Cuna de Campeones!

O nome do projecto não podia ser mais explícito quanto ao seu objectivo. A sua história mostra a sua validade e ninguém melhor que um dos seus fundadores, Julián Miralles, para nos falar sobre ela.

Texto e fotos: Alberto Pires

Motox.pt – Impõe-se uma resenha histórica da existência deste projecto, para se perceber a sua real dimensão.

Julián Miralles – A ideia da Cuna de Campeones ( Berço de Campeões) nasceu com a inauguração do circuito Ricardo Tormo, em Cheste, Valência. É uma cidade com muita tradição em pilotos de motociclismo de velocidade e percebemos durante a construção da pista que não havia nenhum piloto valenciano a competir no Mundial de Velocidade. Ou seja, não fazia sentido que quando inaugurássemos a pista não houvessem pilotos a participar. O governo valenciano reuniu então com os pilotos que tinham competido ao mais alto nível para tentar perceber o que se passou e de que forma é que, através da sua experiência, se podia recuperar todo esse envolvimento, criando uma escola de pilotos. Jorge Martinez Aspar deu algumas ideias, “Champi” Herreros outras, eu apresentei também as minhas, e da reunião de todos nasceu a Fórmula Airtel, já que era esse o patrocinador da iniciativa.

Julián Miralles não podia estar mais satisfeito, a fórmula encontrada é um sucesso!

Motox.pt – Estávamos em 1999 !

Julián Miralles – Sim, e fomos melhorando a cada ano. Começámos com as Pocket Bike e com as Aprilia RS 50 e num instante tínhamos duas categorias em cada classe, iniciação e evolução, com 10 pilotos em cada uma. No primeiro ano só fizemos provas a nível local, mas aos poucos fomos crescendo e começámos a competir a nível nacional. No ano 2000 já levávamos os nossos melhores pilotos à Copa Aprilia, a nível nacional, e no ano seguinte, ao entrar como patrocinador a Bancaja, um banco Valenciano, fomos nós os promotores dessa copa. Durante alguns anos ficamos nós como promotores dessa fórmula de iniciação. Aos poucos fomos acrescentando classes, 125 GP, 600 Supersport, Superseries 1000. Em 2005 já alugávamos circuitos e promovíamos as provas. Em seguida a Federação Espanhola fez um campeonato para crianças, onde nos incluímos, como fazemos agora com a Cuna de Campeones. Desde então fazemos Minimotos, as 110 cc, Moto 5, Promo 3, a Talent e a FIM Moto3. Já fazemos este formato, ou algo muito parecido, há cerca de cinco anos.

Motox.pt – Como é que está a ser a adesão neste momento difícil ?

Julián Miralles – Apesar da crise provocada pelo Covid, entre formação e equipas contamos com cerca de cem pilotos. Nas Minimoto são 25, mais 22 nas 110cc, 32 nas Moto 5, e arrancámos agora com uma nova categoria, que é a Moto 4. Tivemos um problema relacionado com a idade dos pilotos, o nosso campeão da Moto 5, por causa da idade, não podia ainda competir na Moto 3, de maneira que fomos obrigados a criar uma nova categoria, e inseri-la nos campeonatos como mais um troféu.

Vasco Fonseca terminou na primeira manga em 6º e em 4º na segunda, a apenas 1,2 segundos do pódio!

Motox.pt – Para quem começa agora, como perspectivam o futuro?

Julián Miralles – A Cuna de Campiones mantém-se igual, é constante ao longo dos anos, e vamos continuar a fazê-lo por forma a cumprir o sonho de muitos pilotos, pois se mostrarem que são bons vão seguramente conseguir ajudas para as classes seguintes.

Pedro Varela desistiu na primeira manga mas terminou no 6º lugar na seguinte, a 6 milésimas do 5º lugar!

Motox.pt – Quantos campeões é que já passaram pelas vossas fórmulas de iniciação?

Julián Miralles – Campeões do Mundo já são vários, Tito Rabat, Nico Terol, Jorge Martín, depois Juan Mir, Julián Simón…

Gonçalo Silva debateu-se toda a prova com problemas no motor, mas foi até ao fim na segunda manga!

Motox.pt – E o futuro está assegurado!

Julián Miralles – Sim, todos os anos chega ao Campeonato do Mundo um ou dois pilotos que começaram connosco.

Motox.pt – Como vês a prestação dos pilotos Portugueses nesta Cuna de Campeones?

Julián Miralles – Muito bem, já temos quatro pilotos, em Promo 3 temos o Martim Marco, que no último ano esteve muito bem a lutar até ao fim para vencer a Moto 5, e estão aqui hoje o Vasco Fonseca, o Pedro Matos e o Gonçalo Silva. O importante nos troféus é que haja igualdade mecânica e os pilotos aprendam uns com os outros.

Garanto-vos que de todas as provas a que assisti no fim-de-semana do CEV na pista do Estoril, foi esta que mais me impressionou!

Motox.pt – Qual o orçamento mínimo para o fazer?

Julián Miralles – A Moto 5 não é uma categoria muito cara, mas com viagens, comprar a moto e com tudo a que a envolve fica entre 15.000 € e 17.000 €, o que já é dinheiro. É uma moto com as dimensões de uma Moto3 e um motor suficiente para que crianças com 9 anos possam rodar em kartódromos e em pistas, aprendendo o necessário.

A vitória foi para Oliver Llorca, seguido por Abraham Perez e Xarly Oleo. Fixem os nomes!

Esta Moto 5 assenta num chassis MIR Racing, tem as medidas ciclísticas de uma Moto 3 e um motor a quatro tempos de 250 cc, debitando apenas 23 cv. Apesar disso, a velocidade máxima no Estoril rondava os 164 km/h, sendo importante que o piloto procurasse apanhar o cone de ar. Os nove primeiros classificados na segunda manga rodaram em 2:06 e os dois primeiros desceram até ao 2:05. Todos os que já rodaram na pista do Estoril ou que frequentam Track Days seguramente conseguem melhor perceber o seu significado. Eu fiquei espantado!

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