A minha Yamaha Ténéré 700

Texto e fotos: Jorge Casais

Nestes últimos temos “encostei” a Super Ténéré, logo a seguir à revisão dos 150,000 km, para percorrer o norte de Portugal com a Ténéré 7.

Na minha opinião, ou pelo menos para o uso que lhes dou, acho que ambas as motos possuem a mesma filosofia pois levam-me por bons e maus caminhos. Obviamente que a ST é mais confortável para grandes tiradas, mas também as fiz na T 7 e fiquei bastante surpreendido de ter chegado ao final das mesmas sem evidentes sinais de cansaço e ou sem vontade de pegar na mota por uns dias. PELO CONTRÁRIO!

Pontos fortes na minha opinião da T7 (depois de percorrer 6,000 km em cerca de um mês): É brava quando é necessário, mas também é dócil quando queremos. Possui um torque, acelerações e retomas de aceleração admiráveis… mesmo tendo um motor de 700cc não se deixa envergonhar ao comparar-se com as outras motos suas concorrentes, inclusive de maior cilindrada!

Comporta-se muito bem em alcatrão e em terra é fantástica. Saliento que o meu Kit de unhas é limitado, pelo que quando menciono terra quero dizer com isto estradões e, no limite, percursos tipo ACT.

Em estradas sinuosas, tipo montanha, onde nos defrontamos com todo o tipo de curvas, temos uma moto que se segura muito bem, mesmo muito bem. Os Pirelli Scorpion STR Rally também são uma boa ajuda, diga-se em abono da verdade. Quanto a mim, o único senão (e lá estou eu a comparar com a ST, o que não faz muito sentido) é o afundanço da frente quando travamos perto do limite para entrar em curva, e os próprios travões que, embora sendo muito eficazes, requerem uma “mão forte” para dispormos daquela travagem que queremos ou necessitamos.

Tive ocasião de “medir forças” com outras máquinas que à partida estão bem mais vocacionadas para este tipo de estrada e não senti que me fugissem … bem pelo contrário, em alguns casos vi muito boa gente de faca nos dentes para conseguir manter o meu ritmo calmo e descontraído…

No que diz respeito ao off road, e aqui dou ênfase ao facto de ser um aprendiz de feiticeiro a tecer comentários, acho que a T 7 é mesmo muito boa, pois o motor está sempre lá quando precisamos dele. Mesmo em baixas rotações conseguimos controlar sempre a moto (é tal docilidade de que falo mais acima). Por vezes com a quarta velocidade engrenada, a subir com pedra solta e escorregadia, achava que teria que reduzir uma velocidade… mas lá chegava ao final da subida em quarta sem o motor a bater e com potência mais do que suficiente. Incrível como esta moto nos surpreende.

Não tenho intenção de experimentar andar em areia, lá está a tal falta do kit de unhas, pelo que não posso dar a minha opinião, mas fui algumas vezes forçado a andar em lama – que detesto – e é aqui que acho que a tal versatilidade dos pneus deixa a desejar. Também não se pode ter tudo!

É surpreendentemente confortável e, no meu caso, ainda está com o banco de origem!

É relativamente leve, quando comparada com a ST, pelo que me permite arriscar um pouco em terrenos pouco confortáveis, pois quando cai não tenho que levantar quase 300 kg mas sim 200 kg…convenhamos que é uma diferença substancial!

Possui mecânica muito “básica” e muitos poucos “gadgets” tecnológicos o que, pelo menos para mim, é uma vantagem. Isto é, apenas o ABS que é possível ser desligado para andarmos mais à vontade em terra e um écran LCD com as informações básicas e realmente necessárias. Como dizem os Anglo Saxónicos “keep it simple” e eu acrescento, “and you ride everywhere”!

A possibilidade de ser rebaixada, o que no meu caso, que sou de perna curta, faz toda a diferença. Neste momento está cerca de 1 cm mais baixa e para mim deu-me aquela confiança que de outra forma não teria!

É uma moto que rola muito bem em autoestrada, pois tem um motor suave para irmos a rolar legalmente, mas quando necessitamos de ultrapassar conseguimos fazê-lo sem ter de passar caixa. Convenhamos que por vezes até eu ficava surpreendido com a rapidez com que o fazia. Outro ponto forte deste conjunto motor/quadro é que está realmente muito bem concebido pois nunca notei aquelas vibrações incomodativas ao final de alguns km a percorrer uma AE.

Um pequeno único senão tem a ver com o “windshield” que deixa passar alguma aragem… mas também estou habituado à ST. Julgo que das próximas vezes que percorrer auto estradas terei o problema resolvido pois já adquiri um acessório (Yamaha claro) que me permitirá ter uns cm mais de altura no vidro original…vamos lá a ver se a Yamaha tem razão no que apregoa no seu portal.

Do ponto de vista estético é, para mim, a moto mais conseguida neste segmento de motos de aventura, pois possui um conjunto ao mesmo tempo muito fluido e agressivo que deixa levar a nossa imaginação para um Dakar ou uma qualquer outra prova deste tipo.

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