Alexandre Laranjeira. Uma paixão pelas pistas que não se esgota!

  • Texto e fotos: Alberto Pires

Há regressos que ultrapassam a simples saudade. No caso do Alexandre Laranjeira, pretende reconciliar-se com o passado, criando simultaneamente as condições para usufruir, ainda e sempre, do convívio com os amigos. E redescobrir o prazer de andar de moto depressa, bem depressa, em pista. Foi bom reencontrá-lo no AIA, na terceira prova do CNV, e sentir o seu entusiasmo!

MotoX.pt: Este é um regresso que se saúda, por todas as razões!

Alexandre Laranjeira: “Sem dúvida! Caí em 2019 com a minha moto no Estoril, parti 6 costelas, omoplata e clavícula, e não queria acabar dessa maneira. Caí porque a moto tinha um problema e estava a ir para as boxes, de maneira que tinha de resolver este trauma mental, a despedida das pistas não podia ser assim! Juntamente com uns amigos, tivemos uma ideia simpática para me ajudar a este regresso. As caras que estão a decorar a moto são as dos amigos que contribuíram para que isto fosse possível.

MotoX.pt: Mas estávamos todos à espera da Bimota…

A.L.: “O projecto com a Bimota mantém-se! É o meu amigo Laurent Papasergio, que foi quem me preparou a Suzuki com que corri anteriormente, que está a recuperar e a preparar a moto. Ele é que me disse que correr na Suzuki não era a melhor opção porque era uma moto antiga e eu iria para a pista rodeado de motos mais recentes. Eu gostei da posição de condução da Bimota, e aceitei o desafio. De início havia pouco material mas entretanto foi tudo resolvido. Infelizmente ele está com dificuldades por causa do Covid-19, quase não sai de casa, e teve receio de vir até Portimão!”

MotoX.pt: E em que ponto está a sua preparação?

A.L.: “Está praticamente toda pronta. Até já tem o molde feito para o produzir o vidro, que faltava. Em princípio, na próxima prova no Estoril, estarei com a Bimota. Nesta pista seria mais complicado, é um traçado muito difícil e tem que se aprender a andar aqui! A idade não ajuda e a visão também já não é a melhor, mas no Estoril não há problemas porque já conheço a pista de cor e salteado”.

Motox.pt: Sim, até com nevoeiro cerrado corrias lá

A.L.: “É mesmo assim! Às vezes até perguntam como é que nas provas de 24 horas andamos tão depressa durante a noite, e respondo que era uma questão de hábito, repetimos os gestos. Aqui estou a ‘comprar terreno’, metro a metro, a cada volta que faço. O traçado (de Portimão) é fantástico mas para se andar rápido temos que conhecer bem a pista!”

MotoX.pt: É demasiado bonito para se andar depressa sem se conhecer…

A.L.: “Sim, são muitas curvas cegas, as certezas aparecem gradualmente, volta após volta. Também não tenho nenhum objetivo pessoal que não seja divertir-me!”

MotoX.pt: O Gilbert acompanha-te para todo o lado, são como irmãos!

A.L.: “Já o conheço desde 1981. Corremos juntos no Troféu Yamaha RD 350 LC, ele era o nº 122 e eu o nº 124. Começámos a falar na grelha e somos amigos há 40 anos! Mais tarde abandonou as corridas e passou a conduzir o meu camião quando fomos para o Europeu com a equipa J. Pimenta. Curiosamente, quase não nos vemos durante todo o ano, ele vive no Normandia e eu no Sul de França. Desde o dia 13 de Agosto do ano passado que não nos encontrávamos fisicamente!”

MotoX.pt: Esta tua presença está a ser bem tratada, desde o tamanho da equipa até ao cuidado colocado na imagem.

A.L.: “Estamos a trabalhar já para o próximo ano. A equipa DSS Racing Team estava à minha espera. O André Capitão é de Esposende os restantes de Barcelos. Dividimos os custos e será assim que vamos continuar. Esta Honda fui buscá-la a casa de um amigo, há quatro dias, não tinha CDI e já não trabalhava há dois anos! Acertámos tudo o que foi possível, o mínimo para poder entrar em pista! Foi uma aventura porque eu estava sem moto. Estar aqui foi quase um milagre!

MotoX.pt: O pódio no sábado, 24 anos depois do anterior, soube bem seguramente?

A.L.: “Quando me chamaram fiquei confuso, confesso. Durante a prova só queria andar, nem sabia em que lugar é que estava nem onde tinha terminado. Quando me disseram que tinha feito um pódio quase chorei! Na corrida de domingo já foi diferente, já sabia com quem tinha que disputar a posição, e o duelo com o Fernando Mercier foi muito animado! O 3º lugar encheu-me de satisfação, uma vez mais!”

Encontramo-nos então na próxima prova no Estoril, que vai decorrer entre os dias 11 e 12 de Setembro, para ficar a conhecer a Bimota !

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