Cromado pra chuchu ( em inglês …”over restauring” )!
Autor: Mário Campos
Outubro 23, 2021
Texto: Mário Campos Também nas motos, o(s) cromado(s) teve(iveram) uma vida difícil ! Nos anos ’50 e ’60, tiveram o seu apogeu, com as motos britânicas, americanas, francesas, alemãs, italianas, maioritariamente a duas cores: preto e… cromado(s). Nas décadas de 70 e 80, as cores invadiram o nosso mundo das motos, e o “desgraçado” do…

- Texto: Mário Campos
Também nas motos, o(s) cromado(s) teve(iveram) uma vida difícil !
Nos anos ’50 e ’60, tiveram o seu apogeu, com as motos britânicas, americanas, francesas, alemãs, italianas, maioritariamente a duas cores: preto e… cromado(s).
Nas décadas de 70 e 80, as cores invadiram o nosso mundo das motos, e o “desgraçado” do preto (cor,… carago ! ) foi à vida!
Qual a cor mais famosa dessa altura ?
Pois, indiscutivelmente, a cor Candy Gold, que apareceu na Honda CB 750 Four ( é a foto escolida para ilustrar o artigo! ).
O(s) cromado(s) não desapareceram, como desapareceu o preto ( …a cor, carago !), mas atenuaram a sua presença significativamente.
Deixamos a “cena mundial”, num salto de flic-flac à retaguarda, e passamos para uma cena regional, por exemplo, o Porto ( …a cidade, carago !), nessas décadas de 70 e 80 e 90 !
Na cena motociclística do Porto, que em 90% dos casos era composta por “cinquentinhas e 125´s” (!), os cromados eram um horror.!
Quem os tivesse na moto ou na motorizada, era um “azeiteiro ” !
O que era um “azeiteiro” ?
Pois, entre outras coisas repelentes, era um gajo sem gosto nem apresentação nenhuma, que usava o crucifixo dourado, no meio da “mata” de pêlos do peito (o que já era horrível ) mas que ficava pior com a camisa aberta até ao umbigo.
Usava também um cintinho branco, com a ponta de 15 ou 20 cm, descaída, na penúltima presilha das calças. Não quero descrever mais pormenores, porque acho que já chega, e eu tive alguns amigos que não vão gostar de ler esta definição.
Creio que na zona de Lisboa, se chamavam parolos, e no Algarve num faço a mínima ideia, talvez por andarem todos misturados ( os azeiteiros e os parolos portugueses com os outros azeiteiros e parolos, de todas as nacionalidades ).
Este “ódio” ao cromado deu muitos lucros à famosa Rilnor, em Leça da Palmeira, onde todos nós levávamos as peças cromadas, para…”emborrachar” ( termo evidentemente nortenho dado que vem de borracheira…), quase sempre de preto.
Claro que o termo técnico, era….RILSANIZAÇÂO, mas na gíria dizíamos “emborrachar”, dado que o metal ficava coberto por uma espécie de capa de borracha.
Fui muitas vezes à Rilnor, para emborrachar peças das minha motos, e talvez a que tive mais “emborrachada” tenha a sido a Suzuki TS 125 ER de 1980 ( Ok,… ok…, querem ir ao Google ver que moto é ! ).
Eu espero.
Já foram ? A minha era vermelha.
Guiador, manetes, grelhas metálicas do escape, hastes dos espelhos, pega do passageiro, etc, deixaram de ser cromadas e passaram a ser em preto !
E assim se mantiveram, por largos anos !
Regressemos à “cena mundial ” motociclística, actualmente, e o regresso do cromado!
Em força, em quase todos os segmentos, profusamente espalhado, o cromado !
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mudam-se os conceitos” já o dizia o Tino de Rans, aquando da sua primeira candidatura na política, há cerca de 40 anos.
Pois é !
Hoje em dia, já (quase ) não há azeiteiros no Porto, no que concerne às pinturas das motos!
Desapareceu também o crucifixo no matagal ( do peito ), e até o cintinho branco foi ultrapassado pelos suspensórios.
As motos, retro-clássicas, café-racers, scramblers, clássicas, com os seu magníficos cromados reluzentes, converteram as velhas imagens estereotipadas ( cum catano, como é que se escreve isto ?) do passado, num insuspeito e (quase) impossível de criticar no presente !
A Rilnor ( ainda existe ! ) mas já não tem motociclistas a entregar à porta as peças para “emborrachar “.
Eu me confesso!
Se hoje, a minha TS 125 ER vermelha me voltasse às mãos eu retirava os “emborrachamentos”, e voltava a colocar as ditas peças de…”orige “!
Pronto , está dito.
Uffff!
Tereis reparado, nas duas vezes que usei a palavra, entre parentesis….. …”quase” ?
“Hoje em dia, já ( quase ) não há azeiteiros no Porto….” ?
” Num insuspeito e… (quase ) impossível de criticar” ?
Atão num é que, há dias, de visita a um garageiro (chama-se mecânico em Lisboa, e técnico oficinal no Algarve ), aqui do Porto, “bou” dar ,com uma Zundapp XF 17 ( pela última vez, ide… ide lá, ao Google ver o que é! ), cujo dono, num anseio desmedido de…” botar a moto o mais cromada possível” ( explicação dada pelo garageiro… ), para ficar (outra ) vez na moda, mandou… mandou… mandou… mandou… cromar… cromar… cromar… a CORRENTE/CREMALHEIRA/PINHÂO ?!?!?!?!?
À seu….seu…seu… AZEITEIRO !
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