Bautista e Fogarty. Uma história em comum com ligação à Ducati

Autor:  Alex Ricci

Março 17, 2023

Campeões mundiais de Superbike, Álvaro Bautista e Carl Fogarty têm alguns pontos em comum na sua carreira. Se o britânico já está retirado com dois duplos campeonatos consecutivos alcançados com a Ducati, já o espanhol conquistou o título o ano passado com a casa transalpina. Conseguirá ‘BauBau’ repetir a façanha do seu antigo companheiro de…

Campeões mundiais de Superbike, Álvaro Bautista e Carl Fogarty têm alguns pontos em comum na sua carreira. Se o britânico já está retirado com dois duplos campeonatos consecutivos alcançados com a Ducati, já o espanhol conquistou o título o ano passado com a casa transalpina. Conseguirá ‘BauBau’ repetir a façanha do seu antigo companheiro de marca e garantir a ‘dobradinha’ no fina deste ano?

Foggy BauBau1 - MotoX
Bautista e Fogarty. Uma história em comum com ligação à Ducati 7
  • Texto: Alex Ricci
  • Fotos: Ducati Corse, WorldSBK, Lisa Daniel Photography

O Mundial de Superbike está de volta e a temporada de 2023 retomou precisamente no mesmo local onde se disputou a última prova do ano passado, em Phillip Island. Quando chegou ao circuito australiano, em Novembro de 2022, Álvaro Bautista já era Campeão do Mundo, que marca o primeiro triunfo histórico mundial de uma Ducati Panigale V4 (e de um motor Ducati de quatro cilindros derivado de um modelo de série).

Foggy BauBau2 - MotoX
As aspirações ao título na estreia em SBK, em 2019, começaram a esfumar-se com a primeira queda em corrida, na segunda manga de Jerez de la Frontera.

O espanhol perseguia este louro desde 2019, a sua época de estreia na categoria, dominou toda a primeira fase do campeonato com umas impressionantes onze vitórias consecutivas num total de 16 corridas, mas acabou por perder o objetivo principal para o “canibal” Jonathan Rea. A meio da temporada, Álvaro acabou por não renovar com a Ducati, pois estava de olhos postos na generosa oferta e no projeto vencedor, pelo menos no papel, que lhe havia sido feita pela Honda.

A tentação Honda

Os de Borgo Panigale não perderam tempo e não conseguindo satisfazer as exigências do seu piloto, como ao invés da marca japonesa, deixaram-no ir para a HRC, sem o título mundial e com muito pesar de ambos os lados. Para Honda e Bautista deveria ser o caminho da redenção, mas depois dos testes de Inverno já se tornava claro que a estrada e tornaria numa penosa subida. Para complicar as coisas, eclodiu a pandemia de Covid-19, a qual, com todas as restrições e incertezas, castrou fortemente a época de 2020 que viu a Kawasaki, liderada por Rea, ganhar novamente.

Foggy BauBau3 - MotoX
Álvaro Bautista, o campeão mundial de Superbike em título.

Na linha do ano anterior, 2021 foi planeado com o maior cuidado, a fim de reduzir quaisquer possíveis complicações sempre ligadas à emergência sanitária, o que já tinha forçado os organizadores a estabelecer regras de comportamento que permitissem que as corrida se realizassem plenamente dentro dos limites máximos permitidos. Nada aconteceu no segundo ano do matrimónio entre HRC e Bautista e foi sem surpresa que, no final de 2021, se despediram um do outro em virtude do regresso à Ducati do piloto de Talavera de la Reina, provavelmente menos exigente e mais interessado em andar numa moto competitiva do que havia sido seu desejo num passado recente.

O filho pródigo, a casa torna

A motivação e os ares familiares de casa foram, provavelmente, decisivos – juntamente com uma moto agora comprovada e com um bom desempenho nas suas actualizações – em não permitir que o centauro ibérico caísse na armadilha psicológica de 2019. Com menos sucessos e muita consistência na subida ao pódio, não sentiu a pressão que se exerce sobre aqueles que têm algo a perder, galvanizado pela nova confiança em si próprio e na Panigale V4R.

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Carl Fogarty em Brands Hatch, 1999, ano em que viría a alcançar o seu quarto título mundial e segundo consecutivo.

‘King Carl’

A Superbike de hoje é composta por tecnologia e motos cada vez mais sofisticadas, mas sabe-se que a história tende a repetir-se e uma história semelhante ao regresso bem sucedido de Bautista à Ducati aconteceu em meados dos anos noventa com outro filho pródigo de Borgo Panigale: Carl Fogarty. Originário de Blackburn, no oeste de Inglaterra, ‘Rei Carl’ foi durante anos o piloto mais bem sucedido e altamente considerado na história da série dedicada aos modelos derivados da produção. Crescendo desportivamente com corridas de estrada, em 1990 ganhou o ‘Tourist Trophy’ da Ilha de Man, na categoria TT de Fórmula 1. Chegou ao Mundial de Superbike em 1991 e após um ano com a Honda, mudou para a Ducati onde, em três temporadas, se tornou Campeão Mundial em 1994, repetindo o resultado no ano seguinte. Mas em 1995, apesar de ter realizado uma excelente temporada, como Fogarty admitiu publicamente, o inglês olhou para a equipa da Honda.

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Carl Fogarty, à direita, no pódio de Brno, em 1996, numa das passagens pela Honda, ao lado de Aaron Slight. Vencedor das duas mangas, em Ducati, Troy Corser.

A tentação Honda (bis)

Atraído pela formação do HRC, mudou para a Honda em 1996 convencido de que poderia fazer a diferença e vencer a sua antiga equipa. Ganhou apenas quatro corridas e terminou em quarto lugar no campeonato, atrás do companheiro de equipa Aaron Slight. Tendo aprendido a lição, voltou atrás e em 1997 voltou a montar a moto vermelha, com a qual já tinha conquistado dois títulos, só que uma outra transferência da Ducati para a Honda, a de John Kocinski, foi bem sucedida e ‘Foggy’ teve de se contentar em terminar em segundo lugar, derrotado novamente pela moto que tinha pilotado no ano anterior. Para o regresso ao quadro dos vencedores foi necessário esperar até 1998, onde alcançou o terceiro título, também repetido em 1999. Duas dobradinhas num total de quatro campeonatos ganhos em seis épocas, o que fez dele o piloto mais bem sucedido da categoria durante muito tempo e o segundo na ordem dos títulos conquistados.

Regressar à Ducati para voltar a vencer

Dois destinos, duas histórias semelhantes às do recente triunfo de Fogarty e Bautista. Vencedores apenas na Ducati após experiências noutros locais em busca de algo que não estava lá e sempre com Honda para entrelaçar no seu caminho. Para Álvaro Bautista ainda há tempo e Ducati, após um jejum que durou desde 2011, pode estar já a apontar a mais uma ‘dobradinha’ histórica.

Foggy BauBau6 - MotoX
Álvaro Bautista e a Ducati Panigale V4R, uma história de amor com possível dobradinha à vista?

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