Álvaro Bautista e Carl Fogarty: uma história em comum com ligação à Ducati

Campeões mundiais de Superbike, Álvaro Bautista e Carl Fogarty têm alguns pontos em comum na sua carreira. Se o britânico já está retirado com dois duplos campeonatos consecutivos alcançados com a Ducati, já o espanhol conquistou o título o ano passado com a casa transalpina.

Conseguirá ‘BauBau’ repetir a façanha do seu antigo companheiro de marca e garantir a ‘dobradinha’ no fina deste ano?

  • Texto: Alex Ricci
  • Fotos: Ducati Corse, WorldSBK, Lisa Daniel Photography

O Mundial de Superbike está de volta e a temporada de 2023 retomou precisamente no mesmo local onde se disputou a última prova do ano passado, em Phillip Island. Quando chegou ao circuito australiano, em Novembro de 2022, Álvaro Bautista já era Campeão do Mundo, que marca o primeiro triunfo histórico mundial de uma Ducati Panigale V4 (e de um motor Ducati de quatro cilindros derivado de um modelo de série).

As aspirações ao título na estreia em SBK, em 2019, começaram a esfumar-se com a primeira queda em corrida, na segunda manga de Jerez de la Frontera.

O espanhol perseguia este louro desde 2019, a sua época de estreia na categoria, dominou toda a primeira fase do campeonato com umas impressionantes onze vitórias consecutivas num total de 16 corridas, mas acabou por perder o objetivo principal para o “canibal” Jonathan Rea. A meio da temporada, Álvaro acabou por não renovar com a Ducati, pois estava de olhos postos na generosa oferta e no projeto vencedor, pelo menos no papel, que lhe havia sido feita pela Honda.

A tentação Honda

Os de Borgo Panigale não perderam tempo e não conseguindo satisfazer as exigências do seu piloto, como ao invés da marca japonesa, deixaram-no ir para a HRC, sem o título mundial e com muito pesar de ambos os lados. Para Honda e Bautista deveria ser o caminho da redenção, mas depois dos testes de Inverno já se tornava claro que a estrada e tornaria numa penosa subida. Para complicar as coisas, eclodiu a pandemia de Covid-19, a qual, com todas as restrições e incertezas, castrou fortemente a época de 2020 que viu a Kawasaki, liderada por Rea, ganhar novamente.

Álvaro Bautista, o campeão mundial de Superbike em título.

Na linha do ano anterior, 2021 foi planeado com o maior cuidado, a fim de reduzir quaisquer possíveis complicações sempre ligadas à emergência sanitária, o que já tinha forçado os organizadores a estabelecer regras de comportamento que permitissem que as corrida se realizassem plenamente dentro dos limites máximos permitidos. Nada aconteceu no segundo ano do matrimónio entre HRC e Bautista e foi sem surpresa que, no final de 2021, se despediram um do outro em virtude do regresso à Ducati do piloto de Talavera de la Reina, provavelmente menos exigente e mais interessado em andar numa moto competitiva do que havia sido seu desejo num passado recente.

O filho pródigo, a casa torna

A motivação e os ares familiares de casa foram, provavelmente, decisivos – juntamente com uma moto agora comprovada e com um bom desempenho nas suas actualizações – em não permitir que o centauro ibérico caísse na armadilha psicológica de 2019. Com menos sucessos e muita consistência na subida ao pódio, não sentiu a pressão que se exerce sobre aqueles que têm algo a perder, galvanizado pela nova confiança em si próprio e na Panigale V4R.

Carl Fogarty em Brands Hatch, 1999, ano em que viría a alcançar o seu quarto título mundial e segundo consecutivo.

‘King Carl’

A Superbike de hoje é composta por tecnologia e motos cada vez mais sofisticadas, mas sabe-se que a história tende a repetir-se e uma história semelhante ao regresso bem sucedido de Bautista à Ducati aconteceu em meados dos anos noventa com outro filho pródigo de Borgo Panigale: Carl Fogarty. Originário de Blackburn, no oeste de Inglaterra, ‘Rei Carl’ foi durante anos o piloto mais bem sucedido e altamente considerado na história da série dedicada aos modelos derivados da produção. Crescendo desportivamente com corridas de estrada, em 1990 ganhou o ‘Tourist Trophy’ da Ilha de Man, na categoria TT de Fórmula 1. Chegou ao Mundial de Superbike em 1991 e após um ano com a Honda, mudou para a Ducati onde, em três temporadas, se tornou Campeão Mundial em 1994, repetindo o resultado no ano seguinte. Mas em 1995, apesar de ter realizado uma excelente temporada, como Fogarty admitiu publicamente, o inglês olhou para a equipa da Honda.

Carl Fogarty, à direita, no pódio de Brno, em 1996, numa das passagens pela Honda, ao lado de Aaron Slight. Vencedor das duas mangas, em Ducati, Troy Corser.

A tentação Honda (bis)

Atraído pela formação do HRC, mudou para a Honda em 1996 convencido de que poderia fazer a diferença e vencer a sua antiga equipa. Ganhou apenas quatro corridas e terminou em quarto lugar no campeonato, atrás do companheiro de equipa Aaron Slight. Tendo aprendido a lição, voltou atrás e em 1997 voltou a montar a moto vermelha, com a qual já tinha conquistado dois títulos, só que uma outra transferência da Ducati para a Honda, a de John Kocinski, foi bem sucedida e ‘Foggy’ teve de se contentar em terminar em segundo lugar, derrotado novamente pela moto que tinha pilotado no ano anterior. Para o regresso ao quadro dos vencedores foi necessário esperar até 1998, onde alcançou o terceiro título, também repetido em 1999. Duas ‘dobradinhas’ num total de quatro campeonatos ganhos em seis épocas, o que fez dele o piloto mais bem sucedido da categoria durante muito tempo e o segundo na ordem dos títulos conquistados.

Regressar à Ducati para voltar a vencer

Dois destinos, duas histórias semelhantes às do recente triunfo de Fogarty e Bautista. Vencedores apenas na Ducati após experiências noutros locais em busca de algo que não estava lá e sempre com Honda para entrelaçar no seu caminho. Para Álvaro Bautista ainda há tempo e Ducati, após um jejum que durou desde 2011, pode estar já a apontar a mais uma ‘dobradinha’ histórica.

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