Reza a história que foi inventado por um dentista britânico, provavelmente com a vontade de poder partilhar o que lhe ia na alma com a sua cara-metade, durante algum passeio pelas paisagens da verdejante Inglaterra.
Sem dispor de ‘Bluetooth’ ou ‘WiFi’ e sem a miniaturização de componentes a que hoje se tem acesso, a criatividade voltou a dar corpo a um sistema que hoje simplesmente nos faz sorri
- Texto: Fernando Pedrinho
- Fotos: arquivo MotoX.pt
Pela minha parte, uma das partes mais românticas de andar de moto é a comunicação gestual. O contato, o decifrar dos gestos e reações que demonstram uma ligação mais profunda. Um conhecimento do outro que se vai reforçando com o passar dos quilómetros, ou a consolidação de uma ligação, viagem após viagem, passeio após passeio. E tudo isto num silêncio vocal que leva cada par a explorar outros caminhos de comunicação. Seja o apertar das pernas do pendura contra a bacia do condutor, a confirmar uma reposta. Ou o toque no joelho da ‘pendura’ para saber se está tudo bem. E o que dizer daqueles abraços apaixonados, vindos do nada, que só por si justificam qualquer viagem ou passeio? Toques, mímica e ‘wifi’ telepático sempre foram, para alguns, o melhor par de intercomunicadores para andar de moto.
Mas voltemos ao nosso dentista. O projeto é algo estrambólico mas deveras curioso. Passageiro e condutor falam para um captador de som que propaga as vibrações através de um tubo até à calote do capacete do recetor. Se o do condutor se limita a ter um pequeno tubo com microfone na parte traseira do capacete, já o passageiro tem de se desenvencilhar com meio metro de tubo e, praticamente, não pode olhar para a direita nem baixar a cabeça sem interferir com o condutor, dada a aparente rigidez da instalação.
Altamente eficiente em termos energéticos, utilizando apenas a voz como fonte de energia, a ergonomia é questionável e a eficácia do aparato fica por comprovar.