A CFMOTO 700MT é a terceira geração da Sport Tourer de média cilindrada nascida com a 650MT, ampliando a reputação deste modelo num dos mais importantes segmentos de mercado. Uma evolução da comprovada base mecânica envolta num design de óbvia inspiração na maior 800MT. Imagem mais próxima dos gostos europeus numa moto que está mais Adventure que nunca!
- Texto: Alberto Pires
- Fotos: CFMOTO
O segmento Sport Tourer foi uma das primeiras apostas da CFMOTO para elevar o estatuto da marca a um patamar superior, ao lançar em 2017 a 650MT. De facto surpreendeu! Desde o design assinado por Gerald Kiska até à utilização de um motor com provas dadas – a CFMOTO já o produzia para a Kawasaki Versys – ao que se juntavam periféricos provenientes da Kayaba, Continental, Bosch e Metzeler, foi criando as condições para que a percepção do consumidores a integrassem no grupo dos grandes fabricantes.
Em 2023 a marca reviu consideravelmente o modelo e a designação evoluiu para a CFMOTO 700MT, de acordo com o aumento de cilindrada. As performances melhoradas e o design refinado incrementaram a sua abrangência, mantendo-se no catálogo da marca e próxima do segmento Sport Tourer.
Agora, para 2025, com esta nova CFMOTO 700MT, pelas modificações efetuadas e pelas características que encerra, a marca conseguiu realmente criar um novo modelo, aumentando a sua oferta no segmento Adventure.
O motor tem como base o estreado na anterior versão, embora o bicilíndrico de 693 cc tenha sido convertido para responder às normas Euro5+. Assim, foram alterados os valores de potência e binário, debitando agora 67 cavalos às 9.500 rotações por minuto e 60 Nm às 6.000 rpm. Ficou menos enérgico em alta rotação mas o binário máximo, apesar de menor, é atingido 500 rpm abaixo, o que vai de encontro à nova personalidade.
Personalidade mais aventureira
É na ciclística, contudo, que se encontra a razão de ser desta nova atitude. O quadro é igual mas as suspensões são diferentes da anterior CFMOTO 700MT. Na frente, a forquilha tem 43 mm de diâmetro mas o curso aumentou de 140 mm para 150 mm. Na traseira, o mono amortecedor tem agora, para além do ajuste da pré-carga da mola, a possibilidade de ajuste da compressão, oferecendo também mais curso, passando de 140 mm para 148 mm.
A altura ao solo aumentou de 170 mm para 190 mm. Monta agora jantes de raios, passando a roda dianteira de 17 para 19 polegadas, com pneus CST tubeless. A altura do assento ao solo baixou dos 820 mm para 800 mm e o guiador é mais largo 1 cm.
Se todas as alterações ciclísticas orientam esta CFMOTO 700MT para o segmento Adventure, dinamicamente falando, é porém a configuração estética criada pelo estúdio italiano Modena 40 que a valida espiritualmente. Nada ficou igual. A assinatura luminosa pertence à nova geração, e ecrã está mais avançado, elevado e envolvente, o depósito é estreito na parte inferior para permitir encaixar e proteger as pernas e é alto e alongado na zona dianteira para receber 20 litros de gasolina.
O banco, mais baixo e com uma textura granulada, juntamente com o guiador mais largo e mais próximo do condutor, alterou a posição de condução. Por último, a proteção inferior do motor e o silencioso de escape elevado, fundamentais para uma convívio mais previdente e adequado com a natureza.
O contacto visual é, de alguma forma, intimidante. As formas da CFMOTO 700MT são volumosas, com a frente imponente e o depósito a aumentarem essa impressão. O conjunto de malas em alumínio – custam 1.310 € – um extra de excelente qualidade de construção, tanto no interior como exterior, acentuada por ferragens sólidas, adiciona dimensão ao conjunto. Passada a perna para o lado direito, ficamos mais sossegados, já que a conjugação da acessível altura do banco com o afundar das suspensões permite colocar uma parte substancial dos dois pés no chão.
A posição é natural, os comandos suaves e as proteções das mãos têm um formato que não estorva. O painel TFT de 5 polegadas está naturalmente bastante afastado, mas a sua definição e dimensão dos elementos mais importantes, juntamente com o contraste, oferecem uma leitura adequada.
