redistribuição de massas e, last but not least’, criar um braço oscilante maior com naturais vantagens em termos do trabalho do mono amortecedor traseiro.

Agilidade para regressar ao topo

O trabalho efetuado na centralização de massas – um dos pontos mais importantes no caderno de encargos – resultou numa moto mais ágil, garantindo enorme facilidade na inserção em curva e nas mudanças de direção. E ajudou também no incremento de estabilidade, com maior firmeza nas viragens mais rápidas e anulando o ondular da traseira em acelerações mais fortes à saída de curva. Contributo também da maior rigidez (+16%) do quadro de desenho semelhante ao anterior (Mono-Backbone) mas agora construído em alumínio através de sistema de fundição por gravidade (Gravity Die-Cast) bem como das rodas mais leves.

A redução de peso e a colocação do centro de gravidade mais abaixo foi, já se disse, fundamental na nova Hornet e os técnicos não se pouparam a esforços. Do motor (-8 por cento) ao quadro (-3,7%), inúmeras foram as peças revistas com importantes ganhos como a bomba de travão traseira (-21,7%), roda posterior (-5,7%), farol e painel de instrumentos (-14,7%), grupo ótico posterior (-42,3%) ou os retrovisores (-13%).

Honda CB600F Hornet

Ganhos traduzidos na melhoria de eficácia dinâmica em todas as situações e que recolocam a Honda CB600F Hornet no topo da classe, dificultando a vida a concorrência encabeçada pela Suzuki GSR 600 e Yamaha FZ-6.

Honda CB600F Hornet

Estará disponível em quatro cores, com o bem conseguido amarelo das fotos a contar com a companhia dos mais tradicionais preto, vermelho e, claro, o original azul, a mais procurada das decorações e duas versões (com ou sem ABS). A chegada ao mercado nacional está prevista para a segunda quinzena de fevereiro de 2007, com preço que não andou longe dos 7300 euros da versão anterior.

Correia Luís: Reforçar a liderança em Portugal

Honda CB600F Hornet tem tudo para o sucesso absoluto

Colocada entre os cinco modelos mais vendidos anualmente em Portugal desde o lançamento em 1998, a Honda Hornet liderou sempre na categoria Naked e já vendeu mais de cinco mil unidades desde a chegada da primeira versão. Com o novo modelo, que esta semana chega aos concessionários nacionais, a Honda Motor de Portugal aposta “no reforço da liderança absoluta do mercado das naked, posição que, em 2006, não foi tão destacada como em anos anteriores, com a concorrência a ficar perto. Mas ficando, ainda assim e mesmo se por poucas unidades, à frente da GSR 600 da Suzuki, modelo bem mais recente”.

Para o Diretor Geral da Divisão Moto, Correia Luís, “a meta passa, no mínimo, por atingir as 500 unidades em 2007, objetivo realista atendendo à qualidade da moto, ao preço muito competitivo, sem aumento notório em termos de valor absoluto e com uma relação qualidade/preço bastante mais vantajosa que o modelo que agora termina a sua carreira”.

Honda CB600F Hornet

Correia Luís sublinha ainda a importância da Hornet para a Honda Motor de Portugal, “modelo que será o número 1 de vendas da marca, best-seller no nosso País em 2007, enquanto em termos europeus deverá voltar a ser moto mais vendida, excluindo scooters”, recuperando a liderança absoluta no mercado do velho continente que ocupou entre 2001 e 2003.

Troféu Hornet Cup reforça pretensões desportivas

Mostrando confiança absoluta nas qualidades da nova Honda Hornet, os responsáveis da filial italiana da marca nipónica vão organizar troféu monomarca, com regulamento restritivo, permitindo número reduzido de alterações. E todas elas apenas no exterior da moto… Com cinco corridas agendadas entre final de abril e início de outubro, as motos do Hornet Cup terão diversas peças em fibra de carbono (placa dianteira, carenagem inferior do motor, guarda lamas dianteiro e traseiro, proteção de depósito e de corrente, cobertura do banco do passageiro e guiador), mini painel de informações digital, poisa pés regulável, proteções do motor, mesas de direção em alumínio e tubos de travão reforçados com malha de aço. Corrente Regina, escape LeoVince e pneus Michelin completam a lista de alterações permitidas.

Naoshi Iizuka: responsável pelo projeto assume risco da mudança

“Às ordens do cliente”

Responsável máximo pela família Hornet desde 2003, Naoshi Iizuka reassumiu, no modelo de 2007, o papel de Development Project Leader, supervisionando todos os vetores seguidos na evolução da CB 600 F. E, sem subterfúgios, assume “o risco corrido pela Honda com mudanças tão significativas num dos modelos de maior sucesso mundial», justificando-o com “a necessidade de mudar, ditada pelos pedidos dos clientes. Foram os utilizadores finais a dizer que queriam mais da Honda e a exigir mudanças significativas”.

As alterações ditaram reforçada apetência desportiva da Hornet, porque «essa é a orientação do segmento naked’”, e todo o trabalho foi desenvolvido nesse sentido, desde a adoção do motor da versão do mesmo ano da supersport CBR 600 RR às escolhas em termos de equipamentos periféricos”. Linhas orientadoras que “incidiram na redução de peso e, sobretudo, na centralização de massas, procurando um comportamento mais eficaz e mais desportivo”.

Quanto ao design da Hornet, pouco alterado ao longo dos anos, foi agora substancialmente modificado porque “era a altura de mudar tudo e procurou-se criar um grande impacto em clientes que desejavam grandes mudanças”.

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