Álvaro Bautista venceu a corrida de sábado, com uma ligeira vantagem sobre Toprak Razgatlioglu. Ao fazê-lo, o espanhol garantiu para a Ducati o título de construtores, a uma ronda do final, confirmando assim a supremacia das motos fabricadas em Bolonha. E se todos falam das vantagens de Álvaro Bautista, por ser leve e mais baixo, o espanhol ripostou com o leque de desvantagens de que os seus adversários nunca falam…

- Texto: Fernando Pedrinho
- Fotos: Victor Barros e WorldSBK
O vento que soprou do quadrante sudeste acabou por ser um interveniente na corrida de sábado do Mundial de Superbike. “Para amanhã vou ter de meter umas pedras nos bolsos (risos)”, referindo-se a este inesperado protagonista. “Incrível. Lutei muito contra o vento. Era forte e irregular, soprando em direções distintas. Mudava tudo de volta para volta, o que fazia que a pista fosse ‘diferente’ de volta para volta. Não me senti nada confortável na moto e não conseguia imprimir ritmo como na sexta ou no sábado de manhã. Apenas tentei não cometer erros e não tentar fazer mais do que estava ao meu alcance”.

Álvaro não foi ‘embora’ como alguns esperavam, cortesia de Toprak Razgatlioglu. “Ele fez uma grande corrida e no final o seu ritmo era idêntico ao meu”, concordou o piloto espanhol. “Mas o meu maior problema não foi a pressão imposta pelo Toprak, mas antes o vento”.

Sem alterações de significado nas afinações da sua Panigale V4R, Álvaro acabou por revelar algo interessante na estratégia da equipa. “Normalmente, para a Superpole ajustamos a posição de pilotagem, em todas as pistas, para o ‘time attack’. Mas hoje fizémos o oposto, após entermos as condições da pista e depois de revermos os dados da telemetria. E funcionou!”.

Bautista e a Panigale V4R: muitas vantagens… e as desvantagens?
Os opositores de Álvaro Bautista continuam a trazer a lume as vantagens de que beneficia o espanhol, nomeadamente o seu baixo peso e estatura, que associados às prestações da sua Ducati, não raro se transformam num ‘cocktail’ imabtível. “Eu acho que eles não entendem as minhas desvantagens”, referiu o natural de Talavera de la Reina. Eles não sentem os movimentos da moto que eu tenho de controlar, as dificuldades que sinto em aquecer os pneus, ou de fazer a moto mudar de direção.
São problemas bem reais e que gostava eles um diz pudessem sentir para melhor perceber que numa volta tenho mais desvantagens do que vantagens. Eu tenho vantagem na reta, mas aqui há só uma contra quinze curvas. E o que dizer do vento? Eu não consigo exercer força sobre a moto [como um piloto mais alto e pesado]. Perco a frente em muitas curvas porque a moto ‘dança’ imenso, pelo que tenho de utilizar todo o corpo para obrigar a moto a mudar de direção, problema que eles não sentem como eu. Eles pensam que eu piloto como eles no resto do traçado e chego à reta, abro gás e vou-me embora. Só que a realidade é outra”.

As Panigale são fiáveis?
As Ducati oficiais somaram dois problemas técnicos em três rondas, já que Álvaro Bautista viu o seu motor calar-se em Magny Cours e Michael Ruben Rinaldi foi forçado ao abandono quando estava já a rola com o grupo da frente. Mas isso não parece preocupar o campeão mundial. “Tivémos muito tempo sem registar qualquer problema nas nossas motos. É normal acontecerem em competição. Não sei o que aconteceu hoje com a moto do Michael, mas no meu caso, em Magny Cours, foi uma coisa completamente estúpida. A prova de que as moto são fiáveis surge materializada no campeonato de construtores que a Ducati alcançou hoje”.