Os primeiros quilómetros, curiosamente em pisos bastante distintos, não assinalaram nenhum particular cuidado. A caixa de velocidades permite uma troca de relações de forma suave e com um curso reduzido do selector, e a aceleração acompanha este registo. Estabelecidas as regras de convivência, fomos verificar cada uma das parcelas em questão.
Se em ritmo suave responde suavemente, sem protestos a partir das 2.500 rpm, quando queremos aumentar o ritmo temos que passar das 4.000 rpm para começar a apertar mais as mãos. A posição de condução da CFMOTO 700MT, bastante direita, faz com que o corpo fique para trás com facilidade, de modo que temos de inclinar o tronco para a frente para contrabalançar as acelerações feitas com decisão. Em pouco tempo torna-se automático e ajuda à diversão.
O efeito inverso acontece em travagem. Temos de dar rigidez aos braços quando solicitamos o que de melhor têm para dar os discos de 300 mm mordidos pelas pinças radiais de quatro pistões. Em alguns momentos senti a entrada em ação do ABS, mas assim como aparecia também se ia embora, sem perturbar o equilíbrio.
A roda dianteira de 19” com pneus CST com um piso muito próximo de uma pneu de estrada, aguenta o que se pede sem protestos nem reticências na entrada em curva, mas nota-se que o comportamento ciclístico depende sobretudo da frente. Funciona quase como um centro de decisão, estando o restante dependente e submisso à sua vontade. O ligeiro aumento da largura do guiador ajuda a desmultiplicar a força necessária, que só é exagerada quando temos que a manobrar nos sítios mais esconsos. Percebemos nessa altura que, com as malas, estamos seguramente acima dos 240 kg do peso anunciado a cheio.
E pode sair do asfalto rumo a caminhos de terra?
Fizemos algumas passagens por zonas em terra, em melhor ou pior estado. Com jeito passa-se em todas, e as suspensões compensam as limitações dos pneus. Numa zona a subir, de cascalho fino, foi interessante levar ao extremo a tração da roda traseira e ver como é que o controlo de tração, que pode ser desligado, digeria a potência. A CFMOTO 700MT passou no teste com distinção! Sentia-se quando entrava em funcionamento e de que forma é que nos momentos de pausa procurava a aderência até ao momento seguinte. O que dificultava nas manobras a 0,2 km/h ajudava agora a progredir!
Muito bom também o comportamento das suspensões, e sobretudo da dianteira, em asfalto com pior piso. Notava que trabalhavam sem descanso, sobretudo em curva, mas nunca deixaram em maus lençóis os CST.
Em estrada aberta, em sexta velocidade, estamos a 100 km/h no painel, às 4.500 rpm. Já nos situamos na zona da curva de binário cheia, e subimos de rotação com facilidade. Para a minha altura, 1,70m, a posição mais baixa do ecrã é a melhor, desviando o ar de forma eficaz. A regulação da altura, em sete patamares, pode ser feita em andamento rodando apenas um dos dois manípulos situados pouco atrás do painel.
Na posição mais elevada não senti que afastasse melhor o vento e, pelo facto de não ser absolutamente transparente e deformar um pouco a visão, acaba por se tornar visualmente desconfortável. Com o aumento da velocidade, já para valores inconfessáveis, nota-se que o conjunto começa a perder alguma estabilidade. As malas, a largura da dianteira e a posição de condução confortável obrigam-na a vencer como pode a resistência do ar, convencendo-nos a regressar a velocidades mais apropriadas ao seu espírito.
Afinal, o que vale a CFMOTO 700MT?
O destaque na lista de acessórios vai para o conjunto de malas de alumínio, em duas cores. Os encaixes já vêm de série e podem ser retirados se não as montarem, ou escolherem outras que não as originais. Estão também disponíveis proteções inferiores tubulares para o motor, igualmente com duas cores. Destaque ainda para o banco aquecido, com duas alturas ao solo, 820mm e 850 mm, de um ecrã escurecido e de espelhos com grande campo de visão com ajuste de ângulo variável.
A CFMOTO 700MT está disponível em duas combinações cromáticas, Nebula White, com apontamentos em azul metalizado e aros dourados, e Nebula Black. O seu P.V.P. de 6.590 € é também um excelente argumento em face do que apresenta. Os concessionários oficiais vão ter este modelo disponível para teste drive, uma excelente oportunidade para a ficar a conhecer melhor.
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